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Michael Moore agradece à Alemanha

ef10 de novembro de 2003

O escritor e documentarista Michael Moore agradeceu os alemães por terem rejeitado a guerra no Iraque e advertiu Berlim a não seguir o modelo econômico-social do seu país.

Michael Moore: maioria americana é progressistaFoto: dpa

Michael Moore faz o agradecimento à Alemanha no prefácio do seu segundo livro com o título original Dude, Where's My Country? ("Onde está o meu país?"). "Eu os saúdo, meus amigos alemães, orgulhosos remanescentes da velha Europa e líderes dos opositores à guerra", escreve ele no início e indaga: "Que diabo acontece com vocês? Não sabiam que têm de obedecer, quando a única superpotência do mundo ladra uma ordem? Nós ladramos, vocês fogem a esta regra. O senhor Bush não os subornou o suficiente para cooperarem e bombardearem a população do Iraque.

A versão alemã de Dude, Where's My Country? com o título Volle Deckung, Mr. Bush será lançado na Alemanha em meados deste mês. No dia 15, Moore deverá iniciar, em Berlim, uma semana de leitura na Alemanha, de onde seguirá para a Áustria. O primeiro livro do autor de esquerda Stupid White Men ("Uma Nação de Idiotas") está há meses na lista dos mais vendidos da revista Der Spiegel. No final de outubro revelou-se que já haviam sido vendidos 1,1 milhão de exemplares na Alemanha, enquanto nos EUA com população quase três vezes maior, eram apenas 630 mil.

Apoio desesperado

– O intelectual norte-americano também conhecido por seu documentário Tiros em Columbine, sobre a disseminação das armas em mãos privadas nos EUA, converteu-se na Alemanha numa espécie de ícone de outros Estados Unidos opostos ao da política da Casa Branca. Michael Moore confirma essa imagem insistindo em que muitos de seus compatriotas pensam como ele: "Milhões de nós tentamos, nos Estados Unidos, evitar por todos os meios que o governo Bush causasse mais estragos pelo mundo afora. Para nós, é urgentemente necessário que vocês, alemães, ofereçam resistência. E devem saber que nós aplaudimos esta resistência desesperadamente."

O crítico famoso da política do Pentágono acrescenta: "Nos prejudica muito que pessoas como Tony Blair (primeiro-ministro da Grã-Bretanha) sabote nossos esforços. Mas, por sorte, na França, Alemanha e muitos outros países foram realizadas as maiores manifestações pacifistas de todos os tempos. A respeito só posso dizer: obrigado, obrigado e outra vez muito obrigado".

Maioria não é pró-Bush

– Michael Moore escreveu que nem todo mundo ficou louco nos EUA e critica a eleição polêmica que levou Bush ao poder. "Por favor, não esqueçam nunca a seguinte verdade: a maioria dos norte-americanos não votou em George W. Bush." Segundo ele, ao contrário do que muitos pensam no mundo, a maioria do seu povo seria progressista e que a eleição de Bush não refletiria a correlação das forças políticas em Washington e atribui isso, entre outras coisas, à falta de líderes liberais.

Moore traça um perfil de uma alma americana ingênua e simples, destacando a falta de informação da população sobre o que acontece no resto do mundo. A propósito, lembra que um estudo publicado recentemente revelou que 85% dos americanos de 18 a 25 anos de idade não sabem localizar o Iraque no mapa e sugere que a primeira regra do direito internacional deveria ser que o povo que não consegue situar o seu inimigo no globo terrestre, não pode bombardeá-lo.

O autor critica os cortes na rede social feitos na Alemanha nos últimos anos em função da crise econômica e adverte tanto o governo como o povo. "Vocês sempre disseram que eram responsáveis uns pelos outros. Por isso em seu país a prevenção de saúde, a educação e tudo que necessitavam era grátis. Mas tudo vem se reduzindo e é como se vocês, alemães, estivessem se transformando em nós, americanos, um povo que acredita que os ricos devem ser cada vez mais ricos." Michael Moore adverte que seria um equívoco seguir o caminho norte-americano na economia, mercado de trabalho e na prestação de serviços aos pobres e imigrantes.

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