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Milhares vão às ruas em defesa da União Europeia

19 de maio de 2019

Preocupados com ascensão de eurocéticos e ultradireita, cidadãos da Alemanha e de outros países protestam pela preservação do bloco e contra o nacionalismo, mas também por mudanças necessárias, a uma semana das eleições.

Segundo organizadores, 20 mil pessoas marcharam contra o nacionalismo em Berlim
Segundo organizadores, 20 mil pessoas marcharam contra o nacionalismo em BerlimFoto: Getty images/AFP/O. Messinger

A poucos dias da votação para eleger o próximo Parlamento Europeu, centenas de milhares de cidadãos foram às ruas nos países do bloco neste domingo (19/05), numa mensagem de apoio à União Europeia e seu projeto de paz, e repúdio ao nacionalismo e à extrema direita.

Na Alemanha foram registradas passeatas em sete grandes cidades, entre outras: Berlim, Colônia, Frankfurt, Hamburgo, Leipzig, Munique e Stuttgart. Na capital alemã, organizadores do protesto calcularam a presença de 20 mil pessoas. Outras 14 mil protestaram em Frankfurt, segundo a polícia.

Entrevistadas pela DW, duas integrantes do grupo "Vovós contra a direita" explicaram que participam por temer que a Alemanha e a Europa estejam retornando a um capítulo sombrio da história. "Nossas avós e avôs nos contaram como era a vida sob os nazistas", diz Walli, de 65 anos, "mas há uma lacuna de conhecimento a respeito."

Os protestos na Alemanha tiveram como lema "Uma Europa para todos: sua voz contra o nacionalismo" e contaram com a participação de mais de 100 organizações da sociedade civil e partidos políticos. Apesar de declaradamente pró-europeus, os organizadores também reivindicam mudanças no bloco: "A UE deve mudar, se é para ter um futuro", consta do website dos eventos.

Eles exigem promoção da diversidade e garantias de justiça social, assim como a defesa dos direitos humanos, em especial para os solicitantes de refúgio e migrantes que chegam pelo Mar Mediterrâneo. "Claro que a UE precisa mudar, precisamos de cooperação muito mais forte", confirma nas ruas Susanne Helm, de 50 anos, do movimento Pulso da Europa.

Na Alemanha, os protestos tiveram como lema "Uma Europa para todos: sua voz contra o nacionalismo"Foto: Getty images/AFP/O. Messinger

"Estou aqui porque não quero viver de novo o que um partido nacional-socialista já fez na minha vida. Isso nunca deve acontecer novamente", diz Renate Foigt, de 74 anos, referindo-se à ideologia da Alemanha nazista. "Espero que mais e mais pessoas saiam às ruas para dizer 'parem'."

Milhares de pessoas também estiveram reunidas em Viena, na Áustria, país tomado por um escândalo envolvendo a extrema direita neste fim de semana. O vice-chanceler federal, Heinz-Christian Strache, líder do ultradireitista Partido da Liberdade (FPÖ), renunciou no sábado em meio a um escândalo de corrupção. A coalizão de governo foi dissolvida, e eleições antecipadas devem ser realizadas ainda neste ano.

Também estavam previstas manifestações pró-UE na Bulgária, Dinamarca, Espanha, França, Holanda, Hungria, Itália, Polônia, Reino Unido, Romênia e Suécia.

Milhares participaram de manifestação pró-União Europeia em ColôniaFoto: Reuters/T. Schmuelgen

As eleições para o Parlamento Europeu nos diferentes países do bloco transcorrem entre 23 e 26 de maio. Muitos eleitores de tendência democrática estão preocupados que os partidos eurocéticos e ultradireitistas, como o alemão Alternativa para a Alemanha (AfD), obtenham um grande número de assentos, sobretudo com a baixa participação nas urnas em toda a UE.

No sábado, milhares de apoiadores se uniram a líderes de partidos nacionalistas e de extrema direita da Europa em um evento em Milão, na Itália, que visou fortalecer os laços entre essas legendas uma semana antes das eleições.

O comício foi promovido pelo vice-primeiro-ministro e ministro do Interior italiano, o populista de direita Matteo Salvini, que ao lado de sua principal aliada, a francesa Marine Le Pen, busca construir uma aliança ultradireitista com cerca de 12 partidos europeus, na tentativa de se tornar a principal força política no Legislativo do bloco.

Salvini ganhou popularidade com sua incansável retórica anti-imigração, enquanto governos nacionalistas na Hungria, Polônia e República Tcheca também impulsionam com frequência suas agendas anti-imigrantes e entram em atrito com Bruxelas por suas políticas linha-dura e posicionamento anti-UE.

"Estou aqui para alertar contra o que os governos da Hungria, Polônia e República Tcheca têm feito e contra o que pode acontecer na Alemanha depois. É muito perigoso", afirma Marius Schlageter, de 27 anos, em Berlim. "Vivemos em um mundo global, com problemas globais e responsabilidades globais."

AV/EK/dw/afp

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