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Milhares protestam na Grécia contra novas medidas de austeridade

6 de novembro de 2012

Gregos saíram às ruas e greves paralisaram Atenas pelo segundo dia seguido, em protestos contra novo plano de austeridade prevendo cortes de salários e aposentadorias. Pacote vai a votação na quarta-feira.

Foto: Reuters

Dezenas de milhares de gregos saíram às ruas nesta terça-feira (06/11), no mais recente protesto contra um novo pacote de austeridade do governo, destinado a tentar garantir a ajuda internacional necessária para evitar que o país entre em falência estatal.

Cerca de 40 mil pessoas foram às ruas em Atenas, segundo estimativas da polícia. Outros 20 mil protestaram na cidade portuária de Thessaloniki. As manifestações acompanham uma greve geral de 48 horas convocada pelas principais centrais sindicais em todo o país. Esta é a quinta greve geral na Grécia este ano.

Na capital grega, duas passeatas se reuniram na Praça Syntagma, em frente ao Parlamento, onde deputados discutem um novo pacote de austeridade do governo prevendo cortes no valor de 13,5 bilhões de euros até 2016. A votação do projeto de lei deve ocorrer na noite de quarta-feira. O pacote prevê novos cortes, especialmente em pensões e salários, assim como nos serviços sociais e de saúde.

A aprovação do Parlamento é condição para a liberação da próxima parcela de 31,5 bilhões de euros de um extenso pacote de ajuda para a Grécia. Caso o plano seja rejeitado, existe a ameaça de que o país não consiga honrar seus próximos compromissos, que vencem dia 16 de novembro.

Sem tumultos

Policiais e tropas do batalhão de choque foram deslocados para os arredores do Parlamento e para fazer a segurança dos prédios do governo em Atenas. As passeatas, entretanto, ocorreram sem incidentes.

Manifestações em frente ao Parlamento reuniram cerca de 40 mil pessoasFoto: Reuters

A paralisação do transporte público em Atenas, iniciada na segunda-feira, foi intensificada nesta terça-feira. Motoristas de ônibus se uniram a taxistas e trabalhadores de bondes, metrô e trens, paralisados desde o dia anterior. Muitos voos foram cancelados ou adiados devido a uma greve de três horas realizada pelos controladores de tráfego aéreo. Serviços de barcas também foram suspensos.

Juízes e advogados também aderiram cruzaram os braços. Museus públicos, sítios arqueológicos e correios permaneceram fechados.

No comício que reuniu cerca de 40 mil na praça Syntagma, próxima ao Parlamento, em Atenas, muitos compareceram com bandeiras, gritando slogans como "não às medidas de empobrecimento" e "as pessoas estão acima de qualquer outra coisa". "Viemos aqui hoje para protestar contra as medidas que nos levam séculos de volta ao passado. Eles estão a abolindo nossos direitos e privando o futuro de nossos filhos", disse o professor Thanassis Pargas.

"Governo ridiculariza Constituição"

Alexis Tsipras, líder do principal partido de oposição, Syriza, fez discurso acusando o governo de coalizão da Grécia de "ridicularizar" a Constituição. Aleka Papariga, que lidera o Partido Comunista, convocou a uma "desobediência sistemática e bem organizada, não só em relação às decisões do governo, mas a todo o sistema."

O projeto de lei com novas medidas de austeridade foi apresentado ao Parlamento na segunda-feira e será votado na quarta-feira. As medidas incluem o aumento da idade de aposentadoria de 65 para 67 anos e cortes de 5% a 10% nas aposentadorias de mais de 1.000 euros mensais. O 13° e o 14° salários dos funcionários públicos devem ser eliminados, e mais cortes salariais são previstos para acadêmicos, médicos de hospitais, juízes, diplomatas e militares.

"Essas medidas essencialmente nos levam muitos anos para atrás. Todos os direitos trabalhistas que o povo grego conquistou após a Segunda Guerra Mundial e após a ditadura estão sendo tomados", reclamou a sindicalista Marie Lavrentiadou.

Samaras tenta convencer aliados relutantes em apoiar reformasFoto: reuters

Sem escolha

A implementação do plano de austeridade é uma condição para a Grécia receber a parcela de 31,5 bilhões de euros do pacote de resgate de 240 bilhões de euros concedido pela troica formada por União Europeia, Fundo Monetário Internacional e Banco Central Europeu.

Assegurar o pagamento da próxima parcela é "necessário, para evitar a inadimplência e a falência", declarou o ministro grego das Finanças, Yannis Stournaras. O primeiro-ministro Antonis Samaris, que tenta convencer alguns aliados ainda relutantes a apoiar o projeto de lei, alertou no fim de semana que a Grécia corre o risco de deixar o euro. "Temos que salvar o país da catástrofe", apelou.

O menor dos três partidos da coalizão de governo grega, a Esquerda Democrática, não quer apoiar as novas regras. "Nossa posição continua a mesma", afirmou na noite de segunda-feira o presidente da agremiação, Fotis Kouvelis. "Desde o início, dissemos que não apoiamos essas reformas trabalhistas", completou.

Jean-Claude Juncker, presidente do Eurogrupo expressou otimismo sobre as perspectivas de a Grécia implementar as reformas necessárias. "Nossos amigos gregos não têm outra escolha", constatou, em Cingapura.

Van Rompuy faz pressão

O presidente do Conselho Europeu, Herman Van Rompuy, aumentou a pressão sobre o governo grego, afirmando que as negociações com os supervisores financeiros dos credores estão em fase final, mas que há necessidade de correções, sobretudo no que se refere à privatização de propriedades estatais. "Apelo ao governo grego e aos principais partidos para que tomem todas as decisões necessárias para se chegar a um acordo com a troica", pediu Van Rompuy na terça-feira, no final da cúpula EU-Ásia na capital do Laos, Vientiane.

Van Rompuy pede que gregos cheguem a acordo com a troicaFoto: dapd

Por não haver ainda um acordo, uma reunião extraordinária do Eurogrupo prevista para quinta-feira teve que ser adiada. A próxima reunião ordinária é prevista para a segunda-feira. Van Rompuy, entretanto, deixou em aberto se o encontro vai realmente decidir sobre a liberação da nova parcela de 31,5 bilhões de euros. "Vamos nos encontrar novamente em 12 de novembro. Até lá, espero ter o relatório da troica, para que possamos decidir sobre a liberação."

MD/afp/dapd
Revisão: Francis França

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