Especialistas ligam catástrofe na Alemanha ao clima global
15 de julho de 2021
Estudiosos afirmam ser possível que as fortes chuvas que deixaram rastro de destruição e mataram dezenas sejam uma consequência do aquecimento do planeta. Precipitações são menos frequentes, porém mais fortes.
Anúncio
Meteorologistas alemães afirmam ser possível que as chuvas torrenciais que deixaram um rastro de destruição na Alemanha sejam uma consequência do aquecimento global.
Ao menos 42 pessoas morreram até o momento. Os estados da Renânia do Norte-Vestfália e da Renânia-Palatinado foram os mais afetados.
Entre 50 e 70 pessoas eram dadas como desaparecidas na manhã desta quinta-feira (15/07) somente no pequeno município de Schuld, na Renânia-Palatinado, onde seis casas desabaram com a força das águas. As autoridades locais decretaram estado de catástrofe.
"Podemos constatar um acúmulo de tais fenômenos climáticos", afirma o meteorologista Mark Eisenmann, da emissora pública de TV alemã ARD, em entrevista ao portal tagesschau.de. "E certamente também se devem às mudanças climáticas", acrescenta o especialista.
Maior evaporação
"Dois efeitos do aquecimento global influenciam a frequência com que ocorrem tais eventos extremos", diz Peter Hoffmann, do Instituto para Pesquisa de Impacto Climático de Potsdam, na Alemanha. Ele explica que mais água evapora em temperaturas mais altas, e a atmosfera mais quente pode acumular mais umidade, o que favorece grandes quantidades de precipitação. Por outro lado, as condições meteorológicas persistem por mais tempo em uma região.
Mesmo que a quantidade total de chuvas na Alemanha tenha mudado pouco nas últimas décadas, há evidências de que a mesma quantidade de chuva vem do céu em menos dias do ano. "Quando há chuva, ela é mais intensa", diz Hoffmann.
O meteorologista Bernhard Pospichal, da Universidade de Colônia, acredita ser possível que no futuro tais fenômenos se tornem mais frequentes, à medida em que a mudança climática continuar progredindo.
"Existem muitos indícios de que os extremos estão ficando mais fortes. Tanto os períodos de seca quanto os eventos de forte precipitação", explica ele, em entrevista publicada pelo jornal Kölner Stadt-Anzeiger.
md/ek (DPA, ots)
Mudanças climáticas reduzem populações de pinguins
Fevereiro foi mês mais quente já registrado na Antártida. Alterações do clima afetam seriamente a região remota, e a população de pinguins de Chinstrap caiu para menos da metade, como cientistas constataram recentemente.
Foto: Reuters/U. Marcelino
Em missão antártica
Uma equipe de cientistas de duas universidades americanas partiu para uma expedição antártica no início de 2020. Por várias semanas eles estudaram o impacto das mudanças climáticas sobre a região remota. Mais especificamente, queriam avaliar quantos pinguins de Chinstrap restavam na Antártida Ocidental em comparação com a última contagem da população, na década de 1970.
Foto: Reuters/U. Marcelino
Manso e curioso
Os pinguins de Chinstrap habitam as ilhas e costas do Pacífico Sul e dos oceanos antárticos. Seu nome se deve à estreita listra preta na parte inferior da cabeça. Mesmo antes de os cientistas escutarem os estridentes sons dos pássaros, um cheiro cáustico de excrementos indica a proximidade de uma colônia. Os pinguins não aprenderam a temer os seres humanos, por isso ignoram seus visitantes.
Foto: Reuters/U. Marcelino
Resultados chocantes
Os cientistas usaram técnicas de contagem manual e por drones para contabilizar os pinguins de Chinstrap. Suas constatações revelaram que algumas colônias sofreram uma queda de mais de 70%. "Os declínios que vimos são definitivamente dramáticos", disse à agência de notícias Reuters Steve Forrest, biólogo da conservação que fez parte da expedição.
Foto: Reuters/U. Marcelino
Cadeia alimentar em declínio
Os pinguins de Chinstrap se alimentam de pequenos animais marinhos, como krill, camarões e lulas. Eles nadam até 80 quilômetros todos os dias à busca de alimentos. Suas penas bem compactas funcionam como um casaco impermeável e permitem nadar em águas geladas. Mas as mudanças climáticas estão diminuindo a abundância de krill, o que dificulta a sobrevivência das aves.
Foto: Reuters/U. Marcelino
Desafios de reprodução
Pinguins de Chinstrap preferem aninhar em lugares particularmente inacessíveis e remotos. Quando procriam, constroem ninhos circulares de pedras e põem dois ovos, que o macho e a fêmea se revezam para incubar, em turnos de cerca de seis dias. Como o aquecimento global está derretendo as camadas de gelo e reduzindo a abundância de alimentos, porém, a reprodução é menos bem-sucedida.
Foto: Reuters/U. Marcelino
Implicações mais abrangentes
Estima-se que haja 8 milhões de pinguins de Chinstrap em todo o mundo, razão pela qual eles não foram motivo de preocupação até agora. Mas nos últimos 50 anos sua população na Península Antártica foi reduzida a menos da metade. Eles não estão em perigo iminente de extinção, mas o declínio de suas populações é um forte alerta sobre as grandes mudanças ambientais em curso.