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Milhares protestam contra violência policial em Paris

13 de junho de 2020

Movimento é inspirado em manifestações contra o racismo nos EUA e usa o lema “Justiça para Adama”, em referência a um jovem de origem norte-africana que morreu em uma ação policial em 2016.

Frankreich Ausschreitungen bei Black Live Matter Protesten
Manifestantes em Paris. Movimento é inspirado em ações americanas desencadeadas pela morte de George FloydFoto: Getty Images/AFP/A. C. Poujoulat

Milhares de pessoas tomaram as ruas de Paris neste sábado (13/06) para protestar contra a brutalidade policial e o racismo. Houve choques com a polícia, que usou gás lacrimogênio contra os manifestantes. Pelo menos 15 mil pessoas participaram da manifestação.  

A marcha começou pacífica e racialmente diversa, mas já marcada por alguns incidentes. Um pequeno grupo de supremacistas brancos da extrema direita subiu num prédio com vista para os protestos e desenrolou uma enorme faixa denunciando o "racismo antibranco".

A polícia não deteve esses contramanifestantes, mas os moradores do prédio rasgaram parte da faixa. Os agentes impediram as pessoas que participavam na manifestação principal de se aproximarem dos ativistas de extrema direita.

A polícia também cercou o percurso da marcha, preparando-se para possíveis distúrbios posteriores, como ocorreu em manifestações anteriores no país

A marcha deste sábado foi inspirada no movimento americano Black Lives Matter ("Vidas Negras Importam"), que ganhou força após morte do afro-americano George Floyd. Já a manifestacao francesa foi organizada com o lema “Justiça para Adama”, em referência a Adama Traoré, um jovem francês de origem norte-africana que morreu em circustâncias não esclarecidas em 2016 enquanto era imobilizado por policiais.

Myriam Boicoulin, de 31 anos, nascida na ilha da Martinica, território francês no Caribe, disse ter protestado hoje porque quer "ser ouvida".

"O fato de ser visível é enorme. [Enquanto mulher negra vivendo em Paris] sou constantemente obrigada a me adaptar, a fazer concessões para ser quase branca, de fato. É a primeira vez que as pessoas nos veem. Deixem-nos respirar", afirmou.

"Estamos todos exigindo a mesma coisa: justiça justa para toda a gente", afirmou a irmã de Traoré, Assa, à multidão.

No protesto, um enorme retrato mostrava uma face, em que metade era a cara de Floyd e a outra a de Traoré. Faixas penduradas entre árvores da Praça da República exibiam nomes de dezenas de outros que morreram ou sofreram violência nas mãos da polícia francesa.

Depois dos protestos globais desencadeados pela morte de Floyd, o governo francês está sob crescente pressão para responder a acusações de vários anos envolvendo violência da polícia, particularmente contra minorias.

JPS/lusa/ots

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