Milhares de centro-americanos marcham rumo aos EUA
21 de outubro de 2018
Após atravessar fronteira entre Guatemala e México, milhares de migrantes, a maioria proveniente de Honduras, decidem prosseguir com caravana em direção à fronteira americana. Trump usa caso como tema de campanha.
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Apesar dos esforços para contê-los, milhares de cidadãos centro-americanos deram prosseguimento neste domingo (21/10) à sua marcha no sul do México rumo à fronteira com os EUA.
No sábado, os cerca de 2 mil migrantes que cruzaram a fronteira da Guatemala para o México votaram, levantando as mãos, a favor de continuar a marcha em direção à fronteira americana. Durante a noite, esse número se elevou para 5 mil.
Eles continuaram caminhando em direção à cidade mexicana de Tapachula, numa caravana de aproximadamente 1,5 quilômetro de extensão. Ainda não se sabe de onde vieram as pessoas adicionais que se juntaram à marcha.
Os migrantes, a maioria proveniente de Honduras, entraram no México ilegalmente cruzando o rio Suchiate, na fronteira com a Guatemala, a nado ou em barcos improvisados.
Numa sexta-feira caótica na fronteira, milhares de pessoas tentaram atravessar cordões policiais e barricadas, mas foram obrigadas a recuar por forças de segurança mexicanas em trajes de choque. Milhares permaneceram na ponte que liga os dois países.
Rodrigo Abeja, um dos líderes da caravana, disse à agência de notícias Associated Press que o grupo que atravessou a fronteira se deslocaria para a cidade mexicana de Tapachula no domingo de manhã. "Ainda não sabemos se vamos chegar à fronteira dos EUA, mas vamos tentar ir o mais longe possível", disse.
Os migrantes se reuniram num parque no lado mexicano da travessia do rio gritando "Vamos todos caminhar juntos!" e "Sim, nós podemos!".
No sábado, as autoridades mexicanas permitiram a entrada de pequenos grupos de mulheres e crianças na fronteira sul do país. Os migrantes foram levados a abrigos em Tapachula, localizada cerca de 40 quilômetros da fronteira. Eles haviam passado a noite ao ar livre, ou sobre a ponte superlotada ou na cidade fronteiriça guatemalteca de Tecun Uman.
As autoridades mexicanas insistiram que aqueles que ainda se encontram na ponte terão que fazer pedido oficial de refúgio para entrar no país, mas não se sabe se os seus requerimentos serão aceitos.
O governo da Guatemala organizou frotas de ônibus para levar os migrantes de volta para Honduras. Estimativas iniciais apontam que 300 pessoas aceitaram a oferta.
A caravana de migrantes decidiu continuar sua marcha, apesar de o presidente americano, Donald Trump, ter declarado que nenhum deles receberá autorização para entrar nos EUA. Trump está tentando transformar o caso em tema de campanha nas eleições de meio de mandato nos EUA, marcadas para 6 de novembro.
Num comício em Elko, no estado de Nevada, o presidente disse no sábado: "Os democratas querem caravanas, eles gostam de caravanas. Muitas pessoas dizem 'eu me pergunto quem começou aquela caravana?'"
CA/ap/afp/dw
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Donald Trump quer um "grande e belo muro" entre os EUA e o México para frear a migração e o narcotráfico. Em outros lugares, barreiras de concreto e metal feitas para resolver problemas tiveram variados graus de êxito.
Foto: Getty Images/J. Moore
Muro americano cresce
Antes de Donald Trump, Bill Clinton já mandou construir cercas na fronteira. Após os atentados de setembro de 2001, George Bush acelerou a construção. Desde então, quase 1.100 quilômetros de fronteira receberam paredes de concreto, vigas de aço e outros tipos de obstruções.
Foto: Getty Images/D. McNew
"Muro da separação"
Desde 2002, Israel está construindo uma barreira ao longo da Cisjordânia. O projeto, oficialmente justificado como proteção contra o terrorismo, é altamente controverso e muitas vezes chamado "muro da separação". Há mais de dez anos, a Corte Internacional de Justiça declarou que ele viola o direito internacional. Israel, no entanto, continua construindo o muro, que deverá ter 759 km de extensão.
Foto: A. Al-Bazz
"Linha de controle"
Um muro de controle militar de mais de 700 km na região da Caxemira divide a Índia e o Paquistão desde 1971. Em muitos lugares, esta "linha de controle" é reforçada por minas e arame farpado. A barreira de arame, que em alguns locais tem 3 metros de altura, também pode ser eletrificada.
Foto: Getty Images/AFP
Dividindo classes
Paredes divisórias também separam classes econômicas. Como em Lima, onde uma parede de concreto de 3 m de altura separa os moradores pobres de um bairro de ricos. Aliás, "condomínios fechados" são frequentes na América Latina. Os moradores da capital do Peru chamam a parede de "muro da vergonha".
Na capital do Iraque, um muro de 4 metros de altura e 5 km de extensão corta a cidade. Ele foi construído pelos militares dos EUA na região dominada pelos xiitas em 2007. Hoje, o muro separa quase 2 milhões de pessoas. Também em outros bairros de Bagdá, paredes de concreto separam enclaves sunitas de bairros xiitas.
Foto: Getty Images/W. Kuzaie
Um muro para a paz?
O governo britânico construiu os chamados "muros da paz" na Irlanda do Norte em 1969 para separar católicos e protestantes. Portões permitiam a passagem para o outro lado. Em caso de conflitos, eles eram fechados. Alguns moradores dizem, no entanto, que as paredes acentuaram ainda mais a divisão na mente das pessoas.
Foto: picture-alliance/dpa/M. Smiejek
Entre o Norte e o Sul
Desde o final da Guerra da Coreia, nos anos 1950, uma zona desmilitarizada separa a Coreia do Norte, comunista, e a Coreia do Sul, capitalista. A faixa de cerca de 4 km de largura e 250 km de comprimento é uma das áreas restritas mais vigiadas do mundo. Em alguns pontos, muros marcam a fronteira entre as duas Coreias.
Foto: Getty Images/AFP/E. Jones
Fortaleza Europa
Também a Europa está se isolando. Desde outubro de 2015, a Hungria está fechando sistematicamente sua fronteira para evitar refugiados. No início, a cerca ainda não era hermética. Hoje, no entanto, quase ninguém consegue mais passar para o outro lado. A Hungria também quer construir uma cerca ao longo da fronteira com a Sérvia.
Foto: picture-alliance/dpa/S. Ujvari
Ceuta e Mellila
Nos enclaves espanhóis de Ceuta e Mellila, no Marrocos, há fortificações especialmente altas. Para superá-las, é preciso passar por até três cercas. Para complicar, há detectores de movimento, câmeras infravermelhas e um arame farpado que penetra fundo na pele. Mesmo assim, muitos se arriscam e acabam se ferindo.
Foto: picture-alliance/dpa/A. Sempere
Turquia e Síria
Na fronteira com a Síria, de onde muitos estão fugindo da guerra civil, a Turquia está construído um muro de 511 km de extensão. No final de fevereiro, o governo de Ancara anunciou que metade já está pronta. O muro de 3 metros de altura tem arame farpado e torres de vigilância. Várias vezes, a União Europeia criticou a Turquia por fazer controles muito brandos em suas fronteiras.