"Minha ratinha" e outros apelidos carinhosos na Alemanha
Karina Gomes
12 de outubro de 2018
Não estranhe se de repente um alemão te chamar de "lebre", "ursinho" ou "caracol". Alguns apelidos carinhosos utilizados no país podem parecer bizarros, mas são uma forma genuína de demonstrar amor.
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Nós tínhamos apenas três semanas de relacionamento e, no meio de uma festa, ele disse: "Meine Süße Maus" ("Meu camundongo fofo"). "Oi? Ele está me chamando de camundongo e pensa que isso é bonito?", pensei. "É um apelido carinhoso", explicou meu namorado alemão.
Apesar de a intenção ser fofa, tive que explicar que, para uma brasileira, ser chamada de camundongo soa bizarro. "Gata" eu aceitaria na boa, mas Maus não era nada romântico.
O apelido que pegou no início do namoro foi Schatz, tesouro, em português. A palavra é usada por pessoas de todas as idades, também para se referir aos filhos. O nome carinhoso mais usado nos relacionamentos envolvendo alemães está longe de ser o mais criativo. Boa parte dos apelidos carinhosos (Kosenamen) podem causar constrangimento para estrangeiros.
Referir-se a animais para demonstrar carinho pela pessoa amada é muito comum. Além de Maus e Hase (lebre), a pessoa amada pode ser chamada de Hasenpups (gases de coelho) ou de Stinkerchen (algo como "fedorzinho", em referência ao odor desagradável do gambá). Para mim, é desagradável, mas entre os alemães que se amam é mais do que normal.
Aos poucos, fui aceitando alguns desses nomes carinhosos, como süße Biene, abelha doce ou fofa. Isso porque eu gosto de colocar mel no iogurte. Na falta de apelidos em alemão que eu não considere bizarros, o jeito é usar apelidos em português.
Se começar um relacionamento com um alemão, não estranhe se ele te chamar de ursinho, Bärchen, ou de caracol, Schnecke. Não significa que você está acima do peso ou muito lerdo ultimamente. É apenas uma forma de demonstrar amor.
Na coluna Alemanices, publicada às sextas-feiras, Karina Gomes escreve crônicas sobre os hábitos alemães, com os quais ainda tenta se acostumar. A repórter da DW Brasil e DW África tem prêmios jornalísticos na área de sustentabilidade e é mestre em Direitos Humanos.
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Se chuchuzinho ou fofucho soam cafonas e ultrapassados, você pode se inspirar em alguns termos usados pelos alemães para demonstrar que gostam de alguém. Mas cuidado: quando traduzidos, nem todos soam lisonjeiros.
Foto: Fotolia/Iakov Filimonov
Maus (camundongo)
Camundongos não são exatamente a primeira coisa que vem à cabeça quando se pensa em apelidos para namorados. Ainda assim é comum ouvir um alemão chamar sua namorada ou esposa de "Maus" ou "Mausi". O termo também é um dos favoritos para se referir às crianças pequenas (cujo comportamento agitado certamente lembra mais os roedores). Nesse caso, o diminutivo "Mäuschen" é mais usado.
Foto: Fotolia/khmel
Hase (lebre)
O termo "Hase" é mais utilizado para mulheres do que para homens. O diminutivo "Häschen" também é muito popular. As lebres, pelo menos, são mais fofas do que os camundongos.
Foto: imago stock&people
Bärchen (ursinho)
Mas fofura não é exclusividade das mulheres – também para os homens o quesito é fundamental. Por isso "Bär" (urso) é tão popular, principalmente no diminutivo "Bärchen". Só que os "ursinhos" não costumam ter nada de pequenos. O apelido é usado, na maioria das vezes, para homens cujas barrigas parecem estar cheias de mel, além de serem muito confortáveis para deitar em cima.
Foto: DW/U. Schleicher
Mausebär (urso-rato)
O amor inspira as pessoas – como se não bastasse a fauna já oferecida pela natureza, os alemães ainda inventaram alguns bichos para chamar seus amores. Um exemplo é "Mausebär", literalmente urso-rato. Enquanto a imaginação corre solta para tentar visualizar o que seria isso, fica a pergunta: devemos ficar ofendidos ou lisonjeados quando alguém nos chama de "Mausebär"?
Foto: picture-alliance/dpa
Schnecke (caracol)
Já ser chamado de "Schnecke" não soa muito lisonjeiro. Esses asquerosos bichinhos têm poucas qualidades: caracóis tendem a ser lentos, pegajosos e viscosos. Ainda assim, se um cara chama uma garota de "Schnecke", ele certamente acha ela uma gracinha.
Foto: DW / Maksim Nelioubin
Schnucki
"Schnucki" pode soar como "Schnecke", mas é uma palavra completamente diferente. O problema é que não há um significado exato. É uma palavra que simplesmente soa fofa, como tantas outras terminadas em "i", e que os alemães inventaram para se referir às pessoas que eles amam.
Foto: Fotolia/Doc RaBe
Perle (pérola)
Para que você não fique com a impressão errada, a língua alemã também tem alguns termos carinhosos cujo significado original é de fato lisonjeiro, como "Perle" (pérola). Mas você não vai ouvir esse apelido por toda a Alemanha: ele é um dos favoritos na região do Vale do Ruhr, o coração industrial do país.
Foto: Fotolia/Himmelsstur
Liebling (querido)
"Liebling" é o mais perto em alemão da palavra querida ou querido em português. Embora contenha a palavra amor ("Liebe"), ela também é usada em outro contexto. "Liebling" pode ser usado como um prefixo, que significa favorito. Seu "Lieblingsbuch", por exemplo, é seu livro ("Buch") favorito. Assim, "Liebling" é também a sua pessoa favorita.
Foto: Fotolia/drubig-photo
Süsse ou Süsser (docinho)
Caracóis e camundongos não são exatamente doces, mas isso não significa que os alemães não reconheçam a doçura de seus entes queridos. Já que "Süss" é tecnicamente um adjetivo, ele recebeu uma terminação dependendo do sexo da pessoa. O homem pode chamar a sua doçura de "Süsse", enquanto ela pode chamar o docinho de "Süsser".
Foto: Getty Images
Schatz (tesouro)
"Schatz" é um clássico, e de longe o termo alemão mais usado para demonstrar afeto. É popular entre todas as idades, de adolescentes a aposentados, e também usado para se referir aos filhos. Como tanto outros, o termo frequentemente surge no diminutivo, como "Schatzi" ou "Schätzchen".