Militares lutam no combate às enchentes
20 de agosto de 2002Longe da mentalidade napoleônica de forças maiores, acima do cotidiano, o contingente considerável da Bundeswehr deixou a rotina das casernas, relegando a um plano inferior os preparativos militares tradicionais para enfrentar inimigos reais ou hipotéticos. As Forças Armadas alemãs enfrentam no momento um inimigo real – as águas com seu poder de destruição avassaladora, que já causaram prejuízos de vários bilhões de euros. A ajuda prestada pelos militares alemães em catástrofes independe do partido que governa o país.
Na última grande enchente, no leste alemão, em 1997, a Alemanha era governada por uma coalizão de centro-direita democrata-cristã-liberal e foram mobilizados 15 mil soldados. Eram quatro mil militares a menos do agora, mas a catástrofe de 2002 é também muito maior.
Aviões de reconhecimento
O ministro da Defesa, o deputado social-democrata Peter Struck, visitou as primeiras áreas atingidas pela cheia do Rio Danúbio e prometeu ajuda imediata. Na segunda-feira (19), o político de centro-esquerda anunciou que aviões de reconhecimento estavam (e continuam) ajudando a constatar a dimensão das inundações e também no transporte de sacos de areia e de alimentos para milhões de vítimas.
As imagens fornecidas pelos aviões militares são fundamentais para as medidas de prevenção, como evacuação de populações inteiras e reforço de diques. Graças às precauções, o número de vítimas fatais (19 mortos) é proporcionalmente pequeno para a dimensão da catástrofe.
Duração e custos
A duração e os custos da operação militar pouco interessam, segundo o ministro, embora os comandantes militares e a oposição conservadora no Parlamento em Berlim reclamem de parco orçamento militar.
"A Bundeswehr está na maior ação de combate a uma catástrofe de sua história", disse o ministro da Defesa, "e o que está acontecendo nas áreas inundadas e o serviço prestado pelos militares ultrapassam os limites". A jornada de trabalho dos soldados no reforço dos diques é de 12 horas. Para o inspetor-geral do Exército, general Wolfgang Schneiderhan, a participação militar atual no combate às enchentes mostra o quanto é bom manter o contato tradicional da tropa com organismos civis de proteção contra catástrofes.
Para o ministro da Defesa, as Forças Armadas não poderiam ficar inertes frente às inundações. "É uma catástrofe natural de proporções inéditas no país. Sobrevoando de helicóptero, vê-se áreas inundadas de quatro quilômetros de largura, e entre os dois extremos, em algum ponto, está o curso normal do Elba ou de afluentes. Aí se reconhece o perigo porque vê-se as águas subir e não se sabe que altura alcançarão dentro de uma hora".