Militares de Israel invadem maior hospital de Gaza
15 de novembro de 2023
Forças de Defesa israelenses afirmam que hospital Al-Shifa serve como base militar do Hamas, o que o grupo terrorista nega.
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As Forças de Defesa de Israel (IDF) entraram no hospital Al-Shifa, o maior da Faixa de Gaza, e estão realizando operações no local nesta quarta-feira (15/11).
Segundo as IDF, estão sendo executadas "operações precisas e direcionadas contra o Hamas numa área específica do hospital Al-Shifa, com base em informações dos serviços secretos".
Antes de entrar no hospital, as tropas se depararam com "explosivos e grupos de terroristas, e começou um confronto em que terroristas foram mortos", afirmou o porta-voz militar Daniel Hagari, acrescentando que quatro membros do Hamas foram abatidos do lado de fora do complexo médico. Segundo Hagari não houve incidentes com funcionários do hospital
Hagari acrescentou ainda que os soldados israelenses levaram ao hospital Al-Shifa incubadoras e comida para bebês. A direção do hospital afirma que há mais de 30 bebês prematuros no local.
Youssef Abu Rish, um funcionário do governo do Hamas, afirmou que tanques e soldados estão dentro do setor de emergência do hospital.
Um jornalista da agência de notícias AFP relatou que soldados israelenses estão interrogando pessoas dentro do hospital, incluindo médicos e pacientes. O governo do Hamas afirmou que o local abriga 9 mil pessoas.
O chefe da Organização Mundial da Saúde (OMS) disse na quarta-feira que a agência da ONU perdeu contato com o pessoal do Al-Shifa, em Gaza.
“Relatos de incursão militar no hospital al-Shifa são profundamente preocupantes”, escreveu o diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, nas redes sociais, relata a Reuters.
“Perdemos contato novamente com o pessoal de saúde do hospital. Estamos extremamente preocupados com a segurança deles e de seus pacientes.”
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Sem luz e água
A direção do hospital comunicou que começou a enterrar cerca de 170 corpos numa vala comum nesta terça-feira.
A unidade hospitalar mais importante da Cidade de Gaza está sem abastecimento de eletricidade, água e alimentos há vários dias.
As IDF afirmaram que providenciaram rotas seguras de retirada de pessoal e já haviam dado 12 horas aos militantes palestinos para cessar todas as atividades militares dentro do hospital e apelaram a "todos os terroristas do Hamas presentes no hospital que se rendam".
O Ministério da Saúde de Gaza, controlado pelo movimento radical palestino Hamas, relatou às Nações Unidas a morte de 40 pacientes nesta terça-feira no hospital Al-Shifa.
O Hamas, que conduziu uma série de ataques sem precedentes contra Israel em 7 de outubro, é considerado uma organização terrorista pela União Europeia e pelos Estados Unidos.
Base militar no subsolo do hospital
De acordo com Israel, o hospital serve como base militar do Hamas. Os funcionários do hospital e o Hamas negam essa acusação.
Os Estados Unidos afirmaram também ter informações de que o Hamas e outras milícias palestinas estão usando hospitais da Faixa de Gaza e túneis no subsolo deles para se esconder, apoiar operações militares e manter reféns.
Um desses hospitais é justamente o Al-Shifa, segundo o porta-voz do Conselho de Segurança Nacional da Casa Branca, John Kirby, que sublinhou que os Estados Unidos não apoiam ataques a estabelecimentos de saúde.
Questionado sobre provas para sustentar a afirmação de que os hospitais de Gaza estão sendo usados como esconderijo por terroristas, Kirby respondeu que elas "provêm de várias fontes de informação", sem dar mais detalhes.
Representante da ONU "horrorizado"
Martin Griffiths, diretor do Escritório das Nações Unidas para a Coordenação de Assuntos Humanitários (OCHA), órgão destinado a responder a emergências e desastres naturais, afirmou em uma mensagem no X (ex-Twitter) estar "horrorizado" com os relatos das incursões militares no hospital Al-Shifa.
