Protestos contra cortes na área científica propostos pela gestão Trump foram convocados em mais de 500 cidades. Em Washington, cerca de 70 mil manifestantes se reúnem em frente à Casa Branca.
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Milhares de cientistas fazem marchas em cerca de 500 cidades no mundo neste sábado (22/04) para protestar contra os cortes na área científica feita pela gestão do presidente americano, Donald Trump.
A manifestação batizada de "Marcha pela Ciência" coincide com o Dia da Terra e também critica o ceticismo de Trump em relação às mudanças climáticas.
Em Washington, os organizadores esperam reunir até 75 mil pessoas perto da Casa Branca e marchar até o Congresso americano.
No orçamento apresentado em março, Trump propõe aumentar despesas militares em troca de cortes em importantes agências científicas, como a Nasa e a Agência de Proteção Meio Ambiental (EPA).
"Acreditamos que a ciência é importante, é o caminho para o futuro. Não vamos ter outro planeta e o presidente Trump deveria respeitar isso", disse a professora de Ciências Kelsy Tarasse, à Agencia Efe.
O Congresso tem a última palavra na aprovação e modificação do orçamento, e os cientistas esperam que as manifestações sirvam para convencer os legisladores a reprová-lo. Outras cidades dos EUA, como Nova York e Chicago, também fazem atos em apoio à "Marcha pela Ciência".
Em Berlim, os manifestantes carregaram faixas como "Ciência, não silêncio" e "Amamos especialistas - aqueles que têm evidências", e marcharam da Universidade Humboldt até o Portão de Brandemburgo.
Os participantes do protesto fizeram uma parada em frente à Embaixada da Hungria para protestar contra a nova lei húngara que ameaça fechar a Universidade da Europa Central, financiada por George Soros.
Os organizadores dizem que 11 mil pessoas participaram do evento, que teve como principal objetivo destacar a importância da ciência em democracias.
"Nós, berlinenses, sabemos pela nossa história o que a repressão da liberdade significa. É por isso que temos a responsabilidade de nos mobilizar por uma ciência livre e uma sociedade aberta e tolerante", disse o prefeito de Berlim, Michael Müller, que liderou a marcha.
KG/efe/rtr
Nove livros para a era Trump
O novo presidente americano não lê muito. Mas, desde que ele chegou ao poder, livros sobre regimes totalitários voltam à lista de best-sellers. Conheça algumas obras que podem ajudar a entender seu estilo de governar.
Foto: Getty Images/S. Platt
"1984"
Em "1984", George Orwell mostra ao leitor o que é viver num Estado totalitário, onde a vigilância é onipresente, e a opinião pública é manipulada pela propaganda. Desde a eleição de Donald Trump, o romance distópico voltou à lista dos mais vendidos. Mas outros clássicos, que descrevem cenários semelhantes, também se encontram cada vez mais sobre as mesas de cabeceira.
Foto: picture-alliance/akg-images
"As origens do totalitarismo"
O ensaio de Hannah Arendt "As origens do totalitarismo" chamou bastante atenção após a sua publicação em 1951. Arendt, que havia fugido da Alemanha nazista, foi uma das primeiras teóricas a analisar a ascensão de regimes totalitários. Há poucas semanas, o livro apareceu por um curto período como esgotado no site de compras Amazon.
Foto: Leo Baeck Institute
"Admirável mundo novo"
O romance distópico de Aldous Huxley "Admirável mundo novo" ainda é leitura obrigatória para escolares e universitários. O livro do escritor britânico, publicado em 1932, descreve a "Gleichschaltung" (uniformização) de uma sociedade por meio da manipulação e condicionamento.
Foto: Chatto & Windus
"O conto da aia"
A distopia feminista de Margaret Atwood também voltou à lista dos best-sellers. O romance publicado em 1985 se passa nos Estados Unidos do futuro, onde as mulheres são reprimidas e privadas de seus direitos por uma teocracia totalitária no poder. Por medo de cenários semelhantes, muitas mulheres se posicionam hoje contra Trump, que continua a provocar discussões com comentários sexistas.
Foto: picture-alliance / Mary Evans Picture Library
"O homem do castelo alto"
Em 1962, Philip K. Dick descreveu em seu romance "O homem do castelo alto" como seria a vida nos Estados Unidos sob a ditadura de vitoriosos nazistas e japoneses após a Segunda Guerra. Em 2015 foi transmitida uma série de TV baseada vagamente no livro do escritor americano. Os cartazes de propaganda do seriado no metrô de Nova York (foto) foram motivo de controvérsia devido à sua simbologia.
Foto: Getty Images/S. Platt
"The United States of Fear"
O livro não ficcional de Tom Engelhardt ainda não publicado no Brasil "The United States of Fear" ("Os Estados Unidos do medo", em tradução livre) foi lançado em 2011. A obra analisa como o fator "medo" favorece investimentos maciços do governo americano nas Forças Armadas, em guerras e na segurança nacional – levando o país, segundo a tese do autor, à beira do abismo.
Foto: Haymarket Books
"Things That Can and Cannot Be Said"
"Things that can and cannot be said" ("As coisas que podem e não podem ser ditas", em tradução livre) é uma coletânea de ensaios e conversas, na qual a autora Arundhati Roy e o ator e roteirista John Cusack refletem sobre o seu encontro com o whistleblower Edward Snowden, em 2014, em Moscou. O livro aborda principalmente a vigilância em massa e o poder estatal.
Foto: picture alliance / Christian Charisius/dpa
"O poder dos sem-poder"
Em seu texto "O poder dos sem-poder" (1978), o escritor e posterior presidente tcheco Vaclav Havel analisa os possíveis métodos de resistência contra regimes totalitários. Ele próprio passou diversos anos na prisão como crítico do governo comunista. Seu ensaio se tornou um manifesto para muitos opositores no bloco soviético.
Foto: DW/M. Pedziwol
"Mente cativa"
Em 1970, o autor polonês e posterior Nobel de Literatura Czeslaw Milosz se tornou cidadão americano. Sua não ficção "Mente cativa" (1953) fala sobre suas vivências como escritor crítico do governo no bloco soviético. Trata-se de um ajuste de contas intelectual com o stalinismo, mas também com a – em sua opinião – enfraquecida sociedade de consumo ocidental.