Após Macedônia barrar afegãos, cerca de 8 mil refugiados ficam presos na fronteira entre os dois países e em porto grego. Atenas anuncia medidas diplomáticas para persuadir Skopje a permitir entrada de migrantes.
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Cerca de 8 mil migrantes estão retidos na fronteira entre Grécia e Macedônia e no principal porto grego, o que levou Atenas a anunciar medidas diplomáticas junto ao país vizinho, nesta segunda-feira (22/02). As autoridades macedônias fecharam a fronteira para refugiados afegãos na última sexta-feira.
"Demos início a medidas diplomáticas, acreditamos que o problema vai ser resolvido", disse o ministro-adjunto do Interior grego para as Migrações, Ioannis Mouzalas. Ele afirmou que Atenas está tomando providências para persuadir autoridades de Skopje a permitir a entrada de migrantes afegãos.
Segundo a polícia grega, cerca de 5 mil refugiados e migrantes estão impedidos de seguir viagem no posto de Idomeni, na fronteira com a Macedônia, e outros 3 mil estão sendo retidos no porto de Piraeus, nos arredores de Atenas.
"Não esperamos uma solução diplomática hoje", disse uma fonte governamental à agência de notícias AFP, acrescentando que as autoridades vão tentar instalar os afegãos nas estruturas de acolhimento existentes. "Se a Áustria fechar as suas fronteiras haverá um efeito dominó" na rota que atravessa os países dos Bálcãs, afirmou a fonte.
O bloqueio do fluxo migratório para os países da Europa central e do norte ocorre depois de a Áustria ter decidido limitar a 80 o número de requerimentos de asilo aceitos por dia e a 3.200 a quantidade de refugiados autorizados a cruzar a fronteira diariamente. Skopje comunicou ainda que continuará permitindo o trânsito de iraquianos e sírios em direção à Alemanha e a outros países europeus.
"Estamos realizando preparativos de modo que, mesmo que o problema não seja resolvido, caso haja violações de normas europeias por parte da Sérvia e da Macedônia, possamos ser capazes de gerir o problema que se instaurará na Grécia", afirmou Mazoulas.
As ilhas gregas continuam a ser a principal porta de entrada de migrantes na Europa. Depois de registrados nas ilhas, os refugiados se deslocam ao porto de Piraeus. De lá, eles seguem via transporte viário até Idomeni, onde saem do território grego com destino, sobretudo, à Alemanha e a países escandinavos.
O ministro do Interior alemão, Thomas de Maizière, criticou no domingo "a inaceitável" decisão da Áustria de estabelecer limites diários e convocou uma pequena cúpula sobre migração com os líderes dos países dos Bálcãs para esta quarta-feira.
"Não funcionará se alguns países pensarem que podem resolver o problema colocando peso extra nas costas da Alemanha", disse De Maizière, acrescentando que vai levantar a questão na próxima reunião de ministros do Interior da União Europeia (UE), na quinta-feira.
PV/lusa/dpa/afp/ap
2015, o ano dos refugiados
Nunca tantas pessoas estiveram em fuga como em 2015. Muitos delas seguiram para a Europa, com o objetivo de chegar à Alemanha ou à Suécia. Confira uma restrospectiva fotográfica do "ano dos refugiados".
Foto: Reuters/O. Teofilovski
Chegada à União Europeia
Esses jovens sírios superaram uma etapa perigosa da sua viagem: eles conseguiram chegar à Grécia e, assim, à União Europeia. O objetivo final, porém, ainda não foi alcançado: eles querem continuar a jornada para o norte, em direção a outros países-membros do bloco. Em 2015, a maioria dos refugiados seguiu para a Alemanha e para a Suécia.
Foto: Reuters/Y. Behrakis
Perigosa travessia do Mediterrâneo
O caminho que eles deixam para trás é extremamente perigoso. Vários barcos com refugiados, nem sempre aptos à navegação, já viraram durante a travessia do Mar Mediterrâneo. Estas crianças sírias e seu pai tiveram sorte: eles foram resgatados por pescadores gregos na costa da ilha de Lesbos, na Grécia.
Foto: Reuters/Y. Behrakis
A imagem que comoveu o mundo
Aylan Kurdi, de 3 anos, não sobreviveu à fuga. No início de setembro, ele se afogou no Mar Egeu, juntamente com o irmão e a mãe, ao tentar chegar à ilha grega de Kos. A foto do menino sírio, morto na praia de Bodrum, espalhou-se rapidamente pela mídia e chocou pessoas de todo o mundo.
