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Direitos humanos

4 de setembro de 2010

Medidas "anticriminalidade" de governo Sarkozy desencadeiam protestos em 130 cidades francesas e diante de embaixadas do país nas capitais da Europa. Liga dos Direitos Humanos (LDH) convocou as manifestações.

'Democracia em perigo'Foto: AP
Passeata na França contra deportaçõesFoto: AP

Na França e em numerosas cidades da Europa, ativistas em defesa dos direitos humanos, sindicatos e organizações antirracistas protestaram neste sábado (04/09) contra a deportação de milhares de representantes da etnia rom pelo governo de Nicolas Sarkozy. Os roma são um dos povos nômades designados como ciganos.

A Liga dos Direitos Humanos francesa (LDH), que convocou as manifestações, disse que pretende se opor à "xenofobia" do presidente francês e ao que descreve como abuso sistemático dos roma no país. A líder do Partido Verde na França, Cécile Duflot, advertiu: "Não aceitamos o veneno que o governo está instilando em nossa república". E o presidente da LDH, Jean-Pierre Dubois, declarou que "o limite foi ultrapassado".

Mais de 110 grupos realizaram passeatas contra as deportações em 130 cidades da França. Segundo os organizadores, o total dos manifestantes foi de 89 mil, enquanto a polícia registrou apenas 30 mil. Entre os manifestantes reunidos diante do Ministério da Imigração, em Paris, encontrava-se um grupo de artistas encabeçado pela cantora e atriz inglesa Jane Birkin, de 63 anos.

Foram organizadas também manifestações diante das representações diplomáticas francesas em metrópoles como Londres, Bruxelas, Bucareste, Belgrado e Barcelona.

Protestos em BelgradoFoto: AP

Pacote controverso

Os protestos contam com o apoio do Partido Socialista francês e da Confederação Geral do Trabalho (CGT), segunda maior central sindical do país. Eles se dirigem também contra a política do governo de retirar a cidadania francesa dos imigrantes acusados de atacar agentes policiais.

O procedimento de Sarkozy faz parte de um pacote de medidas de suposto combate à criminalidade. Em julho último, ele iniciou uma campanha pública visando remover, no prazo de três meses, metade dos 600 acampamentos ilegais dos roma na França. A alegação é de que eles seriam antros de crime, especialmente de tráfico humano e prostituição.

Segundo a mídia francesa, o ministro das Relações Exteriores, Bernard Kouchner, mostrou-se chocado diante das medidas de Sarkozy, e até estaria considerando renunciar ao cargo. No final de agosto, a Organização das Nações Unidas observou, em um comunicado, que táticas como a de Paris deveriam ser "evitadas", assim como o "discurso político discriminatório".

Guerra aberta

Roma estão sendo enviados de volta para a RomêniaFoto: picture-alliance/dpa

Grupos de defesa dos direitos humanos chamam a atenção para o fato de que as investidas contra os acampamentos ilegais deixaram centenas de pessoas sem teto. Durante uma passeata contra a medida, em Marselha, Philippe Rodier, da ONG Médicos do Mundo, resumiu assim a situação:

"Houve uma verdadeira declaração de guerra, que se manifestou na destruição sistemática dos locais onde [os roma] vivem". De acordo com sua organização, nove dos 14 acampamentos nômades em Marselha foram desmantelados.

A partir do princípio da campanha, em julho último, cerca de mil roma foram deportados da França para a Romênia e a Bulgária e aproximadamente uma centena de acampamentos ilícitos foram destruídos. Desde o início do ano, cerca de 8.300 roma já foram forçados a deixar o país. Em 2009, 9.875 pessoas da mesma etnia foram deportadas da França.

AV/dw/afpf/rtr
Revisão: Soraia Vilela

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