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Militar morre em ataque a quartel na Venezuela

23 de dezembro de 2019

Grupo invade unidade e leva vários fuzis. Autoridades afirmam que suspeitos foram detidos e armamentos recuperados. Caracas acusa Bolsonaro, governo peruano e paramilitares colombianos de envolvimento na ação.

Militares em frente à base militar em Caracas que foi alvo de ataque em janeiro de 2018
Em janeiro de 2018, base militar em Caracas foi alvo de ataqueFoto: picture-alliance/dpa/R. Pena

Uma unidade militar venezuelana na fronteira com o Brasil foi alvo de um ataque neste domingo (22/12). Segundo autoridades, um militar morreu e diversas armas foram roubadas. Caracas acusou o presidente Jair Bolsonaro e paramilitares colombianos de envolvimento na ação.

"Um grupo de terroristas armados atacou uma unidade militar fronteiriça no sul da República. Estes criminosos foram treinados em campos paramilitares plenamente identificados na Colômbia e receberam a colaboração do governo de Jair Bolsonaro", disse o ministro de Comunicação venezuelano, Jorge Rodríguez,

O ministro venezuelano da Defesa, Vladimir Padrino, acusou "extremistas da oposição" pelo ataque e anunciou que militares e policiais capturaram seis suspeitos e recuperaram todo o material roubado. "Esse ataque terrorista resultou na morte de um militar do Exército", acrescentou. Ao contrário de Rodríguez, porém, Padrino não acusou Bolsonaro.

O ministro da Defesa afirmou também que os detidos estão "passando informações" e que as Forças Armadas Nacionais Bolivarianas (FANB) e outros organismos de segurança estão buscando os outros envolvidos na ação.

"A FANB rechaça essas ações desestabilizadoras que procuram manter o povo da Venezuela em estado de ansiedade e permanece alerta a qualquer ameaça que atente nosso amado país. Vamos continuar a preservar a paz da nação", completou Padrino.

Já o ministro do Exterior da Venezuela, Jorge Arreaza, afirmou que o ataque foi organizado no Peru, onde os supostos rebeldes teriam uma base operacional. Ele acusou as autoridades peruanas de serem cúmplices por permitirem a organização do ataque.

O ministro peruano do Exterior, Gustavo Meza-Cuadra, rejeitou "as declarações falsas" de Arreaza e destacou que o país "busca uma solução pacífica" para a crise venezuelana. Segundo o jornal O Globo, o Itamaraty negou o envolvimento do Brasil no ataque. O governo colombiano não comentou as acusações de Caracas.

De acordo com a imprensa local, o ataque e os confrontos ocorreram no município de Gran Sabana, no estado de Bolívar, no sul da Venezuela, e um grupo de indígenas se juntou aos rebeldes. O site El Pitazo noticiou que o grupo teria levado mais de 100 fuzis de um quartel e de uma delegacia.

As autoridades não forneceram detalhes do que aconteceu na região, onde o governo venezuelano explora ouro e diamantes e que frequentemente é palco de conflitos armados, principalmente entre grupos criminosos que disputam o controle de territórios por mineração ilegal.

A Venezuela enfrenta há anos uma grave crise econômica e política. Em janeiro, o líder da oposição Juan Guaidó se autoproclamou presidente, acirrando ainda mais a disputa pelo poder no país. Ao invocar a Constituição, Guaidó argumenta que Nicolás Maduro estava usurpando a presidência depois de uma suspeita eleição que garantiu seu novo mandato. Guaidó foi reconhecido por mais de 50 países. Maduro, porém, o acusa de tentar dar um golpe a serviço dos Estados Unidos.

CN/efe/rtr/ap

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