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Ministra britânica renuncia após polêmica sobre imigração

30 de abril de 2018

Renúncia de Amber Rudd ocorre em meio à controvérsia com imigrantes caribenhos erroneamente classificados como ilegais. O endurecimento da lei foi promulgado pela agora primeira-ministra Theresa May, quando era ministra.

Carta enviada por Amber Rudd à premiê Theresa May indicava o objetivo de "aumentar a quantidade de deportações"Foto: picture-alliance/Zuma/R. Pinney

A ministra do Interior do Reino Unido, Amber Rudd, renunciou ao cargo após vários dias de polêmica em torno de imigrantes caribenhos de longa data que foram erroneamente classificados de ilegais. O caso gerou uma repercussão negativa para o governo da primeira-ministra Theresa May.

O gabinete da primeira-ministra divulgou, neste domingo (29/04), que May aceitou a renúncia de Rudd. Poucas horas antes, a ministra tinha comunicado que permanecerei frente à pasta do Interior.

Nos últimos dias, o governo britânico tem encontrado dificuldades para explicar por que alguns descendentes da chamada "geração Windrush", levada ao Reino Unido entre 1948 e 1973 para ajudar na reconstrução depois da devastação da Segunda Guerra, foram rotulados como imigrantes ilegais, apesar de residirem há décadas no país.

O governo se viu ainda mais acuado quando o diário The Guardian informou que recentemente alguns dos migrantes caribenhos tiveram seus atendimentos médicos recusados ou receberam ameaças de deportação por não conseguir apresentar documentos que comprovam seus direitos de residência no Reino Unido.

"Isso era inevitável. A única surpresa é que demorou tanto", disse a porta-voz para assuntos de Interior do Partido Trabalhista, Diane Abbott, após a renúncia de Rudd. "A arquiteta dessa crise, Theresa May, deve agora dar um passo à frente para dar uma explicação completa e honesta de como essa situação indesculpável ocorreu em seu governo."

Repetidos repetidos de renúncia

Tanto Rudd, que enfrentou repetidos pedidos de renúncia do Partido Trabalhista, quanto May pediram diversas vezes desculpas à "geração Windrush" nos últimos dias. "Decepcionamos vocês, e lamento profundamente", disse May, na quinta-feira, numa carta ao The Voice, um jornal afro-caribenho de circulação no Reino Unido. "Mas desculpas não bastam. Devemos corrigir com urgência esse erro histórico."

Uma carta enviada por Rudd a May em janeiro de 2017, revelada pelo Guardian, indica que a até então ministra do Interior traçou como objetivo "aumentar a quantidade de deportações em mais de 10% durante os próximos anos".

Na última quarta-feira, na comissão de Interior da Câmara dos Comuns, Rudd afirmou que seu ministério não tem metas para a deportação de imigrantes. Posteriormente, a ministra admitiu que foram estabelecidos objetivos quantitativos "de uso interno", mas disse que não aprovou essas medidas e que "nunca apoiaria uma política que colocasse cotas sobre pessoas".

Após receber a notícia da renúncia, o vice-presidente do Partido Trabalhista, Tom Watson, disse que Rudd "está pagando o pato pela pessoa originalmente responsável pelo escândalo, Theresa May".

Um endurecimento da lei promulgada por May quando estava à frente do Ministério do Interior fez com que essas pessoas tivessem que provar com documentos originais todos os anos que viveram no Reino Unido, um trâmite burocrático que alguns deles não conseguiram cumprir.

Por conta dessa situação, alguns perderam seus empregos, acesso à saúde, receberam ameaças de deportação e não puderam retornar ao Reino Unido após visitarem seus países de origem.

A renúncia de Rudd é um golpe para May no momento em que a primeira-ministra está no último ano das negociações da saída do Reino Unido da União Europeia (UE), programada para março de 2019. Rudd contava entre os principais ministros pró-UE no gabinete de May. Ela havia sido nomeada ministra do Interior em julho de 2016.

PV/efe/ap/rtr/afp

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