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Mike Pence, o vice ainda mais conservador que Trump

Uta Steinwehr md
10 de novembro de 2016

Cristão evangélico, Pence é contra a diversidade sexual e o aborto. Sóbrio e eloquente, ele leva à Casa Branca a experiência política que falta ao presidente eleito, além de valiosos contatos no Congresso.

USA Parteitag der Republikaner in Cleveland Donald Trump und Mike Pence
Foto: Reuters/J. Ernst

Sóbrio, calmo, leal, cauteloso, articulado, eloquente – estes são os adjetivos usados pela mídia para descrever Mike Pence. Ele mesmo se diz um "cristão, conservador e republicano, nesta ordem".

Quando Donald Trump anunciou, em meados de julho, que faria de Pence seu candidato a vice-presidente, analistas avaliaram a notícia como uma jogada estratégica. Pence poderia fazer a ponte com os republicanos ultraconservadores, que não gostam muito de Trump. O presidente da Câmara, Paul Ryan, por exemplo, rompeu com Trump no mais tardar depois que os vídeos sexistas de 2005 vieram à tona. Mas ele se considera um "grande fã" de Pence.

Diferenças

De acordo com o jornal britânico Telegraph, Trump queria como companheiro de chapa alguém que pudesse ajudá-lo a vender suas ideias no Congresso. Atual governador de Indiana, Pence traz contatos úteis de seus 12 anos como deputado.

Mike Pence diverge das opiniões de Trump sobre Putin Foto: Reuter/S. Morgan

Nem sempre ele tem a mesma opinião que Trump. O político de 57 anos disse que a Rússia tem um "sistema corrupto", enquanto Trump manifestou repetidamente elogios a Putin. Antes, Pence era um defensor do livre comércio – o extremo oposto das ideias de Trump. Pence também se disse contra a proposta de Trump de recusar a entrada de muçulmanos no país.

Cristão evangélico, ele cresceu em uma família de classe média em Indiana e é casado há 30 anos. Depois de estudar Direito, ele trabalhou como advogado e apresentador de rádio.

Contra aborto e diversidade sexual

Quanto a direitos individuais, o futuro vice-presidente tem visões apontadas por muitos como ainda mais conservadoras que as de Trump. Ele rejeita o casamento homossexual e o aborto. Em 2000, pediu ao Congresso para fornecer fundos a organizações que ajudam pessoas a mudar seu comportamento sexual. Como governador de Indiana, ele colocou em vigor uma das mais rigorosas leis antiaborto do país.

Pence também foi criticado por proeminentes líderes empresariais por causa de um projeto de lei que permitiria a proprietários de estabelecimentos comerciais recusarem fregueses homossexuais. Após uma onda de indignação, Pence reviu seu plano, o que, por sua vez trouxe críticas vindas dos círculos conservadores.

No início de outubro, Pence saiu vencedor do único debate televisivo dos candidatos a vice-presidente. De acordo com analistas, Pence convenceu com um tom presidencial, mais ponderado que o do rival democrata. Ele é tido como dono de uma retórica sagaz. Entretanto, após o duelo, 57% dos entrevistados em uma pesquisa da CBS News afirmaram não saber o suficiente sobre Pence para terem uma opinião sobre ele.

Como vice-presidente, Pence poderá se tornar presidente, caso Trump não consiga terminar o mandato, seja por morte ou por outras razões, como impeachment, renúncia ou incapacidade. Dos 44 presidentes da história dos EUA, nove não chegaram ao final de seu mandato oficial. Além disso, o vice-presidente preside o Senado. Caso haja empate em uma votação na Casa, o voto de Pence é decisivo.

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