Milhares protestam contra movimento xenófobo na Alemanha
21 de outubro de 2018
Em oposição a comício em comemoração dos quatro anos do movimento anti-islã Pegida, cerca de 10 mil pessoas participam de manifestações contra o racismo em Dresden, no leste do país. Prefeito defende tolerância.
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Milhares de pessoas saíram às ruas de Dresden, no leste da Alemanha, neste domingo (21/10) para protestar contra o racismo e a xenofobia e fazer oposição a um comício em comemoração do quarto aniversário do movimento Pegida (sigla em alemão para "Patriotas europeus contra a islamização do Ocidente").
Cerca de 500 policiais foram acionados para garantir a segurança na cidade em meio às manifestações rivais, que, segundo as autoridades locais, decorreram tranquilamente.
Numa das marchas antirracismo – iniciada por volta do meio-dia (hora local) no bairro Neustadt, com direção ao centro da cidade – manifestantes seguravam cartazes com dizeres como "Juntos contra a guinada à direita na Europa".
Segundo Gerhard Ehninger, um dos organizadores dos protestos contra o Pegida com o lema Herz statt Hetze (Amor em vez de ódio, em tradução livre), cerca de 10 mil pessoas se juntaram às marchas: 4 mil partindo do bairro Neustadt, e outros 6 mil partindo da estação central da cidade.
O ministro do Exterior alemão, Heiko Maas, classificou o quarto aniversário do Pegida como um "dia triste para o nosso país". Por meio do Twitter, ele elogiou as manifestações contrárias ao movimento anti-islã em Dresden.
O prefeito de Dresden, Dirk Hilbert, se juntou aos manifestantes contrários ao movimento xenófobo. Ao discursar diante da prefeitura, ele defendeu a diversidade na cidade.
"Estou muito feliz que tantas pessoas vieram para enviar um sinal claro de que queremos ser uma cidade aberta ao mundo e tolerante. Tenho orgulho disso", disse.
O prefeito afirmou que, como cidadão de Dresden, não pode tolerar ataques a pessoas de origem estrangeira na cidade. Michael Kretschmer – governador da Saxônia, cuja capital é Dresden – também se juntou às manifestações.
Apoiadores do Pegida, por sua vez, se reuniram na praça Neumarkt, no centro da cidade. Estima-se que 5 mil pessoas tenham participado do ato, mas a polícia não divulgou números oficiais. Cerca de dez adeptos do movimento discursaram, adotando um tom majoritariamente anti-islã. Nas pausas entre os discursos, manifestantes gritavam "Fora Merkel".
Na famosa igreja Frauenkirche de Dresden, fiéis se reuniram neste domingo para fazer uma oração pela paz.
Ascensão e queda
O Pegida foi fundado em outubro de 2014 pelo empresário Lutz Bachmann e rapidamente conquistou adeptos a suas manifestações semanais em Dresden, a favor de limites rígidos para a imigração. O movimento se expandiu para outras cidades e chamou atenção da mídia à medida que dezenas de milhares de pessoas se juntavam a suas marchas.
A onda de apoio ao Pegida ajudou a impulsionar o partido populista de direita Alternativa para a Alemanha (AfD), fundado em 2013 com uma ideologia eurocética. Aos poucos, a AfD foi se inclinando mais para a direita, adotando um discurso anti-islã e, apesar de enfrentar forte oposição no país, conquistou o posto de maior partido de oposição no Bundestag (Parlamento alemão).
Numa pesquisa de opinião divulgada em setembro, a AfD se mostrou como a segunda força política no país, com 18% de apoio popular, atrás apenas da União Democrata Cristã (CDU), da chanceler federal alemã, Angela Merkel, e de seu partido-irmão União Social Cristã (CSU).
O apoio tanto ao Pegida quanto à AfD cresceu com a crise migratória de 2015 e 2016, quando mais de um milhão de migrantes – em grande parte vindos da Síria e do Afeganistão – chegaram à Alemanha em busca de refúgio.
Em agosto deste ano, o Pegida foi um de vários grupos de extrema direita que participaram de protestos na cidade de Chemnitz, no leste do país, convocados após um alemão de 35 anos ser esfaqueado e morto na cidade, supostamente vítima de um ataque realizado por um requerente de refúgio. Durante os protestos, pessoas de aparência estrangeira foram perseguidas e atacadas.
Apesar da recente atuação em Chemnitz, o apoio ao Pegida vem diminuindo. Em 2016, o grupo tinha 200 mil seguidores no Facebook, e agora caiu para cerca 56 mil. Suas manifestações, que chegaram a reunir 25 mil pessoas, agora contam com cerca de mil participantes.
Reveja alguns dos principais acontecimentos do mês.
