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SaúdeFrança

Milhares protestam na França contra "ditadura" da vacina

15 de julho de 2021

Manifestantes criticam decisão do governo de exigir apresentação de um passaporte sanitário para entrada em locais como cinemas e restaurantes e obrigar profissionais da saúde a se vacinar.

Manifestante chuta lata de gás lacrimogêneo de volta para a polícia durante um protesto no centro de Paris em 14 de julho de 2021 contra uma decisão governamental de impor testes de covid-19 para pessoas não vacinadas que querem comer em restaurantes ou fazer viagens de longa distância.
Em Paris, manifestantes foram dispersados com gás lacrimogêneoFoto: Geoffroy van der Hasselt/AFP

Milhares de pessoas foram às ruas de diversas cidades francesas nesta quarta-feira (14/07) para protestar contra novas restrições anticoronavírus anunciadas pelo governo. Em Paris, onde estima-se que cerca de 2.200 pessoas participaram da manifestação, a polícia chegou a disparar gás lacrimogêneo para dispersá-las.

Alguns protestos começaram logo pela manhã, coincidindo com a celebração anual da queda da Bastilha, enquanto o tradicional desfile militar acontecia ao longo da Avenida Champs-Élysées, na presença do presidente Emmanuel Macron. Cidades como Toulouse, Bordeaux, Montpelier e Nantes também registraram manifestações, com o número total de pessoas estimado em cerca de 19 mil em todo o país, segundo as autoridades francesas.

Os manifestantes expressaram descontentamento com a decisão anunciada pelo governo Macron na segunda-feira de obrigar os profissionais de saúde a se vacinarem, bem como de impor à população em geral a obrigatoriedade de apresentar um passaporte sanitário para entrar em locais públicos.

O comprovante deve permitir verificar se uma pessoa está totalmente vacinada há pelo menos 15 dias ou se ela fez recentemente um teste PCR negativo para que possa ter acesso a espaços de lazer e de cultura com mais de 50 pessoas. A partir de agosto, terá que ser apresentado também para frequentar cafés, bares, restaurantes e centros comerciais, bem como em hospitais e asilos, além de aviões, trens e até carros em caso de viagens de longa distância.

Críticos de Macron acusam o presidente de minar as liberdade individuais e discriminar quem não quer se vacinar.

"Abaixo a ditadura", "abaixo o passaporte sanitário", gritavam manifestantes.

Yann Fontaine, de 29 anos, argumentou que a imposição do certificado levaria à "segregação". "Macron joga com o medo; é revoltante. Conheço pessoas que agora serão vacinadas apenas para que possam levar seus filhos ao cinema, e não para proteger outras pessoas das formas graves de covid", disse ele.

"É totalmente arbitrário e completamente antidemocrático", disse outro manifestante, que se identificou como Jean-Louis.

Procura por vacina sobe

Desde o anúncio das novas restrições, a França observou um número recorde de agendamentos para obter a imunização. O súbito interesse contrasta com a disponibilidade em se vacinar no início da pandemia, quando o país registrava um dos níveis mais altos de ceticismo da vacina entre países ricos.

Na terça, o governo defendeu as restrições como uma forma de tentar evitar um aumento de casos da variante delta, tida como mais contagiosa. Macron também anunciou que os testes de covid-19 do tipo PCR não serão mais gratuitos a partir de outubro, salvos os casos em que o teste seja obrigatório. O objetivo da medida é estimular a vacinação em detrimento dos testes.

"Não há nenhuma obrigação de se vacinar; é no máximo um incentivo", disse o porta-voz do governo, Gabriel Attal. "Tenho dificuldade em compreender que, num país onde 11 vacinas já são obrigatórias [...], isto pode ser visto como uma ditadura", continuou, acrescentando que após um ano de testes, "já passou a fase das dúvidas".

ip/lf (AFP, Reuters)

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