"A proteção de recém-nascidos, pacientes, equipes médicas e todos os civis precisam se sobrepor a todas as outras preocupações. Hospitais não são campos de combate", afirmou.
Algumas horas depois, ele escreveu, também no X, que a "carnificina" em Gaza não poderia continuar em Gaza, e que "continuamos vendo novos níveis de horror a cada dia". Ele defendeu um cessar-fogo humanitário e apresentou um plano com dez pontos para satisfazer as "crescentes necessidades humanitárias" na região.
as/bl (Lusa, Efe, AFP)
A longa história do processo de paz no Oriente Médio
Por mais de meio século, disputas entre israelenses e palestinos envolvendo terras, refugiados e locais sagrados permanecem sem solução. Veja um breve histórico sobre o conflito.
Foto: PATRICK BAZ/AFP/Getty Images
1967: Resolução 242 do Conselho de Segurança da ONU
A Resolução 242 do Conselho de Segurança das Nações Unidas, aprovada em 22 de novembro de 1967, sugeria a troca de terras pela paz. Desde então, muitas das tentativas de estabelecer a paz na região referiram-se a ela. A determinação foi escrita de acordo com o Capítulo 6 da Carta da ONU, segundo o qual as resoluções são apenas recomendações e não ordens.
Foto: Getty Images/Keystone
1978: Acordos de Camp David
Em 1973, uma coalizão de Estados árabes liderada pelo Egito e pela Síria lutou contra Israel no Yom Kippur ou Guerra de Outubro. O conflito levou a negociações de paz secretas que renderam dois acordos 12 dias depois. Esta foto de 1979 mostra o então presidente egípcio Anwar Sadat, seu homólogo americano Jimmy Carter e o premiê israelense Menachem Begin após assinarem os acordos em Washington.
Foto: picture-alliance/AP Photo/B. Daugherty
1991: Conferência de Madri
Os EUA e a ex-União Soviética organizaram uma conferência na capital espanhola. As discussões envolveram Israel, Jordânia, Líbano, Síria e os palestinos – mas não da Organização para a Libertação da Palestina (OLP) –, que se reuniam com negociadores israelenses pela primeira vez. Embora a conferência tenha alcançado pouco, ela criou a estrutura para negociações futuras mais produtivas.
Foto: picture-alliance/dpa/J. Hollander
1993: Primeiro Acordo de Oslo
Negociações na Noruega entre Israel e a OLP, o primeiro encontro direto entre as duas partes, resultaram no Acordo de Oslo. Assinado nos EUA em setembro de 1993, ele exigia que as tropas israelenses se retirassem da Cisjordânia e da Faixa de Gaza e que uma autoridade palestina autônoma e interina fosse estabelecida por um período de transição de cinco anos. Um segundo acordo foi firmado em 1995.
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2000: Cúpula de Camp David
Com o objetivo de discutir fronteiras, segurança, assentamentos, refugiados e Jerusalém, o então presidente dos EUA, Bill Clinton, convidou o premiê israelense Ehud Barak e o presidente da OLP Yasser Arafat para a base militar americana em julho de 2000. No entanto, o fracasso em chegar a um consenso em Camp David foi seguido por um novo levante palestino, a Segunda Intifada.
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2002: Iniciativa de Paz Árabe
Após Camp David, seguiram-se encontros em Washington e depois no Cairo e Taba, no Egito – todos sem resultados. Mais tarde, em março de 2002, a Liga Árabe propôs a Iniciativa de Paz Árabe, convocando Israel a se retirar para as fronteiras anteriores a 1967 para que um Estado palestino fosse estabelecido na Cisjordânia e em Gaza. Em troca, os países árabes concordariam em reconhecer Israel.