Foto: AFP/Getty Images/J. Nackstrand
Juiz e procurador denunciados por crimes na ditadura
O Ministério Público Federal denunciou um juiz e um procurador militares, ambos aposentados, e um ex-delegado por envolvimento ou acobertamento do assassinato do militante político Olavo Hanssen em maio de 1970, durante a ditadura militar. Esta é a primeira denúncia do MPF contra membros do Ministério Público e do Judiciário por suspeita de legitimar crimes durante o regime autoritário. (31/10)
Foto: Comissao Nacional da Verdade
Enfermeiro admite ter matado 100 pacientes
O enfermeiro alemão Niels H., acusado de ter matado 100 pacientes, confessou as mortes durante o primeiro dia do julgamento do caso. O réu já cumpre pena de prisão perpétua pelo assassinato de seis pessoas. Niels teria injetado nas vítimas uma medicação que desencadeou complicações que levaram às mortes, a fim de impressionar colegas de trabalho ao tentar reanimar os pacientes. (30/10)
Foto: picture-alliance/dpa/J. Stratenschulte
Merkel vai deixar política após atual legislatura
A chanceler federal da Alemanha, Angela Merkel, anunciou que vai deixar a política ao término da atual legislatura, previsto para 2021. Aos 64 anos, ela afirmou que não vai mais se candidatar a presidente da CDU, partido que comanda há 18 anos. A eleição está marcada para dezembro. Merkel pretende, porém, continuar no cargo de chanceler federal, que ocupa há 13 anos, até o fim do mandato. (29/10)
Foto: picture-alliance/AP Photo/M. Schreiber
Bolsonaro é eleito presidente
O capitão reformado de extrema direita Jair Bolsonaro (PSL) foi eleito presidente no segundo turno das eleições, com pouco mais de 55% dos votos válidos. O ex-deputado foi considerado um pária no mundo político brasileiro por mais de duas décadas, mas soube aproveitar o sentimento antissistema e antipetista de parte do eleitorado. Seu adversário, Fernando Haddad (PT), teve quase 45%. (28/10)
Foto: Reuters/S. Moraes
Detido suspeito nos EUA
As autoridades dos EUA prenderam em Plantation, na Flórida, um suspeito de estar envolvido no envio de 13 pacotes-bomba a políticos democratas, como o ex-presidente Barack Obama e Hillary Clinton, e críticos do atual presidente americano Donald Trump. Apoiador fervoroso de Trump, suspeito tem 56 anos e passagens pela polícia, inclusive por ameaça de ataque a bomba. (26/10)
Foto: picture-alliance/Newscom/J. Angelillo
Pacote suspeito é enviado a Robert De Niro
Um pacote suspeito de conter um artefato explosivo semelhante a outros enviados a personalidades ligadas ao Partido Democrata, incluindo Hillary Clinton e Barack Obama, foi enviado ao ator Robert De Niro. O FBI investiga uma agência postal no estado de Delaware, onde outro pacote teria sido interceptado antes de ser enviado ao ex-vice-presidente dos EUA Joe Biden. (25/10)
Foto: Reuters/B. McDermid
Protesto em defesa da indústria do carvão
Cerca de 20 mil trabalhadores da indústria do carvão protestaram na cidade alemã de Bergheim, exigindo a proteção aos seus empregos, enquanto uma comissão do governo federal prepara um plano para extinção escalonada da utilização dessa fonte de energia. Na manifestação, os mineiros marcharam sob o slogan "sem bom trabalho não há bom meio ambiente, levantamos a voz por nossos empregos". (24/10)
Foto: picture-alliance/dpa/H. Kaiser
China inaugura maior ponte do mundo
A China inaugurou maior ponte marítima do mundo, que liga as cidades de Hong Kong e Macau a Zhuhai, na China continental. A megaobra de 55 quilômetros de extensão, que compreende trechos de estrada, três pontes, ilhas artificiais e um túnel subaquático, faz parte de um ambicioso projeto para integrar economicamente 11 cidades no delta do Rio das Pérolas. (23/10)
Foto: picture-alliance/dpa/MAXPPP
Austrália pede perdão a vítimas de abuso sexual
O premiê australiano, Scott Morrison, fez um pedido formal de desculpas em nome do país às vítimas de abuso sexual infantil. Em discurso emocionado no Parlamento, em Camberra, Morrison disse que a Austrália deve reconhecer o sofrimento vivido por essas pessoas durante décadas, assim como o fracasso do Estado em protegê-las desses "crimes sombrios e maléficos". (22/10)
Foto: Getty Images/AFP/S. Davey
Centro-americanos marcham rumo aos EUA
