Milhares prestam última homenagem a Muhammad Ali
11 de junho de 2016Um serviço memorial interreligioso em homenagem à vida da lenda do boxe Muhammad Ali foi celebrado, nesta sexta-feira (10/06), na sua cidade natal de Lousville, no estado americano de Kentucky. A cerimônia com a presença de celebridades, políticos e ex-esportistas sucedeu a um cortejo fúnebre que foi acompanhado por milhares de fãs de Ali, que morreu na última sexta-feira, aos 74 anos.
O comboio passou pelos lugares que foram importantes na infância e no início da carreira de Ali, nascido em Louisville em 17 de janeiro de 1942 como Cassius Marcellus Clay Jr. Cerca de 100 mil fãs aguardaram à beira da estrada a passagem do cortejo – muitos segurando fotos do tricampeão mundial dos pesos-pesados e jogando flores pelo caminho e no carro que levava o corpo do ex-boxeador. O cortejo foi acompanhado também pelos nove filhos, pela atual esposa e pelas duas ex-mulheres de Ali.
Posteriormente, líderes religiosos e políticos, além de inpumeros rostos famosos do mundo esportivo se reuniram numa cerimônia interreligiosa, que foi realizada numa arena esportiva com capacidade para um público de 20 mil pessoas. Entre os presentes estava o ex-presidente dos EUA Bill Clinton.
"Ali foi um soldado universal de nossa comum humanidade", disse Clinton. Para o ex-presidente, uma das razões para a dimensão mítica de Ali foi "sua decisão de escrever sua própria história". "E as decisões que tomou são as que nos fazem congegrar aqui, neste momento", concluiu Clinton.
Em suas primeiras delcarações públicas desde a morte de Ali, a viúva Loonie Ali falou sobre como o ex-boxeador queria ser lembrado após sua morte. "Muhammad indicou que quando o fim chegou para ele, ele queria usar sua vida e sua morte como um momento de ensino. Ele queria lembrar as pessoas que sofrem que ele também viu a face da injustiça", disse ela. "Porém, ele nunca se amargurou o suficiente para desistir ou se envolver em violência."
A cerimônia contou também com a presença do rei Abdullah da Jordânia, do ex-jogador de futebol David Beckham, do ator Will Smith, que interpretou Ali nos cinemas, o empresário Don King, além de outras lendas do boxe mundial, como George Foreman, Mike Tyson e Lennox Lewis.
O presidente dos EUA, Barack Obama, não foi capaz de participar da cerimônia por causa da formatura de sua filha Malia. Mas a assessora de Obama, Valerie Jarrett, leu uma carta do presidente na qual Obama afirma que Ali ajudou-no a ter audácia de pensar que poderia um dia ser presidente do país.
"Muhammad Ali era os Estados Unidos. Audacioso. Desafiador. Pioneiro. Incansável. Sempre se arriscou contra as probabilidades. Ele encarnava nossas liberdades mais básicas: de religião, de expressão e de espírito", diz a carta de Obama.
Quando um líder muçulmano saudou a congregação de 15 mil presentes , o público presente explodiu em aplausos, cantando "Ali! Ali!". Líderes de várias religiões discursaram durante o serviço memorial, incluindo o pastor de Louisville, Kevin Cosby. O líder cristão elogiou Ali por seus esforços em quebrar barreiras raciais, afirmando que a lenda do boxe "amava a todos", independentemente de sua origem.
O rabino Michael Lerner também prestou suas homenagens a Ali por defender aquilo em que acreditava. Devido à sua controversa conversão ao islã, Ali foi temporariamente banido do boxe e perdeu todos os seus títulos após ter formalmente protestado contra a Guerra do Vietnã e se recusado a lutar como soldado.
Ali morreu na última sexta-feira de um choque séptico após três longas décadas de batalha contra o Mal de Parkinson. Ele tinha 74 anos. Ali será lembrado como um dos atletas mais importantes do século 20. Além de suas diversas conquistas esportivas, medalha de ouro olímpica e impressionante carreira de recordes, ele era um defensor de muitas causas políticas e sociais. Ficam as lembranças e as lições do ex-boxeador – em sua lápide está escrito apenas uma palavra: "Ali".
PV/rtr/ap