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Ministério Público Federal pede absolvição de Lula

1 de setembro de 2017

Ex-presidente foi acusado por Delcídio do Amaral de tentar comprar silêncio de Nestor Cerveró. MPF conclui que acusação é falsa e solicita a perda dos benefícios da delação premiada do ex-senador.

MPF não encontra provas contra Lula
MPF não encontra provas contra LulaFoto: Reuters/R. Moraes

O Ministério Público Federal (MPF) em Brasília pediu nesta sexta-feira (01/09) a absolvição do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva no processo sobre a suposta tentativa do petista de obstruir o andamento da Operação Lava Jato. Ele foi acusado de tentar comprar o silêncio do ex-diretor da Petrobras Nestor Cerveró.

A suposta tentativa de Lula de obstruir a Justiça foi apontada pelo ex-senador Delcídio do Amaral em sua delação premiada. Segundo o procurador da República Ivan Cláudio Marx, não há provas de que o ex-presidente participou dos supostos crimes imputados pelo delator nos depoimentos. 

"Para o procurador, ao contrário do que afirmou Delcídio do Amaral – tanto na colaboração quanto no depoimento dado à Justiça –, o pretendido silêncio de Cerveró, que à época cumpria prisão preventiva, não foi encomendado ou interessava a Lula, mas sim ao próprio senador", diz uma nota do MPF.

Por Delcídio ter mentido nos depoimentos, o Ministério Público solicitou ainda que o ex-senador perca os benefícios concedidos com base na delação premiada. De acordo com o procurador, Delcídio escondeu a origem dos recursos que teriam sido providenciados supostamente para comprar o silêncio de Cerveró.

"No entanto, atribuiu falsamente a Lula a ordem para a prática do crime. Assim agindo, escondeu do Ministério Público Federal sua real função de chefe no esquema referido, angariando benefícios que não receberia se a verdade prevalecesse", sustentou o MPF.

O órgão pediu ainda a absolvição do banqueiro André Esteves, que também foi acusado por Delcídio de participar do suposto esquema criminoso. O MPF solicitou, porém, as condenações do pecuarista José Carlos Bumlai e de seu filho Maurício, do advogado de Cerveró, Edson Ribeiro, e de Diogo Ferreira, ex-assessor de Delcídio.

Essa foi a primeira ação na qual Lula se tornou réu, em julho de 2016. O processo foi aberto com base na delação do ex-senador, preso em novembro de 2015, justamente por tentar obstruir as investigações com a compra do silêncio de Cerveró. Delcídio teria oferecido 50 mil reais para a família do ex-diretor, além de um plano de fuga para que Cerveró deixasse o país.

Atualmente, Lula responde a cinco ações penais, acusado de corrupção, lavagem de dinheiro, obstrução da Justiça, tráfico de influência e organização criminosa. Ele já foi condenado a 9 anos e 6 meses de prisão pelos crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro no caso do tríplex no Guarujá. Ainda cabe recurso.

CN/abr/ots