Promotoria diz que investigações também apontaram trajeto do carro utilizado no crime após a morte da vereadora e de seu motorista, há quase sete meses. Ex-PM suspeito de envolvimento no crime prestou depoimento.
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O Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ) afirmou nesta quinta-feira (11/10) ter identificado o tipo físico da pessoa que disparou contra a vereadora carioca Marielle Franco (Psol) e o motorista Anderson Gomes, assassinados a tiros há quase sete meses.
Os investigadores também identificaram novos locais pelos quais o carro utilizado durante o crime teria circulado, segundo nota divulgada pela 23ª Promotoria de Investigação Penal e do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado do MPRJ.
O rumo das investigações foi comunicado à família de Marielle e à viúva de Anderson na última terça-feira, informou o MP.
De acordo com o MPRJ, foram utilizados softwares de alta tecnologia para reconhecer o perfil biométrico do atirador, cujo biotipo não foi divulgado.
Já a identificação do veículo no qual estavam os autores do crime em locais além dos que já tinham sido distinguidos foi possível por meio da análise de centenas de imagens. Para o Ministério Público, o mapeamento representa "um grande avanço" para o seguimento das investigações.
O trabalho foi uma parceria entre os promotores do MPRJ e da Divisão de Evidências Digitais e Tecnologia da Coordenadoria de Segurança e Inteligência.
O Ministério Público informou ainda que o ex-policial militar Orlando Curicica, miliciano suspeito de envolvimento na morte de Marielle e Anderson, foi ouvido pelos promotores responsáveis pelo caso. O encontro foi no Presídio Federal de Mossoró (RN), onde Orlando está preso, acusado de mandar matar uma pessoa em 2015.
O depoimento que Orlando deu aos procuradores da República em momento anterior também foi encaminhado ao MPRJ pela procuradora-geral da República, Raquel Dodge. O conteúdo dos dois depoimentos, no entanto, é mantido em sigilo para não atrapalhar as investigações.
Marielle, de 38 anos, e Anderson, de 39, foram assassinados em 14 de março no bairro do Estácio, região central do Rio, quando saíam de um evento no qual a vereadora palestrava. O carro foi alvejado por vários disparos, dos quais quatro atingiram a cabeça de Marielle.
Além de defender os direitos das mulheres e a inclusão social, Marielle criticava também a violência policial e milícias. A morte da vereadora levou multidões às ruas no mundo todo para manifestar solidariedade e cobrar explicações.
Milhares de manifestantes foram às ruas Brasil afora em repúdio ao assassinato da vereadora carioca. Ela era conhecida por defender os direitos das mulheres e a inclusão social, além de ser crítica da violência policial.
Foto: Getty Images/AFP/M. Schincariol
Comoção na despedida
Sob forte emoção de amigos e familiares, o corpo da vereadora Marielle Franco foi enterrado no final da tarde de quinta-feira (15/03) no cemitério São Francisco Xavier, no Caju, Zona Portuária. Antes, Marielle e o motorista Anderson Gomes foram velados na Câmara Municipal do Rio de Janeiro
Foto: Reuters/P. Olivares
Homenagem na Câmara dos Deputados
Cidadãos participam de uma homenagem à vereadora Marielle Franco organizada pelo Partido Socialismo e Liberdade (Psol) na Câmara dos Deputados, em Brasília. Marielle era uma conhecida ativista dos direitos das mulheres e da inclusão social, além de ser crítica da violência policial. Ela tinha se manifestado contra a atual intervenção federal no Rio de Janeiro.
Foto: Imago/Agencia EFE/J. Alves
A luta continua
Durante a quinta-feira, protestos por todo o Brasil reiteraram os temas pelos quais Marielle lutava. Em frente à Câmara Municipal do Rio de Janeiro, manifestantes estenderam uma faixa contra a intervenção militar na cidade.
Foto: Reuters/P. Olivares
Cortejo e protestos no Rio
Milhares de pessoas se reuniram diante da Câmara Municipal do Rio, no centro onde o corpo de Marielle foi velado. No momento da chegada do corpo, houve grande comoção e aplausos.
Foto: Reuters/S. Moraes
Milhares de vozes por direitos
A aglomeração de manifestantes em torno da Câmara Municipal foi noite adentro. Além de protestar contra a morte da vereadora, os manifestantes estenderam faixas e cartazes em prol dos direitos humanos, dos direitos LGBT e contra o racismo.
Foto: Reuters/R. Moraes
A união faz a força
Cidadãos comovidos se abraçam ao lado de um desenho de Marielle Franco, no Rio. A vereadora foi morta a tiros na Rua Joaquim Palhares, no bairro do Estácio, na região central da cidade, por volta das 21h30 de quarta-feira (14/03).
Foto: Reuters/R. Moraes
"Parem de nos matar"
Durante manifestação em São Paulo, ativistas deitaram na rua para chamar a atenção para as vidas perdidas injustamente no país. Ao fundo, uma faixa com a frase "parem de nos matar".
Foto: Getty Images/AFP/M. Schincariol
Manifestantes fecham Paulista
O ato na avenida Paulista começou por volta das 17h no vão livre do Museu de Arte de São Paulo (Masp). O protesto fechou totalmente a via no início da noite. Às 19h20, os manifestantes caminharam em direção à rua da Consolação.
Foto: Getty Images/AFP/M. Schincariol
Quem matou Marielle?
Nos protestos pelo Brasil, que também foram registrados em capitais como Salvador e Curitiba, faixas buscavam explicações para a morte de Marielle e do motorista Anderson Gomes. A polícia acredita que o carro de Marielle tenha sido perseguido por cerca de quatro quilômetros. Os assassinos usaram uma arma 9 mm.
Foto: Reuters/L. Benassatto
Marielle presente
Marielle presente! A frase invadiu as redes sociais e foi vista em inúmeros cartazes Brasil afora. Ativistas não querem que as lutas de Marielle sejam enterradas junto dela. "Não vamos deixar a voz dela morrer", foi a tônica do protestos.