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Ministra diz que França não vai assinar acordo com Mercosul

8 de outubro de 2019

"Não podemos assinar um tratado comercial com um país que não respeita a Floresta Amazônica”, diz Elisabeth Borne, responsável pela pasta do Meio Ambiente, sinalizando que a tensão com o Brasil não arrefeceu.

Ministra do Meio Ambiente da França, Elisabeth Borne
Ministra do Meio Ambiente da França, Elisabeth BorneFoto: picture-alliance/dpa/MAXPPP/T. Padilla

A ministra do Meio Ambiente da França, Elisabeth Borne, declarou nesta terça-feira (08/10) que seu país não pretende assinar o acordo de livre-comércio entre o Mercosul e a União Europeia porque o Brasil "não respeita a Floresta Amazônica”, demonstrando que as tensões na área ambiental entre o governo francês e brasileiro não arrefeceram.

"Não podemos assinar um tratado comercial com um país que não respeita a floresta amazônica, que não respeita o tratado de Paris [do clima]. A França não assinará o acordo do Mercosul nessas condições", disse a ministra Borne à emissora de televisão BFM, reiterando a posição que o governo francês vem expressando desde o fim de agosto.

Há cerca de um mês e meio, o presidente francês Emmanuel Macron já havia avisado que seu governo tentaria bloquear a ratificação do acordo por causa da política ambiental do governo de Jair Bolsonaro. Na ocasião, o francês também acusou o brasileiro de mentir sobre compromissos firmados na área ambiental para garantir o sucesso do acordo.

O acordo foi fechado em junho após 20 anos de negociações. À época, o governo Bolsonaro celebrou o desfecho como um triunfo da política externa, mas não parou de se antagonizar em questões ambientais com vários países da UE, cujos parlamentos ainda precisam ratificar o acordo.

Macron também havia colocado como condição para a implementação do acordo de livre-comércio um reforço da proteção ambiental no Brasil. Em junho, ele explicou que o pacto foi finalmente fechado porque Bolsonaro oferecera garantias de preservação do meio ambiente brasileiro.

Em agosto, no mesmo dia em que o líder francês disse ser contra a assinatura do acordo, o governo da Irlanda também endossou a posição. "Não há nenhuma chance de votarmos a favor, se o Brasil não honrar seus compromissos ambientais", afirmou o primeiro-ministro irlandês, Leo Varadkar.

A queda de braço ainda envolveu o governo da Finlândia, que no momento detém a presidência rotativa da União Europeia (UE), e chegou a propor aos países do bloco uma suspensão geral da importação de carne bovina brasileira por causa das queimadas na Amazônia. Em setembro, o Parlamento da Áustria também aprovou uma moção  que obriga o governo do país a vetar no Conselho Europeu o acordo de livre-comércio entre União Europeia e Mercosul.

Em contraste, o governo da Alemanha ainda defende a implementação do acordo. Isso, apesar de Berlim também ter sido alvo de ataques do governo Bolsonaro, e chegado a suspender a remessa de fundos para proteção ambiental no Brasil. No fim de agosto, um porta-voz da Chancelaria Federal alemã afirmou que "a não ratificação do acordo com o Mercosul não contribuirá para reduzir o desmatamento na Amazônia".

JPS/ots

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