Milhares de refugiados deixaram a Alemanha voluntariamente
28 de dezembro de 2016
Mais de 50 mil requerentes de asilo e migrantes voltaram para os países de origem por vontade própria em 2016. Número é o maior desde 2000. Maioria tem como destino a Albânia, Sérvia, Iraque e Kosovo.
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Cerca de 55 mil requerentes de asilo e migrantes deixaram a Alemanha e voltaram para seus países voluntariamente em 2016, segundo uma reportagem do jornal alemão Süddeutsche Zeitung publicada nesta quarta-feira (28/12). Este é o maior número de partidas voluntárias registrado nos últimos 16 anos.
A grande maioria dos que deixaram a Alemanha é originária de países do oeste dos Bálcãs, sem praticamente qualquer chance de serem reconhecidos como refugiados. A Albânia é o país de origem que recebeu o maior número de retornados: cerca de 15 mil até novembro, de acordo com dados do Departamento Federal de Migração e Refugiados da Alemanha (Bamf).
Em segundo lugar, ficaram a Sérvia, Iraque e Kosovo, com 5 mil, respectivamente. Um aumento expressivo no número de retornos voluntários foi registrado entre cidadãos do Afeganistão, Irã e Iraque. Até novembro, 3,2 mil afegãos deixaram a Alemanha, quase dez vezes mais do que no ano anterior.
Para estimular as partidas voluntárias, a Alemanha oferece uma espécie de compensação financeira, que pode chegar até 4,2 mil euros para uma família de cinco pessoas que teve o requerimento de asilo negado. Além disso, o governo paga um auxílio-viagem que varia entre mil e 3 mil euros, dependendo do país e da idade de filhos, para cobrir custos de passagem e despesas básicas para os primeiros meses no país de origem.
Beneficiados que voltem a tentar imigrar na Alemanha serão obrigados a devolver o auxílio em dinheiro. De acordo com o jornal Süddeutsche Zeitung, o governo alemão lançará em fevereiro um novo programa para estimular as partidas voluntárias, com maior compensação financeira para quem opte mais rápido pelo retorno ao país de origem.
Barrados na chegada
De acordo com o jornal alemão Neue Osnabrücker Zeitung, entre janeiro e novembro a polícia barrou a entrada de cerca de 20 mil migrantes na Alemanha, mais do que o dobro de 2015.
A grande maioria dos migrantes impedidos de entrar na Alemanha foi barrada nas fronteiras terrestres. Entre janeiro e novembro, 76% dos casos registrados, pouco mais de 15 mil, ocorreram na fronteira da Alemanha com Áustria. O controle nessa região foi determinado em setembro de 2015, no auge da crise dos refugiados.
Nos aeroportos, a cada mês uma média de 320 imigrantes foram impedidos de entrar na Alemanha. A maioria dos barrados era do Afeganistão (3.695), seguido da Síria (2.142), Iraque (1.794) e Nigéria (1.237). Ao longo do ano foi ainda registrada uma diminuição do número de deportações nas fronteiras alemãs, de 5.167 em janeiro para 994 em novembro.
CN/ots
2015, o ano dos refugiados
Nunca tantas pessoas estiveram em fuga como em 2015. Muitos delas seguiram para a Europa, com o objetivo de chegar à Alemanha ou à Suécia. Confira uma restrospectiva fotográfica do "ano dos refugiados".
Foto: Reuters/O. Teofilovski
Chegada à União Europeia
Esses jovens sírios superaram uma etapa perigosa da sua viagem: eles conseguiram chegar à Grécia e, assim, à União Europeia. O objetivo final, porém, ainda não foi alcançado: eles querem continuar a jornada para o norte, em direção a outros países-membros do bloco. Em 2015, a maioria dos refugiados seguiu para a Alemanha e para a Suécia.
Foto: Reuters/Y. Behrakis
Perigosa travessia do Mediterrâneo
O caminho que eles deixam para trás é extremamente perigoso. Vários barcos com refugiados, nem sempre aptos à navegação, já viraram durante a travessia do Mar Mediterrâneo. Estas crianças sírias e seu pai tiveram sorte: eles foram resgatados por pescadores gregos na costa da ilha de Lesbos, na Grécia.
Foto: Reuters/Y. Behrakis
A imagem que comoveu o mundo
Aylan Kurdi, de 3 anos, não sobreviveu à fuga. No início de setembro, ele se afogou no Mar Egeu, juntamente com o irmão e a mãe, ao tentar chegar à ilha grega de Kos. A foto do menino sírio, morto na praia de Bodrum, espalhou-se rapidamente pela mídia e chocou pessoas de todo o mundo.
