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Estado de DireitoMianmar

Milícias pró-manifestantes matam policiais em Mianmar

10 de abril de 2021

Pelo menos 14 policiais foram mortos em ataque a uma delegacia no noroeste birmanês. EUA apelam para que ONU pressione junta militar responsável por golpe de 01/02. Vítimas civis da repressão policial já ultrapassam 600.

Manifestantes de Mianmar acocorados na rua portam arcos e flechas
Cidadãos reagem a golpe de 01/02: guerra civil ameaça tomar conta de MianmarFoto: AP Photo/picture alliance

Uma aliança de três exércitos étnicos de Mianmar atacou neste sábado (10/04) uma delegacia de polícia no noroeste do país, matando pelo menos 14 agentes. Os grupos guerrilheiros se opõem à repressão policial brutal aos protestos contra o golpe militar de 1º de fevereiro.

O ataque ocorreu em Naungmon, no estado de Shan. Cerca de uma dezena de milícias condenam como ilegítima a junta militar no governo birmanês e se comprometeram a ficar do lado dos manifestantes, num momento em que a violência se intensifica, prenunciando uma guerra civil. Os diferentes grupos armados têm realizado insurreições separadas contra a junta desde 1948, quando teve fim do domínio britânico sobre a então Birmânia.

Pelo menos 618 civis já foram mortos pelas forças de segurança na repressão aos protestos em Mianmar, segundo dados da Associação para a Assistência de Presos Políticos (AAPP), a qual adverte que o número pode ser significativamente maior devido à dificuldade de corroborar os dados.

O golpe de Estado encabeçado pelo general Min Aung Hlaing derrubou o governo civil da conselheira de Estado e Nobel da Paz Aung San Suu Kyi, cuja Liga Nacional pela Democracia (NLD) obtivera vitória esmagadora nas eleições parlamentares de 2020. Os militares exigiram revisão dos resultados, mas não foram atendidos pela Comissão Eleitoral.

EUA pedem que ONU aja

Na sexta-feira, os Estados Unidos pediram ao Conselho de Segurança da ONU para aumentar a pressão sobre a junta militar e garantir que qualquer repressão sobre a população seja punida.

Em declaração perante o órgão, a embaixadora dos EUA nas Nações Unidas, Linda Thomas-Greenfield, disse ser ainda essencial as autoridades militares birmanesas permitirem a um enviado especial da ONU "visitar Myanmar, sem condições prévias".

A diplomata insistiu em mais medidas punitivas contra os militares, a fim de evitar que continuem a "repressão violenta" aos manifestantes pró-democracia e garantir que todos os responsáveis sejam punidos. As sanções incluem a manutenção de um embargo de armas a Mianmar, dirigindo-se também "contra todo aquele que procure se beneficiar da violência".

Criticando a "brutalidade militar", Thomas-Greenfield enfatizou que a junta "está ignorando as condenações", afrontando a ONU, e apelou por uma intervenção mais robusta do Conselho de Segurança. "Será que o Conselho vai ficar discutindo questões de linguagem em mais uma declaração? Ou vamos agir para salvar as vidas de birmaneses?", instou a diplomata americana.

Nessa mesma reunião informal sobre a situação no país do sudeste asiático, o embaixador birmanês na ONU, Kyaw Moe Tun, demitido pela junta militar, também pediu ao Conselho de Segurança para impor sanções internacionais e estabelecer uma "zona de exclusão aérea" em seu país, visando impedir mais ataques pelo regime. "Por favor, atuem", apelou.

av (Lusa,AP,Reuters,AFP)

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