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PolíticaLíbano

Ministra da Informação do Líbano renuncia

9 de agosto de 2020

Governo libanês tem primeira baixa em meio a revolta contra elite política do país, acusada de negligência e corrupção depois que capital foi devastada por explosão. Alemanha anuncia doação de 10 milhões de euros.

Mulher puxa mala em meio a prédios destruídos
Moradora leva o que restou de sua moradia. Explosão devastou Beirute e deixou 3 mil desabrigados Foto: picture-alliance/dpa/M. Naamani

A ministra da Informação do Líbano, Manal Abdel Samad, anunciou neste domingo (09/08) sua renúncia, na primeira baixa no governo libanês após a explosão que devastou Beirute na terça-feira e provocou pelo menos 158 mortos, 6 mil feridos e 300 mil desabrigados. O incidente gerou violentos protestos em meio a acusações de negligência e incompetência das autoridades libanesas.

Em breve discurso transmitido pela televisão local, ela pediu desculpas aos libaneses. "Após o enorme desastre em Beirute, apresento a minha renúncia do governo", disse Abdel Samad. "Peço desculpas aos libaneses, porque não correspondemos às suas expectativas", acrescentou.

No sábado, milhares de manifestantes revoltados com a classe política, acusada de corrupção, incompetência e negligência após a explosão, marcharam pelo centro de Beirute e invadiram os ministérios do Exterior, da Energia e da Economia, tendo sido depois retirados pelo Exército. 

Segundo a Cruz Vermelha libanesa, 130 pessoas ficaram feridas nos confrontos entre a polícia e os manifestantes, 28 das quais foram hospitalizadas. Um policial morreu. 

Os manifestantes responsabilizam as autoridades do país pela explosão que destruiu a região portuária da cidade na terça-feira, que são tidas como resultado de décadas de corrupção e ineficiência por parte da elite política libanesa.

Ainda no final da tarde de sábado, num discurso televisionado, o primeiro-ministro libanês, Hassan Diab, afirmou que "apenas eleições antecipadas podem permitir uma saída da crise estrutural" e apelou "a todas as partes políticas que se entendam sobre a próxima etapa", afirmando estar "disposto a continuar a assumir responsabilidades durante dois meses até que cheguem a acordo". 

O chefe do Governo acrescentou que vai submeter na segunda-feira a sua proposta ao Conselho de Ministros. 

Uma videoconferência de doadores para o Líbano, coordenada pelas Nações Unidas e pela França, foi agendada para este domingo.

Poucas horas antes do início da reunião, a Alemanha anunciou a doação de 10 milhões de euros (64 milhões de reais) para medidas emergenciais no Líbano. O anúncio foi feito pelo ministro do Exterior alemão, Heiko Maas. "O povo de Beirute precisa da nossa ajuda e precisam de motivos para ter esperança", afirmou.

O ministro alemão do Desenvolvimento, Gerd Müller, afirmou ao jornal Welt am Sonntag que, com medidas de ajuda emergencial, Berlim quer apoiar o fornecimento de "cuidados médicos básicos, segurança alimentar, por meio do Programa Mundial de Alimentos, e empregos de curto prazo para reconstrução de infraestrutura básica".

Mass ressaltou ser importante a implementação de reformas no Líbano. "Sem as reformas urgentemente necessárias, não pode haver mudança sustentável nem estabilidade", frisou o ministro do Exterior alemão, sublinhando que o povo libanês exige, com razão, que "os interesses individuais e as velhas linhas de conflito" sejam superados e que o bem-estar de toda a população seja priorizado. Para ele, o desastre de Beirute pode ser uma ocasião para um recomeço. "Só se o governo aceitar sua responsabilidade, agir com transparência e esclarecer as causas da explosão é que a população pode recuperar a confiança."

As explosões, que as autoridades libanesas têm atribuído a um incêndio num depósito no porto onde se encontravam armazenadas de maneira irregular cerca de 2.750 toneladas de nitrato de amônio, provocaram 158 mortes até o momento e deixaram mais de 6 mil feridos.

A explosão formou uma cratera de 43 metros de profundidade, segundo um fonte de segurança libanesa, se referindo a uma avaliação realizada por especialistas franceses.

O desastre deu novo ímpeto à revolta de uma população que já estava mobilizada desde o outono de 2019 contra os líderes libaneses, acusados de corrupção e incompetência.

MD/lusa/afp/dpa/rtr

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