Foto: Reuters/Stringer
Onde as diferenças são visíveis
A ilha grega de Kos, a menos de 5 quilômetros de distância da Turquia continental, é o destino de muitos refugiados. As praias geralmente cheias de turistas servem de ponto de desembarque, como no caso deste grupo de refugiados paquistaneses que chegou à costa da Grécia com um bote de borracha.
Foto: Reuters/Y. Behrakis
Em meio ao caos
Porém, muitos refugiados não conseguem simplesmente seguir viagem quando chegam a Kos. Eles somente podem seguir para o continente após serem registrados. Durante o verão europeu, a situação se agravou quando as autoridades fizeram com que os refugiados esperassem pelo registro num estádio, sob o sol escaldante e sem água.
Foto: Reuters/Y. Behrakis
Um navio para refugiados
Por causa da condições precárias, tumultos eram frequentes na ilha de Kos. Para acalmar a situação, o governo grego fretou um navio, que permaneceu ancorado e foi transformado em alojamento temporário para até 2.500 pessoas e em centro de registro de migrantes.
Foto: Reuters/A. Konstantinidis
"Dilema europeu"
Mais ao norte, na fronteira da Grécia com a Macedônia, policiais não permitiam mais a passagem de pessoas, entre elas crianças aos prantos, separadas de seus pais. Esta foto tirada pelo fotógrafo Georgi Licovski no local, e que mostra o desespero de duas crianças, foi premiada pelo Unicef como a imagem do ano, já que mostra "o dilema e a responsabilidade da Europa".
Foto: picture-alliance/dpa/G. Licovski
Sem conexões para refugiados
No final do verão europeu, Budapeste se transformou em símbolo do fracasso das autoridades e da xenofobia. Milhares de refugiados estavam acampados nas proximidades de uma estação de trem da capital húngara, pois o governo do país os proibira de seguir viagem. Muitos decidiram seguir a pé em direção à Alemanha.
Foto: picture-alliance/dpa/B. Roessler
Fronteiras abertas
Uma decisão na noite de 5 de setembro abriu caminho para os refugiados: a chanceler federal alemã, Angela Merkel, e o chanceler austríaco, Werner Faymann, decidiram simplesmente liberar a continuação da viagem por parte dos migrantes. Como consequência, vários trens especiais e ônibus seguiram para Viena e Munique.
Foto: picture alliance/landov/A. Zavallis
Boas vindas em Munique
No primeiro final de semana de setembro, cerca de 20 mil refugiados chegaram a Munique. Na estação central de trem da capital da Baviera, inúmeros voluntários se reuniram para receber os refugiados com aplausos e lhes fornecer comida e roupas.
Foto: Getty Images/AFP/P. Stollarz
Selfie com a chanceler
Enquanto a chanceler federal Angela Merkel era aplaudida por refugiados e defensores de sua política de asilo, muitos alemães se voltavam contra a política migratória. "Se tivermos de pedir desculpas por mostrar uma face acolhedora em situações de emergência, então este não é mais o meu país", respondeu a chanceler. A frase "Nós vamos conseguir" se tornou o mantra de Merkel.
Foto: Reuters/F. Bensch
Histórias na bagagem
No final de setembro, a polícia federal alemã divulgou uma imagem comovente: o presente que uma menina refugiada deu a um policial da cidade alemã de Passau. O desenho mostra o horror que vários migrantes vivenciaram e o quão felizes eles estavam por, finalmente, estarem em um local seguro.
Foto: picture-alliance/dpa/Bundespolizei
O drama continua
Até o final de outubro, mais de 750 mil refugiados haviam chegado à Alemanha. Mas o fluxo não parava. Sobrecarregados, os países da chamada Rota dos Bálcãs decidiram fechar suas fronteiras. Apenas sírios, afegãos e iraquianos estavam autorizados a passar. Em protesto, migrantes de outros países chegaram a costurar seus lábios.
Foto: picture-alliance/dpa/G. Licovski
Sem fim à vista
"Ajude-nos, Alemanha" está escrito em cartazes de manifestantes na fronteira com a Macedônia. Na Europa, o inverno se aproxima, e milhares de pessoas, entre elas crianças, estão presas nas fronteiras. Enquanto isso, até mesmo a Suécia retomou o controle temporário de fronteiras. Em 2016, o fluxo de refugiados deverá continuar.