Após atravessar fronteira mexicana, milhares de migrantes, a maioria proveniente de Honduras, prosseguem em direção aos EUA. Muitos foram obrigados a recuar por forças de segurança mexicanas e permanecem na ponte que liga Guatemala e México. (21/10)
Foto: Getty Images/AFP/P. Pardo
Pedaço da Lua é vendido por mais de US$ 600 mil
Meteorito lunar de 5,5 quilos é arrematado por valor acima do esperado em leilão nos EUA. Fragmento foi encontrado na África no ano passado e deverá ser exposto em templo no Vietnã. Apelidado de "Buagaba" ou "quebra-cabeça lunar", meteorito é composto de fragmentos que se encaixam como num quebra-cabeça. Oferta vencedora foi feita por pessoa ligada ao complexo religioso Tam Chuc Pagoda. (20/10)
Foto: icture-alliance/AP Photo/R. Ngowi
Crânio de Luzia é encontrado
Pesquisadores do Museu Nacional, no Rio de Janeiro, encontraram o crânio de Luzia, o fóssil humano mais antigo descoberto na América e que revolucionou os estudos sobre o povoamento do continente americano. Os ossos foram localizados nos escombros do edifício atingido por um incêndio em 2 de setembro. Apesar de alguns danos ao fóssil, técnicos comemoram as boas condições das peças. (19/10)
Foto: picture-alliance/AP Photo/A. Macieira
Salto do século completa 50 anos
Marca de 8,90 metros alcançada pelo americano Bob Beamon nos Jogos Olímpicos da Cidade do México é considerada um dos cinco maiores momentos do esporte do século 20. Salto veloz e vigoroso foi conquistado na final olímpica em 18 de outubro de 1968, na primeira tentativa, completando assim seus 50 anos. Beamon, com 22 anos na época, foi detentor do recorde mundial por mais de duas décadas. (18/10)
Foto: picture-alliance/Werek
Canadá legaliza maconha
O Canadá se tornou o segundo país do mundo a legalizar o uso da maconha para fins recreativos, depois do Uruguai, que adotou a medida em 2013. A partir de agora, cada consumidor poderá portar até 30 gramas da droga, além de cultivar até quatro pés de maconha em casa. O governo federal comunicou ainda que perdoará todas as pessoas com condenações por posse de até 30 gramas. (17/10)
Foto: picture-alliance/imageBROKER
Temer é indiciado no inquérito dos portos
A Polícia Federal concluiu um inquérito que apurava suspeitas de fraudes na edição do Decreto dos Portos, envolvendo o presidente Michel Temer. Em seu relatório final, a corporação indiciou o chefe de Estado e sua filha Maristela, além de outras nove pessoas, e pediu o bloqueio de bens de todos eles. Também solicitou a prisão de quatro envolvidos, incluindo um coronel amigo de Temer. (16/10)
Foto: Reuters/R. Moraes
Morre Paul Allen, cofundador da Microsoft
O empresário americano Paul Allen, que fundou a gigante Microsoft nos anos 1970 ao lado de seu amigo de infância Bill Gates, morreu aos 65 anos nos Estados Unidos. Ele vinha lutando contra um tipo de câncer conhecido como linfoma não-Hodgkin. Bilionário, ele comprou clubes esportivos e era conhecido pela filantropia. "O computador pessoal não teria existido sem ele", disse Gates em nota. (15/10)
Foto: Getty Images/K. Kulish
Papa canoniza mártir salvadorenho e Paulo 6º
O papa Francisco declarou santos o arcebispo salvadorenho Óscar Romero e o papa Paulo 6º , juntamente com cinco outras pessoas menos conhecidas. Romero, assassinado por um tiro em pleno altar enquanto realizava uma missa em 1980, e Paulo 6º, que liderou a Igreja nos momentos de encerramento do Concílio Vaticano 2º, foram figuras discutidas e contestadas tanto dentro como fora da Igreja. (14/10)
Ato contra intolerância em Berlim
Dezenas de milhares de pessoas foram às ruas do centro de Berlim protestar contra a extrema direita e a favor de uma sociedade mais tolerante. Os organizadores afirmaram que cerca de 240 mil pessoas compareceram à manifestação. O Brasil também foi lembrado. Participantes levaram cartazes e faixas com dizeres de protesto contra o presidenciável Jair Bolsonaro (PSL), além da hashtag #EleNão. (13/10)
Foto: Getty Images/AFP/J. MacDougall
Fogo em trem de alta velocidade na Alemanha
Um trem de alta velocidade que ia de Colônia para Munique, na Alemanha, pegou fogo durante o trajeto próximo a Dierdorf. Cinco pessoas se feriram levemente ao sair do veículo. As causas do incêndio estão sendo investigadas. As chamas começaram no primeiro vagão logo após a locomotiva. (12/10)
