Mexicanos vão às ruas de várias cidades para demonstrar repúdio à política migratória do presidente americano, Donald Trump. O líder mexicano, Enrique Peña Nieto, também não escapou das críticas dos manifestantes.
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Milhares de mexicanos foram às ruas de diferentes cidades do país neste domingo (12/02) para protestar contra o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e suas políticas contra o México, em uma demonstração de união nacional que também incluiu críticas ao presidente Enrique Peña Nieto.
Cartazes exigindo respeito ao México e criticando o muro na fronteira que Trump quer construir eram os mais vistos nas manifestações na capital do país, Cidade do México. Os participantes também carregavam muitas bandeiras mexicanas.
Em declarações ao jornal El Universal durante a manifestação, o historiador Enrique Krauze explicou que o protesto não é contra os EUA nem contra o povo americano.
"É uma passeata contra o absurdo, a injustiça e o abuso que nossos conterrâneos, suas famílias nos EUA, e, em geral, todo o povo mexicano está sendo vítima por parte deste monstro que, por um acidente histórico, ocupa a Casa Branca", afirmou Krauze.
Alguns manifestantes concordavam com o historiador e chamavam em seus cartazes o presidente americano de "narcisista e psicopata". Em outro, Trump era comparado a Adolf Hitler.
O protesto, que contou com a presença de muitas famílias e no qual as pessoas vestiam branco, foi convocado pelas redes sociais com a hashtag #vibraMéxico. Foram registrados atos na Cidade do México, Mérida, Villahermosa, Guadalajara, Monterrey, Hermosillo, Colima, León, Irapuato e Morelia.
Na capital, a manifestação pretende "expressar rejeição e indignação diante das pretensões do presidente Trump, e contribuir para a busca de soluções concretas para os desafios implicados por elas", de acordo com os organizadores, que definem o movimento como apartidário e pacífico.
Entre as mais de 70 organizações que se uniram à iniciativa estão a Anistia Internacional e a Universidade Nacional Autônoma do México (Unam). Além do #vibraMéxico, outro movimento, batizado como "Mexicanos Unidos", saiu às ruas contra o muro de Trump e em defesa da dignidade e dos direitos dos imigrantes mexicanos nos EUA.
O presidente do México também não escapou das críticas dos manifestantes. Alguns cartazes questionavam o governo e pediam a saída de Peña Nieto.
FC/efe/ots
Fronteira entre EUA e México: sai metal, entra concreto
Uma das promessas mais polêmicas da campanha de Donald Trump foi construir um muro na fronteira sul dos EUA. Ali, já há uma cerca em alguns pontos, que pode ser substituída por concreto.
Foto: Reuters/J. L. Gonzalez
Trump é familiarizado com construções
"Vou construir um grande muro na nossa fronteira sul – e ninguém constrói muros melhor do que eu, e vou fazer com que o México pague por esse muro." Isso é o que o presidente americano, Donald Trump, disse na campanha eleitoral. Até agora, ele construiu sobretudo arranha-céus e hotéis. O muro está no topo de um plano de 10 pontos sobre política de imigração.
Foto: picture-alliance/AP Photo/C. Torres
Final no nada
A fronteira entre EUA e México tem cerca de 3.200 quilômetros – dos quais, cerca de 1.100 quilômetros são protegidos por uma cerca. A fronteira passa por quatro estados americanos e seis mexicanos, por desertos e cidades grandes. Devido à dificuldade de acesso, uma pequena parte da fronteira no Novo México é aberta. Outras áreas são patrulhadas por policiais.
Foto: Reuters/M. Blake
Colosso de metal
O número de imigrantes ilegais que entram no país por ano é estimado em 350 mil, uma grande parte vem do México. Alguns mexicanos irregulares são tolerados no país, mas a família mexicana do outro lado não recebe um visto. Os imigrantes desejam uma vida melhor, emprego e mais dinheiro para as suas famílias.
Foto: picture-alliance/dpa/A. Zepeda
Apenas um pequeno toque
As famílias permanecem separadas pela cerca. Um abraço é impossível. No máximo, as pessoas conseguem esticar as mãos entre as vigas de aço. Se Donald Trump tornar realidade sua promessa eleitoral, como anunciou, logo o concreto vai substituir o aço, impossibilitando qualquer toque.
Foto: picture-alliance/ZumaPress/J. West
Preconceitos
"Quando o México nos manda seus cidadãos, não manda os melhores", disse Trump durante a campanha eleitoral. "Eles enviam pessoas que têm muitos problemas. Eles trazem drogas, crime, estupradores. Alguns, suponho, são boas pessoas." Trump quer deportar imigrantes ilegais, pelo menos, os criminosos. Apesar das ameaças, muitos mexicanos continuam querendo emigrar.
Foto: picture-alliance/AP Photo/G. Bull
Mortes na fuga
Para alguns mexicanos, o sonho termina na fronteira. Eles acabam na prisão. Outros pagam por cruzar ilegalmente a fronteira com a própria vida. Há notícias de que as forças de segurança atiram em migrantes. Seis cidadãos mexicanos inocentes já foram mortos, sem que tenha havido condenação dos responsáveis. Apenas em 2015 um membro da patrulha da fronteira dos EUA foi indiciado.
Foto: Reuters/D.A. Garcia
Armado contra intrusos
Jim Chilton, um fazendeiro americano, vigia sua propriedade. Sua fazenda, de 200 mil metros quadrados, está localizada no sudeste do Arizona e é adjacente ao México. Há apenas uma cerca de arame farpado separando-a do país vizinho. Chilton costuma usar sua arma para defender o terreno.
Foto: Getty Images/AFP/F.J. Brown
Final curioso
"Tortilla Wall". Este é o nome popular e bastante depreciativo de uma parte da fronteira de 22,5 quilômetros de comprimento entre a Otay Mesa Border Crossing, em San Diego (Califórnia), e o Oceano Pacífico.