Meteorito do Saara pode ajudar a desvendar o sistema solar
1 de setembro de 2023
Já se suspeitava que Erg Chech 002 fosse a rocha vulcânica espacial mais antiga descoberta na Terra, mas, agora, cientistas desenvolveram método para calcular com precisão inédita a idade de objetos do nosso sistema.
Anúncio
Um grupo de cientistas postula que uma estranha rocha espacial contendo cristais, que caiu no Saara, poderia contribuir para uma nova compreensão sobre a origem do sistema solar primitivo, num estudo publicado pela revista Nature nesta semana.
O sistema solar tem um nono planeta?
02:24
O objeto, denominado Erg Chech 002, foi encontrado em maio de 2020 no Erg Chech (erg significa "mar de areia" em árabe), localizado a sudoeste da Argélia. Embora se saiba tratar-se de um acondrito (um meteorito submetido a processos de fusão em outro planeta ou asteroide), se desconhece sua origem ou seu parentesco com outras rochas.
Os pesquisadores liderados por Evgenii Krestianinov, da Universidade Nacional da Austrália, supunham tratar-se da rocha vulcânica mais antiga de que se tem notícia, formada em algum protoplaneta já extinto. Porém, agora, sua idade foi estabelecida com uma exatidão inédita: 4,56556 bilhões de anos.
Anúncio
A magia matemática dos isótopos
Há cerca de 4,567 bilhões de anos, o sistema solar começou a se formar a partir de poeira e gás. Essa densa nebulosa flutuando no espaço continha enorme quantidade de elementos, entre eles alumínio em duas formas: alumínio-27, de forma estável, e alumínio-26, um isótopo radioativo que, ao se decompor, transforma-se em magnésio-26.
“Eu ficaria chocada se não existisse vida extraterrestre”
12:03
This browser does not support the video element.
"O alumínio-26 é um material muito útil para os cientistas compreenderem como se formou e se desenvolveu o sistema solar. Como decai com o tempo, pode-se utilizá-lo para datar ocorrências, sobretudo nos primeiros quatro ou cinco milhões de anos de vida do sistema", explicou o autor principal, o cosmoquímico Krestianinov, no website acadêmico The Conversation.
No entanto, os cálculos usando o alumínio-26 são relativos, e sua presença na Erg Chech 002 tem uma vida "relativamente breve", de 717 mil anos. Portanto, para medir com maior precisão a idade da rocha, os pesquisadores necessitavam outros isótopos.
Eles se orientaram pelo urânio-235 e o urânio-238, que, ao longo de 710 milhões e 4,47 bilhões de anos, se transformam em chumbo-207 e chumbo-206, respectivamente. A Erg Chech 002 contém grandes quantidades das duas formas de urânio não decomposto, assim como uma proporção das duas variedades de chumbo. As análises permitiram então uma estimativa cronológica extraordinariamente precisa para um objeto caído do espaço.
Os autores partem do princípio que assim poderão calcular com maior exatidão quando se formaram outros acondritos, traçando então uma história mais correta da origem e formação do sistema planetário do qual faz parte a Terra.
"Não há dúvida que novos estudos sobre diversos grupos de acodritos seguirão afinando nossa compreensão e melhorando nossa capacidade de reconstruir a história precoce do sistema solar", antecipou Krestianinov.
av/le (DW, ots)
Imagens do telescópio espacial James Webb
O telescópio espacial James Webb está em atividade desde julho de 2022. As imagens produzidas pelo equipamento continuam maravilhando o mundo, ao mesmo tempo que ajudam a compreender melhor nosso universo.
Foto: NASA, ESA, CSA, K. Lawson (GSFC), J. Schlieder (GSFC), A. Pagan (STScI)
Discos de poeira de uma estrela anã vermelha
Um disco de poeira cósmica envolve a estrela anã vermelha AU Mic (marcada em branco), a 32 anos-luz da Terra. Os discos são continuamente abastecidos por colisões de aglomerados de poeira. As duas imagens foram tiradas usando diferentes comprimentos de onda. Na imagem azul, o disco parece ser mais curto, sugerindo que o material particulado espalha luz azul de comprimento de onda mais curto.
Foto: NASA, ESA, CSA, K. Lawson (GSFC), J. Schlieder (GSFC), A. Pagan (STScI)
Webb revela estrelas recém-nascidas antes encobertas
Os astrônomos se aprofundaram nos dados desta imagem infravermelha próxima da região de formação de estrelas na constelação de Carina, conhecida como Penhascos Cósmicos. A câmera infravermelha do Webb atravessou nuvens de poeira, permitindo aos astrônomos descobrir sinais de dezenas de estrelas infantis.
Foto: NASA, ESA, CSA AND STSCI
Reciclagem de hidrogênio no Quinteto de Stephan
Os astrônomos descobriram um centro de reciclagem de hidrogênio no Quinteto de Stephan, a 270 milhões de anos-luz. À esquerda, uma nuvem gigante de hidrogênio frio (verde) é esticada em uma cauda quente de hidrogênio. No centro, uma colisão de alta velocidade alimenta gás quente em nuvens de gás frio. À direita, o gás hidrogênio entrou em colapso, gerando o que pode ser uma pequena galáxia anã.
Foto: ALMA (ESO/NAOJ/NRAO)/JWST/ P. Appleton (Caltech), B.Saxton (NRAO/AUI/NSF)
Exoplaneta sem atmosfera
O exoplaneta LHS 475 b tem quase o mesmo tamanho da Terra. O espectógrafo de infravermelho do telescópio Webb revelou que o planeta não tem atmosfera. Os pontos brancos apontam o padrão de um planeta sem atmosfera (linha amarela). Se o planeta tivesse uma atmosfera de dióxido de carbono puro, os pontos seguiriam a linha roxa, se tivesse uma atmosfera de metano puro, seguiriam a linha verde.
Foto: ILLUSTRATION: NASA, ESA, CSA, Leah Hustak (STScI)/SCIENCE: Kevin B. Stevenson (APL), Jacob A. Lustig-Yaeger (APL), Erin M. May (APL), Guangwei Fu (JHU), Sarah E. Moran (University of Arizona)
Webb captura galáxia com muito mais detalhes do que Hubble
Estas duas imagens mostram a mesma galáxia, EGS 23205, de cerca de 11 bilhões de anos. Na imagem à esquerda, o telescópio espacial Hubble capturou uma imagem difusa da galáxia. Mas a imagem do James Webb, à direita, revela uma galáxia espiral com uma clara barra estelar.
Foto: NASA/CEERS/University of Texas at Austin
Antigas galáxias "ervilhas verdes"
As três galáxias marcadas aqui são "ervilhas verdes", pequenas galáxias raras. Essas imagens mostram as galáxias como elas eram quando o universo estava em seu primeiro bilhão de anos de sua idade atual, de 13,8 bilhões de anos.
Foto: NASA, ESA, CSA, and STScI
Formação de estrelas
O aglomerado de estrelas NGC 346 encontra-se na Pequena Nuvem de Magalhães, uma galáxia anã próxima à Via Láctea. É um lugar onde estrelas e planetas são formados em nuvens repletas de poeira e hidrogênio. As plumas mais cor-de-rosa são hidrogênio energizado com uma temperatura de 10.000 ºC, enquanto a área mais laranja representa hidrogênio mais denso e mais frio, de cerca de -200 ºC.
Foto: NASA, ESA, CSA, M. Meixner, G. DeMarchi, O. Jones, L. Lenkic, L. Chu, A. Pagan (STScI)