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2003: Mapa da Paz
Com o objetivo de desenvolver um roteiro para a paz, EUA, UE, Rússia e ONU trabalharam juntos como o Quarteto do Oriente Médio. O então primeiro-ministro palestino Mahmoud Abbas aceitou o texto, mas seu homólogo israelense Ariel Sharon teve mais reservas. O cronograma previa um acordo final sobre uma solução de dois estados a ser alcançada em 2005. Infelizmente, ele nunca foi implementado.
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2007: Conferência de Annapolis
Em 2007, o então presidente dos EUA George W. Bush organizou uma conferência em Annapolis, Maryland, para relançar o processo de paz. O premiê israelense Ehud Olmert e o presidente da ANP Mahmoud Abbas participaram de conversas com autoridades do Quarteto e de outros Estados árabes. Ficou acordado que novas negociações seriam realizadas para se chegar a um acordo de paz até o final de 2008.
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2010: Washington
Em 2010, o enviado dos EUA para o Oriente Médio, George Mitchell, convenceu o premiê israelense, Benjamin Netanyahu, a implementar uma moratória de 10 meses para assentamentos em territórios disputados. Mais tarde, Netanyahu e Abbas concordaram em relançar as negociações diretas para resolver todas as questões. Iniciadas em setembro de 2010, as negociações chegaram a um impasse dentro de semanas.
Foto: picture-alliance/dpa/M. Milner
Ciclo de violência e cessar-fogo
Uma nova rodada de violência estourou dentro e ao redor de Gaza no final de 2012. Um cessar-fogo foi alcançado entre Israel e os que dominavam a Faixa de Gaza, mas quebrado em junho de 2014, quando o sequestro e assassinato de três adolescentes em mais violência. O conflito terminou com um novo cessar-fogo em 26 de agosto de 2014.
Foto: picture-alliance/dpa
2017: Conferência de Paris
A fim de discutir o conflito entre israelenses e palestinos, enviados de mais de 70 países se reuniram em Paris. Netanyahu, porém, viu as negociações como uma armadilha contra seu país. Tampouco representantes israelenses ou palestinos compareceram à cúpula. "Uma solução de dois Estados é a única possível", disse o ministro francês das Relações Exteriores Jean-Marc Ayrault, na abertura do evento.
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2017: Deterioração das relações
Apesar de começar otimista, o ano de 2017 trouxe ainda mais estagnação no processo de paz. No verão do hemisfério norte, um ataque contra a polícia israelense no Monte do Templo, um local sagrado para judeus e muçulmanos, gerou confrontos mortais. Em seguida, o plano do então presidente dos EUA, Donald Trump, de transferir a embaixada americana para Jerusalém minou ainda mais os esforços de paz.
Foto: Reuters/A. Awad
2020: Tiro de Trump sai pela culatra
Trump apresentou um plano de paz que paralisava a construção de assentamentos israelenses, mas mantinha o controle de Israel sobre a maioria do que já havia construído ilegalmente. O plano dobrava o território controlado pelos palestinos, mas exigia a aceitação dos assentamentos construídos anteriormente na Cisjordânia como território israelense. Os palestinos rejeitaram a proposta.
Foto: Reuters/M. Salem
2021: Conflito eclode novamente
Planos de despejar quatro famílias palestinas e dar suas casas em Jerusalém Oriental a colonos judeus levaram a uma escalada da violência em maio de 2021. O Hamas disparou foguetes contra Israel, enquanto ataques aéreos militares israelenses destruíram prédios na Faixa de Gaza. A comunidade internacional pediu o fim da violência e que ambos os lados voltem à mesa de negociações.
Foto: Mahmud Hams/AFP
2023: Terrorismo do Hamas e retaliações de Israel
No início da manhã de 7 de outubro, terroristas do grupo radical islâmico Hamas romperam barreiras em alguns pontos da Faixa de Gaza, na fronteira com Israel, e, em território israelense, feriram e mataram centenas de pessoas, além de sequestrarem mais de uma centena. Devido a isso, Israel declarou "estado de guerra" e iniciou uma série de bombardeios, deixando partes da Cidade de Gaza em ruínas.