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Coronavac será distribuída a todo o país, diz governo

9 de janeiro de 2021

Pasta anuncia acordo com Butantan para compra exclusiva de todas as doses produzidas pelo instituto. Estados receberão quantidade proporcional de vacinas, e imunização será simultânea no país. Ainda não há datas.

Foto mostra uma seringa em primeiro plano, em frente à imagem do rosto de um profissional de saúde com equipamentos de proteção
Coronavac está no centro de uma disputa política, tendo sido rejeitada inicialmente pelo governo federalFoto: Allan Carvalho/NurPhoto/picture-alliance

O Ministério da Saúde anunciou neste sábado (09/01) que a vacinação contra a covid-19 ocorrerá de forma simultânea em todo o país, com distribuição proporcional de doses entre os estados.

A pasta fechou um acordo com o Instituto Butantan para que todas as doses produzidas no Brasil sejam compradas com exclusividade pelo governo federal e distribuídas simultaneamente aos entes federativos por meio do Sistema Único de Saúde (SUS).

Ligado ao governo de São Paulo, o Butantan desenvolve a Coronavac, em parceria com a chinesa Sinovac. Segundo o ministério, as doses produzidas pelo instituto serão incorporadas ao plano nacional de vacinação promovido pelo governo federal, ainda sem cronograma claro.

"Representantes do Ministério da Saúde e do Instituto Butantan acertaram que a totalidade das vacinas produzidas pelo laboratório paulista serão adquiridas pelo Governo Federal e incorporadas ao Plano Nacional de Operacionalização da Vacinação contra a Covid-19", afirmou a pasta.

"Assim, brasileiros de todo o país receberão a vacina simultaneamente, dentro da logística integrada e tripartite, feita pelo Ministério da Saúde e as Secretarias Estaduais e Municipais de Saúde." A distribuição será feita em quantidade proporcional à população de cada estado.

O anúncio ocorre dois dias depois de o ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, ter informado que o governo federal assinou contrato com o Butantan para a aquisição de 100 milhões de doses da Coronavac, das quais 46 milhões devem ser entregues até abril.

Sem datas

Neste sábado, o ministério disse ainda que a campanha nacional de imunização deve ter início "tão logo os imunizantes recebam autorização da Anvisa [Agência Nacional de Vigilância Sanitária]".

Dois dias antes, ao anunciar a compra de doses da Coronavac, Pazuello afirmara que, "no melhor cenário", a vacinação pelo Plano Nacional de Imunização começará em 20 de janeiro.

O governo de São Paulo, por sua vez, o primeiro a apostar na Coronavac, tem um cronograma de vacinação pronto, independente do governo federal, com início em 25 de janeiro.

Na sexta-feira, autoridades de saúde paulistas destacaram que o estado manterá seu cronograma de imunização, independente do planejamento federal, e que não esperará o resto do país caso o plano nacional não comece antes do dia 25.

O governo paulista já tem um estoque de 10,8 milhões de doses da Coronavac, que foram importadas prontas da China, e deve receber mais 35 milhões de doses até a primeira quinzena de fevereiro. 

Aval da Anvisa

Na sexta-feira, a Anvisa recebeu os dois primeiros pedidos de registro emergencial no país de vacinas contra a covid-19. A autorização foi solicitada para a Coronavac e para o imunizante criado pela farmacêutica AstraZeneca e pela Universidade de Oxford, que no Brasil são parceiros da Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz), uma entidade do governo federal.

A Anvisa tem até dez dias para fazer a análise dos dados e responder se autoriza o uso das vacinas.

Em testes realizados no Brasil, a Coronavac teve eficácia de 78% para evitar casos leves da covid-19 e evitou em 100% a ocorrência de casos moderados e graves, segundo os resultados finais divulgados pelo governo de São Paulo na quinta-feira.

Disputa política

A Coronavac está no centro de uma disputa política entre o presidente Jair Bolsonaro e o governador de São Paulo, João Doria (PSDB), seu desafeto.

Em outubro, Pazuello havia anunciado um acordo para a compra de 46 milhões de doses da vacina chinesa, que foi logo depois revogado por Bolsonaro. À época, o presidente anunciou no Twitter que a Coronavac não seria comprada pelo governo federal.

Em 10 de novembro, Bolsonaro chegou a comemorar uma decisão da Anvisa que suspendeu temporariamente os estudos clínicos da Coronavac após a morte de um participante dos testes, que depois se mostrou não relacionada à vacina. "Mais uma que Jair Bolsonaro ganha", afirmou o presidente.

No dia seguinte, Bolsonaro indicou para assumir um assento na Anvisa o tenente-coronel Jorge Luiz Kormann, que não tem formação em saúde e, em seu perfil no Twitter, já havia manifestado críticas à Coronavac e à Organização Mundial da Saúde (OMS).

Atrás do governo paulista na corrida pela vacina, o governo federal apostou num acordo com a empresa anglo-sueca AstraZeneca, em parceria com a Fiocruz. Na contramão de quase todos os países do mundo, o Ministério da Saúde se comprometeu inicialmente com apenas uma vacina, e não com um leque diversificado como ocorreu, por exemplo, na União Europeia.

Atualmente, mais de 40 nações já iniciaram esforços para vacinar suas populações, incluindo vários países latino-americanos.

EK/ots

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