Foto: Reuters/Stringer
Onde as diferenças são visíveis
A ilha grega de Kos, a menos de 5 quilômetros de distância da Turquia continental, é o destino de muitos refugiados. As praias geralmente cheias de turistas servem de ponto de desembarque, como no caso deste grupo de refugiados paquistaneses que chegou à costa da Grécia com um bote de borracha.
Foto: Reuters/Y. Behrakis
Em meio ao caos
Porém, muitos refugiados não conseguem simplesmente seguir viagem quando chegam a Kos. Eles somente podem seguir para o continente após serem registrados. Durante o verão europeu, a situação se agravou quando as autoridades fizeram com que os refugiados esperassem pelo registro num estádio, sob o sol escaldante e sem água.
Foto: Reuters/Y. Behrakis
Um navio para refugiados
Por causa da condições precárias, tumultos eram frequentes na ilha de Kos. Para acalmar a situação, o governo grego fretou um navio, que permaneceu ancorado e foi transformado em alojamento temporário para até 2.500 pessoas e em centro de registro de migrantes.
Foto: Reuters/A. Konstantinidis
"Dilema europeu"
Mais ao norte, na fronteira da Grécia com a Macedônia, policiais não permitiam mais a passagem de pessoas, entre elas crianças aos prantos, separadas de seus pais. Esta foto tirada pelo fotógrafo Georgi Licovski no local, e que mostra o desespero de duas crianças, foi premiada pelo Unicef como a imagem do ano, já que mostra "o dilema e a responsabilidade da Europa".
Foto: picture-alliance/dpa/G. Licovski
Sem conexões para refugiados
No final do verão europeu, Budapeste se transformou em símbolo do fracasso das autoridades e da xenofobia. Milhares de refugiados estavam acampados nas proximidades de uma estação de trem da capital húngara, pois o governo do país os proibira de seguir viagem. Muitos decidiram seguir a pé em direção à Alemanha.
Foto: picture-alliance/dpa/B. Roessler
Fronteiras abertas
Uma decisão na noite de 5 de setembro abriu caminho para os refugiados: a chanceler federal alemã, Angela Merkel, e o chanceler austríaco, Werner Faymann, decidiram simplesmente liberar a continuação da viagem por parte dos migrantes. Como consequência, vários trens especiais e ônibus seguiram para Viena e Munique.
Foto: picture alliance/landov/A. Zavallis
Boas vindas em Munique
No primeiro final de semana de setembro, cerca de 20 mil refugiados chegaram a Munique. Na estação central de trem da capital da Baviera, inúmeros voluntários se reuniram para receber os refugiados com aplausos e lhes fornecer comida e roupas.
Foto: Getty Images/AFP/P. Stollarz
Selfie com a chanceler
Enquanto a chanceler federal Angela Merkel era aplaudida por refugiados e defensores de sua política de asilo, muitos alemães se voltavam contra a política migratória. "Se tivermos de pedir desculpas por mostrar uma face acolhedora em situações de emergência, então este não é mais o meu país", respondeu a chanceler. A frase "Nós vamos conseguir" se tornou o mantra de Merkel.
Foto: Reuters/F. Bensch
Histórias na bagagem
No final de setembro, a polícia federal alemã divulgou uma imagem comovente: o presente que uma menina refugiada deu a um policial da cidade alemã de Passau. O desenho mostra o horror que vários migrantes vivenciaram e o quão felizes eles estavam por, finalmente, estarem em um local seguro.
Foto: picture-alliance/dpa/Bundespolizei
O drama continua
Até o final de outubro, mais de 750 mil refugiados haviam chegado à Alemanha. Mas o fluxo não parava. Sobrecarregados, os países da chamada Rota dos Bálcãs decidiram fechar suas fronteiras. Apenas sírios, afegãos e iraquianos estavam autorizados a passar. Em protesto, migrantes de outros países chegaram a costurar seus lábios.
Foto: picture-alliance/dpa/G. Licovski
Sem fim à vista
"Ajude-nos, Alemanha" está escrito em cartazes de manifestantes na fronteira com a Macedônia. Na Europa, o inverno se aproxima, e milhares de pessoas, entre elas crianças, estão presas nas fronteiras. Enquanto isso, até mesmo a Suécia retomou o controle temporário de fronteiras. Em 2016, o fluxo de refugiados deverá continuar.