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SaúdeÁustria

Áustria tem atos contra lockdown e vacinação obrigatória

20 de novembro de 2021

Cerca de 35 mil foram às ruas. É a primeira nação europeia a voltar a adotar restrição de movimento e a determinar vacinação obrigatória contra covid. País registra a terceira maior incidência de casos no mundo.

Multidão aglomerada em ato. Jovem carrega cartaz escrito "Es OsterReicht"
Protesto bloqueou diversas vias no centro de VienaFoto: LEONHARD FOEGER/REUTERS

Cerca de 35 mil manifestantes foram às ruas da Áustria neste sábado (20/11) protestar contra a adoção de um lockdown em todo o país para frear o número de infecções por covid-19. A nação europeia tem hoje a terceira maior taxa de incidência de novos casos do mundo.

A Áustria é o primeiro país europeu a reintroduzir um lockdown contra a pandemia, anunciado na sexta-feira. A medida entra em vigor nesta segunda-feira e durará por até 20 dias. Nesse período, as pessoas só poderão sair de casa para trabalhar, comprar bens de consumo essenciais e fazer exercícios.

Após o fim do lockdown, apenas os vacinados poderão retomar a vida normal. Os não vacinados seguirão proibidos de sair de casa para as atividades não essenciais.

O governo também determinou que a vacinação será obrigatória para todos os moradores da Áustria a partir de 1º fevereiro de 2022. É o primeiro país da Europa a tomar essa decisão para conter a pandemia.

A Áustria já havia imposto um lockdown exclusivo para os não vacinados no início da semana passada, mas o aumento do número de infecções colocou pressão sob o governo para que agisse rápido para conter a disseminação do vírus.

O presidente austríaco, Alexander Van der Bellen, disse em pronunciamento na televisão que havia risco de as divisões na sociedade se aprofundarem, mas que as pessoas deveriam fazer o possível para evitar isso.

Atos foram chamados por líder da ultradireita. Manifestantes carregavam cartazes contra vacinação obrigatória.Foto: Florian Schroetter/AP/picture alliance

Terceira maior incidência do mundo

A Áustria está no seu pico de novas infecções diárias desde o início da pandemia. Neste sábado, foram 13.100 novas infecções. 

A incidência de novos casos da doença está em 1.035 para cada 100 mil pessoas, na média móvel de sete dias. É o terceiro pior resultado no mundo, atrás da Eslováquia e da Eslovênia. Na Alemanha, a incidência está em 362,3 e na Holanda, em 750,6. No Brasil, essa taxa está no momento em 30,2. 

A média de novas mortes diárias por covid na Áustria está em 44,3, abaixo do pico de dezembro passado, quando chegou a 127. Isso ocorre porque a vacinação contra a covid, apesar de não proteger integralmente contra uma infecção ao longo do tempo, tem alto grau de proteção contra casos graves e mortes. A Áustria tem 8,9 milhões de habitantes.

Para ultradireita, país caminha para "ditadura"

As regras rigorosas despertaram a ira de alguns setores da população. O líder do partido de ultradireita FPÖ, Herbert Kickl, que no momento está com covid e não pôde ir ao ato, disse que as normas colocavam o país no rumo de virar uma "ditadura" e pediu que as pessoas manifestassem a maior resistência possível contra as medidas.

Os protestos deste sábado bloquearam diversas vias no centro de Viena. Os participantes gritavam a palavra "liberdade" e muitos levavam bandeiras da Áustria e carregavam cartazes com dizeres como "não à vacinação", "basta" e "abaixo à ditadura facista".

Muitos não usavam máscaras, violando as normas em vigor no país. Um porta-voz da polícia disse que menos de uma dezena de pessoas foram presas, por violarem regras sobre coronavírus ou a proibição de usar símbolos nazistas.

Cerca de 66% da população da Áustria está totalmente vacinada contra a covid-19, uma das piores taxas na Europa ocidentalFoto: Lisa Leutner/AP/picture alliance

Na sexta-feira, a polícia informou que três jovens da cidade de Linz admitiram ter planejado fazer uma emboscada contra policiais durante os protestos. Os dois adolescentes e um homem de 20 anos disseram que planejaram colocar fogo nos policiais.

Cerca de 66% da população da Áustria está totalmente vacinada contra a covid-19, uma das piores taxas na Europa ocidental. Muitos austríacos veem as vacinas com ceticismo, motivados pelo FPÖ, o terceiro maior partido no Parlamento.

Além dos protestos, muitas pessoas foram ao centro de Viena neste sábado para fazer compras no último dia antes do início do lockdown. Centros comerciais em outras partes do país também ficaram lotados, especialmente no norte da Áustria, onde as restrições devem durar mais tempo em função da situação da pandemia nessa região ser mais grave.

Piora da pandemia na Europa

Outros países europeus também estão enfrentando uma nova onda de infecções, que tem como um dos principais motivos a cobertura vacinal insuficiente da população.

Na Alemanha, o ministro da Saúde, Jens Spahn, afirmou na sexta-feira que o país enfrenta uma "emergência nacional" de covid-19 e que não descarta a imposição de um novo lockdown.

Na quinta-feira, a Alemanha também aprovou um pacote de medidas para frear a quarta onda da pandemia, que inclui a necessidade de estar vacinado, ter se recuperado da doença ou ter um teste negativo recente para usar o transporte público, a volta do trabalho em regime de home office sempre que possível e a adoção de restrições mais duras para acesso a bares, restaurantes e eventos conforme evolui a taxa de novas hospitalizações pela doença.

A Holanda também adotou na semana passada novas restrições para conter o avanço da covid, que exigem o fechamento mais cedo de bares, restaurantes e lojas.

Na noite de sexta-feira, houve protestos violentos em Roterdã, a segunda maior cidade da Holanda, quando milhares se manifestaram contra um plano do governo para adotar regras mais rigorosas, que permitem o acesso a locais fechados apenas aos vacinados e recuperados. Carros foram incendiados e houve confrontos entre policiais e manifestantes. Pelo menos sete pessoas ficaram feridas e 20 foram detidas.

bl (Reuters, AFP, dpa, ots)