Milhares protestam na França contra reforma trabalhista
23 de setembro de 2017
Manifestantes tomaram ruas de Paris para se manifestar contra decretos de Emmanuel Macron que flexibilizam a legislação.
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Dezenas de milhares de pessoas tomaram as ruas de Paris neste sábado (23/09) para protestar contra a reforma trabalhista do presidente da França, Emmanuel Macron. A manifestação foi organizada pelo ex-candidato à Presidência e líder da esquerda radical do país, Jean-Luc Mélénchon.
A manifestação foi organizada em forma de marcha entre as praças da Bastilha e da República e ocorreu um dia depois de Macron ter assinado uma série de decretos que flexibilizam as relações de trabalho no país.
O líder da extrema-esquerda estava na frente do protesto, ao lado de outros deputados de seu partido, o França Insubmissa. No Twitter, ele publicou uma foto com a mensagem: "Resistência! Bravo para todos os assalariados em luta pelos nossos direitos”.
O protesto, é o terceiro depois dos últimos dias que tiveram como alvo o que chamam de "golpe de estado social”.
Além do França Insubmissa, outras lideranças políticas tomaram parte no protestos, como o candidato do Partido Socialista nas eleições presidenciais, Benoît Hamon, e representantes da direção do Partido Comunista Francês.
A reforma
A reforma visa simplificar as regras trabalhistas para que as empresas possam se ajustar mais rapidamente às oscilações da economia. A meta do governo é diminuir a elevada taxa de desemprego do país, que desde 2010 se encontra pouco abaixo dos 10% – mais que o dobro dos níveis verificados na Alemanha e no Reino Unido e acima da média europeia, que é de 7,8%.
Macron, que assumiu a presidência da França há quatro meses, afirmou que a reforma das leis trabalhistas promove uma "transformação inédita do sistema social" do país e é "indispensável para nossa economia", mas sindicatos alegam que os direitos dos trabalhadores serão reduzidos
Além de trazer "soluções pragmáticas para as pequenas e médias empresas", que "são as que mais geram empregos", os efeitos da nova medida "serão estruturantes sobre o emprego, especialmente para os mais jovens", destacou o presidente.
Sobre as acusações de que a reforma beneficia somente o setor empresarial, Macron garantiu que os decretos "introduzem novos direitos e proteção para os trabalhadores e seus representantes".
O papel da França, segundo Macron
Eleito o mais jovem presidente da República francesa, Macron é considerado um europeu convicto. Para ele, não há alternativa para a França, senão apoiar o mercado comunitário. Veja os principais planos para o país.
Foto: picture alliance/dpa/Maxppp/D. Fouray
União Europeia
Macron se diz - e é amplamente considerado - pró-europeu. Ele defende um fortalecimento da UE e ressalta que o futuro dos países europeus está somente na comunhão de interesses. A França, afirma, só irá adiante com ajuda dos vizinhos.
Foto: picture-alliance/dpa/R. Hirschberger
Euro
Para Macron, a permanência da França na moeda comum europeia é uma obviedade. Mas ele defende mudanças: um orçamento próprio para a zona do euro, inclusive ministro das Finanças e controles parlamentares. Isso inclui também mudança nas regras fiscais – ou seja, quanto de dívida um país pode fazer. Os detalhes não são claros. Essa reestruturação só seria viável com uma alteração dos tratados da UE.
Foto: picture alliance/dpa/Schönberger
Segurança
O presidente eleito quer aumentar o número de policiais, que havia sido cortado sob o governo Sarkozy. No mais, ele aposta nos meios disponíveis e na cooperação europeia para o combate ao terrorismo.
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Imigração
Macron considera o acolhimento dos requerentes de refúgio e estudantes estrangeiros como "oportunidade e motivo de orgulho." Ele defende a proteção das fronteiras externas da UE, a fim de limitar o influxo de imigrantes e, de resto, respeita as decisões dos acordos europeus.
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Comércio
Macron defende uma ordem econômica liberal. Ele quer reformar o país e torná-lo mais competitivo. Isso inclui promover a criação de empresas e reduzir os encargos financeiros. O ex-ministro francês da Economia é amigo do livre-comércio e aposta em tecnologias de ponta. Ao mesmo tempo, ele pretende reduzir o número de funcionários públicos, diminuir a burocracia e enxugar o aparato estatal no país.
Foto: AFP/Getty Images/A.-C. Poujoulat
Mercado de trabalho
Macron defende uma maior flexibilidade para o rígido mercado de trabalho e almeja reduzir custos sociais, principalmente no seguro-desemprego. Isso inclui cortes no direito à assistência. A princípio, ele planeja uma idade de aposentadoria de 62 anos, com um posterior aumento desse limite de idade.
Foto: picture-alliance/dpa/J. Büttner
Putin e Otan
Macron defende as sanções e o distanciamento político existente entre a Europa e a Rússia. Espera-se que ele aposte amplamente na continuidade da política externa e de segurança da França, em ampla cooperação com a Alemanha e a Aliança Atlântica.