Foto: Reuters/W. Rattay
Falha e pouso de emergência
Dois astronautas tiveram que fazer um pouso de emergência após uma falha logo após o lançamento da aeronave russa Soyuz MS-10 que os levaria até a Estação Espacial Internacional (ISS). Os dois voltaram à Terra numa cápsula que aterrissou perto da cidade de Dzhezkazgan, no Cazaquistão, após o lançamento mal-sucedido. (11/10)
Foto: picture-alliance/dpa/Sputnik/A. Filippov
Keiko Fujimori é detida no Peru
A líder da oposição no Peru Keiko Fujimori foi detida por suspeita de lavagem de dinheiro, após ser interrogada num tribunal. A filha do ex-presidente Alberto Fujimori é acusada de receber doações ilegais da Odebrecht para campanhas presidenciais. Ela nega as acusações. (10/10)
Foto: Imago/Agencia EFE/E. Arias
Embaixadora dos EUA na ONU renuncia
A embaixadora dos EUA na ONU, Nikki Haley, vai deixar o cargo no fim deste ano, anunciou o presidente Donald Trump, após a mídia americana noticiar a mais recente de uma série de baixas para o governo do republicano. A embaixadora não divulgou o motivo de sua renúncia, afirmando apenas ser "importante reconhecer quando é tempo de se afastar". (09/10)
Foto: Reuters/J.Ernst
ONU alerta sobre aquecimento global
Para limitar o aumento da temperatura do planeta a 1,5°C e, assim, evitar drásticas alterações no clima serão necessárias "mudanças rápidas, vastas e sem precedentes" em nível global, alertou o Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas da ONU. Além de fenômenos climáticos extremos, um aumento maior que esse afetaria a saúde, o fornecimento de água e o crescimento econômico. (08/10)
Foto: picture-alliance/AP Photo/F. Bustamante
Bolsonaro e Haddad no segundo turno
Em uma das eleições mais polarizadas da história, milhões de eleitores brasileiros foram às urnas e decidiram enviar ao segundo turno os candidatos Jair Bolsonaro (PSL) e Fernando Haddad (PT). Favorito no Sul e Sudeste, o ex-militar teve 46% dos votos válidos contra 29% do petista, que foi o mais votado em oito estados do Nordeste e no Pará. Em terceiro, Ciro Gomes (PDT) teve 12%. (07/10)
Nobel da Paz premia luta contra violência sexual
O médico congolês Denis Mukwege e a ativista yazidi Nadia Murad foram os vencedores do Nobel da Paz de 2018, por seus esforços para "acabar com o uso da violência sexual como arma de guerra". Mukwege, de 63 anos, passou grande parte de sua vida atendendo vítimas de violência sexual no Congo. Murad, de 25, sobreviveu à escravidão sexual perpetrada pelo "Estado Islâmico" no Iraque. (05/10)
A Holanda informou que seus serviços de inteligência frustraram um ataque cibernético contra a Organização para Proibição de Armas Químicas (Opaq), com sede no país, em abril. O país expulsou quatro supostos espiões russos envolvidos no caso. Os agentes teriam estacionado um veículo num hotel próximo à sede da Opaq com o objetivo de hackear o sistema de wi-fi e computadores da organização. (04/10)
O Prêmio Nobel de Química de 2018 foi atribuído a três cientistas bioquímicos pela utilização dos princípios da evolução para desenvolver proteínas que resolvem os problemas químicos da humanidade. Metade do prêmio foi à evolucionista americana Frances H. Arnold (à dir.), e a outra metade será dividida entre o americano George P. Smith (centro) e o britânico Gregory P. Winter (à esq.). (03/10)
Nobel de Física premia 1ª mulher em 55 anos
O americano Arthur Ashkin, o francês Gérard Mourou e a canadense Donna Strickland (foto) foram agraciados com o Nobel de Física de 2018 por suas pesquisas e invenções no campo da física do laser. Ashkin, de 96 anos, é a pessoa mais velha a ganhar um Nobel. Já Strickland é a terceira mulher da história a levar o prêmio de Física, concedido desde 1901, e a primeira a ser premiada em 55 anos. (02/10)
Foto: picture-alliance/AP Images/N. Denette
Nobel de Medicina para avanços contra o câncer
O americano James P. Allison e o japonês Tasuku Honjo foram os vencedores do prêmio Nobel de Medicina de 2018. Eles foram premiados por seus estudos que permitiram avanços no tratamento contra o câncer, anunciou o Instituto Karolinska de Estocolmo. As descobertas feitas pelos dois cientistas permitem novos métodos para a inibição da regulação negativa do sistema imunológico. (01/10)