Ministra alemã da Família renuncia após férias polêmicas
11 de abril de 2022
Jornal revelou que a verde Anne Spiegel viajou à França por quatro semanas no ano passado, pouco após enchentes devastarem a Renânia Palatinado. À época ela ocupava a Secretaria de Meio Ambiente do estado.
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A ministra da Família da Alemanha, Anne Spiegel, do Partido Verde, apresentou sua renúncia nesta segunda-feira (11/04) após sofrer críticas por ter tirado quatro semanas de férias na França, no verão europeu do ano passado, poucos dias após as inundações que devastaram o oeste da Alemanha.
Na época, Spiegel era secretária do Meio Ambiente da Renânia-Palatinado, estado mais atingido pelas inundações de julho de 2021, e que registrou 135 mortes além de milhões de euros em prejuízos.
As férias de Spiegel na França foram reveladas por reportagem do jornal Bild am Sonntagdeste fim de semana.
"Estou fazendo isso para evitar qualquer dano ao ministério, que enfrenta grandes desafios políticos", disse ela em comunicado, também citando "pressão política".
Pedido de desculpas
Na noite de domingo, Spiegel deu uma explicação emocionada sobre o motivo das férias, citando a saúde do marido – que sofreu um AVC há alguns anos - e o bem-estar dos filhos.
Ela pediu desculpas, mas não disse que renunciaria. Com a voz embargada às vezes, Spiegel afirmou que a pandemia de coronavírus foi um "desafio insano" para sua família e "claramente deixou sua marca" em seus quatro filhos, que estão em idade pré-escolar e escolar. Apesar disso, ela admitiu que as férias na França, país que é vizinho da Renânia-Palatinado, foram um erro.
"Foi um erro termos saído de férias por tanto tempo e peço desculpas por esse erro".
Spiegel também afirmou que sempre esteve disponível se alguém precisasse contatá-la e fez telefonemas de trabalho. Além disso, ela interrompeu as férias para uma visita à região atingida pela enchente e se ausentou apenas após um gabinete de crise ser montado.
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Decisão apoiada
A renúncia vem cerca de quatro meses após o governo liderado pelo chanceler federal Olaf Scholz, do Partido Social-Democrata (SPD) assumir o poder, em uma coalizão com o Partido Verde e o Partido Liberal Democrático (FDP). Spiegel é a primeira baixa do alto escalão do governo Scholz.
Os líderes do Partido Verde informaram que apoiam a decisão da renúncia e que, em breve, apresentação um novo nome para o cargo. Scholz, por sua vez, disse ter "grande respeito" por Spiegel e desejou a ela "tudo de melhor para o futuro após este período difícil".
Logo após a reportagem que revelou as férias, a oposição começou a fazer fortes críticas a Spiegel e a pressionar por sua renúncia. Aos 41 anos, ela era o membro mais jovem do gabinete de Scholz.
Parte da pressão feroz da oposição se deve ao fato de, na quinta-feira, a secretária do Meio Ambiente da Renânia do Norte-Vestfália, Ursula Heinen-Esse, da União Democrata Cristã (CDU), ter renunciado por um motivo semelhante: após a descoberta de que ela celebrou o aniversário do marido com outros membros do governo em Maiorca, na Espanha, alguns dias após as inundações de julho de 2021, que também atingiram fortemente este estado.
le (dpa, ots)
A devastação causada pelas enchentes na Alemanha
Fortes tempestades provocam caos no oeste da Alemanha. Enchentes, deslizamentos e desabamentos de casas deixaram mais de 160 mortos e um rastro de destruição.
Foto: Polizei/picture alliance/dpa
Desabamento de casas
Uma foto disponibilizada nesta sexta-feira (16/07) pelo governo do distrito de Colônia mostra as enchentes em Erftstadt-Blessem. Casas foram engolidas por deslizamentos e várias pessoas estão desaparecidas.
Foto: Rhein-Erft-Kreis/dpa/picture alliance
Rios turbulentos
Em tempos normais, o Kyll é um pequeno afluente do Mosela. Ele flui da região belga da Valônia para os estados federais alemães da Renânia do Norte-Vestfália e Renânia-Palatinado. No distrito de Bitburg-Prüm, na região do Eifel, que foi particularmente afetado pela tempestade, o Kyll transbordou nas proximidades de Erdorf e inundou partes do vilarejo.
Foto: Harald Tittel/dpa/picture alliance
Enchente na metrópole
Colônia, a quarta maior cidade da Alemanha, com cerca de um milhão de habitantes, também foi afetada pelo desastre das enchentes – como nesta passagem subterrânea , onde se vê apenas o topo de um carro que se projeta da água.
Foto: Marius Becker/picture alliance/dpa
Um vilarejo devastado
Na pequena cidade de Schuld, na região do Eifel, cerca de 50 quilômetros ao sul de Colônia, ruas e casas inteiras foram destruídas pelas torrentes. Esta foto feita por um drone mostra a extensão da destruição.
Foto: Christoph Reichwein/TNN/dpa/picture alliance
Inundação histórica do Ahr
No vale do rio Ahr, as chuvas desencadearam a enchente do século. Quando os indicadores de nível da água falharam na noite de quarta-feira (14/07), o Ahr já estava dois metros acima do recorde anterior. As ruas de Esch (distrito de Ahrweiler) foram tomadas por enxurradas. Vários vilarejos e cidades da região estão completamente inundados.
Foto: Thomas Frey/dpa/picture alliance
Mais de 100 mortos
A primeira fatalidade nas inundações foi relatada na região de Sauerland. Lá, após uma missão de resgate na cidade de Altena, um bombeiro caiu na água ao voltar para o veículo de emergência e foi levado pela correnteza. "Pouco tempo depois, ele só foi resgatado morto", anunciou mais tarde a polícia. A pequena cidade, que se encontra em grande parte inundada, também teve deslizamentos de terra.
Foto: Markus Klümper/dpa/picture alliance
Ajuda do Exército
Alertas de desastres foram emitidos em muitas regiões do oeste da Alemanha. Isso facilita a coordenação entre as autoridades – e a cooperação com a Bundeswehr, as forças armadas alemãs. Com um veículo blindado de resgate e equipamentos pesados de varredura, os soldados avançam para reparar os danos causados pelas enchentes na cidade de Hagen.
Foto: Roberto Pfeil/dpa/picture alliance
Bairros evacuados
Em Leichlingen, os residentes ajudaram uns aos outros durante as enchentes do rio Wupper. Devido às fortes chuvas, o nível do rio subiu tanto que partes da cidade tiveram que ser evacuadas. A área abaixo da represa do Murbach foi particularmente afetada, com ameaças de rompimento de uma barragem.
Foto: Roberto Pfeil/dpa/picture alliance
Em vão
Na quarta-feira (14/07), os bombeiros presentes na área do desastre tentaram prevenir o pior. Uma barreira de madeira deveria proteger o município de Mayschoss, no vale do rio Ahr, das águas torrenciais. No fim, os esforços foram em vão – as forças da natureza prevaleceram.
Foto: Thomas Frey/dpa/picture alliance
Conexões de tráfego interrompidas
Trem parado à noite na estação ferroviária de Kordel, no distrito de Trier-Saarburg, na Renânia-Palatinado. Parte do local foi inundado pelas águas do rio Kyll. O tráfego local e de longa distância está interrompido em grandes partes do oeste da Alemanha, assim como o fornecimento de energia.