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Afeganistão

20 de agosto de 2009

Representantes da ONU e da comissão eleitoral mostraram-se aliviados após o fechamento dos locais de votação das eleições parlamentares e provinciais do Afeganistão. Pesquisas de opinião apontam para segundo turno.

Mulheres afegãs fazem fila para votar em mesquitaFoto: AP

Ao final da eleição afegã nesta quinta-feira (20/08), o secretário-geral da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), Anders Fogh Rasmussen, considerou "encorajador" o transcurso do pleito sem grandes incidentes na maior parte das províncias. Apenas na cidade de Baghlan, no norte do país, rebeldes impediram a abertura das seções eleitorais.

O enviado especial das Nações Unidas para o Afeganistão, Kai Eide, afirmou não querer "pôr os carros na frente dos bois", mas disse que vê com muita satisfação o fato de as eleições terem transcorrido "muito bem".

Segundo o porta-voz da comissão eleitoral, 95% dos 6.500 centros eleitorais de todo o país puderam ser abertos. Somente 312 permaneceram fechadas, disse, sem citar motivos. De outros 16, não se tem informações. Ele considerou também a participação eleitoral "muito boa", com um percentual estimado de 50% de comparecimento às urnas.

Devido à grande procura em alguns locais de votação, a comissão eleitoral prorrogou em uma hora o fechamento das urnas. As 29.000 seções eleitorais fecharam às 17h00 (horário local).

Ameaça terrorista

Abdullah Abdullah, principal concorrente de Karzai, vota em CabulFoto: AP

As eleições transcorreram sob forte esquema de segurança. Por volta de 300 mil forças afegãs e estrangeiras foram escaladas para garantir a segurança dos locais de votação. Os rebeldes talibãs convocaram os 17 milhões de eleitores do país a boicotarem as eleições, ameaçando com atentados.

Já na manhã da quinta-feira, foguetes atingiram as cidades de Kunduz e Kandahar para impedir as pessoas de irem às urnas. Na capital Cabul, muitas lojas ficaram fechadas desde o dia anterior, por medo de atentados. Apesar das ameaças, milhões de afegãos foram às urnas.

O pior incidente ocorreu no norte do país. Rebeldes ocuparam o povoado de Baghlan e impediram a abertura dos locais de votação. Segundo o chefe de polícia da província, 22 terroristas foram mortos nos violentos combates. O chefe da polícia local também foi morto, explicou.

A província de mesmo nome pertence ao comando regional do norte, que está sob a responsabilidade das Forças Armadas alemãs no contexto da missão Isaf (Força Internacional de Assistência à Segurança no Afeganistão), comandada pela Otan. A pequena cidade de Baghlan está localizada a 70 km ao sul de Kunduz.

Karzai contra Abdullah Abdullah

O atual presidente afegão, Hamid Karzai, votou sob forte esquema de segurança em uma escola de Cabul. Em outubro de 2004, ele foi eleito com 55% dos votos. Após euforia inicial, o desenvolvimento econômico do país estancou e o abismo entre pobres e ricos ficou cada vez maior. 42% dos afegãos dispõem de menos de um dólar por dia.

Muitos especialistas culpam o governo de Karzai pela miséria do país. Em vez de desenvolver e aplicar uma estratégia que se adequasse às condições do país, Karzai teria se concentrado em expandir sua base de poder, tecendo alianças políticas com príncipes regionais e fazendo concessões a forças islâmicas.

Karzai é acusado por especialistas de não ter desenvolvido uma estratégia de paz para a sociedade afegã no período posterior ao fim das guerras civis e à ocupação norte-americana no país. Seu principal concorrente é o ex-ministro do Exterior Abdullah Abdullah.

Especialistas acusam Karzai pela miséria do paísFoto: AP

Resultado eleitoral

Pesquisas de opinião apontam que nenhum dos candidatos deverá obter a maioria necessária após o primeiro turno desta eleição. Caso isso se concretize, um segundo turno deverá acontecer em outubro próximo.

A contagem dos votos deverá se estender até 2 de setembro próximo. Os primeiros resultados parciais estão sendo esperados para 25 de agosto. O anúncio do resultado oficial está marcado para 17 de setembro.

Prova de poder

A atual eleição presidencial no Afeganistão é também um teste para a nova estratégia do presidente norte-americano Barack Obama para o Afeganistão. Para fazer frente às crescentes forças talibãs, ele aumentou maciçamente seu contingente na região.

Também para os talibãs, as eleições foram um prova de poder. Seu objetivo claro era impedir as eleições.

Nesta quinta-feira, o ministro alemão do Exterior, Frank-Walter Steinmeier, justificou a presença das Forças Armadas alemãs no país. "Primeiro, para garantir que o Afeganistão não volte a se tornar refúgio do terrorismo internacional e, em segundo lugar, para capacitar os próprios afegãos a defenderem sua democracia."

Steinmeier afirmou ainda não esperar "que nossa presença militar permaneça dez anos ou mais no Afeganistão". Ele afirmou que isso "depende do nosso progresso em treinar e equipar o Exército e a polícia afegãos".

Autor: CA/afp/epd/dpa/reuters/dw

Revisão: Rodrigo Rimon

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