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Ministra mexicana renuncia após causar atraso em voo

27 de maio de 2019

Atrasada para voo comercial, titular do Meio Ambiente pediu a companhia aérea que fizesse avião esperar por ela para decolar. Atitude vai contra política de corte de privilégios defendida pelo governo de López Obrador.

A ministra do Meio Ambiente do México, Josefa González Blanco Ortiz Mena
Atraso da ministra fez com que aeronave decolasse 38 minutos depois do horário previstoFoto: picture-alliance/ZUMA Wire/El Universal

O corte de privilégios de políticos e funcionários públicos, bandeira do presidente do México, Andrés Manuel López Obrador, provocou uma importante baixa em sua equipe de governo neste fim de semana, com a renúncia da ministra do Meio Ambiente e Recursos Naturais.

Josefa González Blanco foi forçada a entregar o cargo em meio a duras críticas após ter feito uma companhia aérea atrasar a decolagem de um voo comercial que ela estava prestes a perder.

Em sua carta de renúncia, ela admitiu que errou ao provocar atraso aos outros passageiros a bordo do voo. "Não há justificativa. A verdadeira transformação do México exige alinhamento total com os valores de igualdade e justiça", disse a ministra.

"Ninguém deveria ter privilégios, ou os benefícios de um. Mesmo no cumprimento de seus deveres, não se pode estar acima do bem-estar da maioria", acrescenta a carta.

López Obrador afirmou que González Blanco "contou muito honestamente o que havia ocorrido" a ele e "colocou sua renúncia à disposição". "E eu aceitei", declarou.

A ministra faria uma viagem a trabalho da Cidade do México para Mexicali, na fronteira com os Estados Unidos, na última sexta-feira (24/05), quando se atrasou por motivos que não foram esclarecidos.

O presidente mexicano contou que, por conta do atraso, González Blanco pediu a um executivo da companhia aérea Aeroméxico – de quem a ministra seria amiga – para manter a aeronave em solo até que ela conseguisse chegar ao aeroporto na capital mexicana.

"Eles tiveram que esperar por ela", contou López Obrador no último sábado, ao descrever o que chamou de "uma situação muito lamentável".

Um passageiro que documentou o atraso no Twitter afirmou que o voo 198 da Aeroméxico estava prestes a decolar quando o piloto anunciou que a aeronave teria que retornar ao terminal para buscar um passageiro atrasado após "ordem presidencial".

O incidente gerou um atraso de 38 minutos. Quando González Blanco embarcou no avião, o passageiro tirou uma foto da ministra e a compartilhou nas redes sociais num post crítico ao que acabara de ocorrer.

Após sua saída do cargo, González Blanco deixou claro que o presidente mexicano não teve qualquer relação com o incidente. "Eu sou a única pessoa a se culpar. O presidente nunca interveio", escreveu ela no Twitter.

López Obrador – ou Amlo, como é mais conhecido – tomou posse no México em dezembro passado prometendo liderar uma transformação histórica na sociedade mexicana e governar para o povo.

Ponto-chave dessa promessa foi a restrição dos privilégios de políticos e funcionários públicos mexicanos, o que inclui obrigá-los a voar em voos comerciais em vez de em jatos particulares ou helicópteros. "Não podemos ter um governo rico e um povo pobre", dissera ele, que colocou o avião presidencial à venda na véspera de sua posse.

Amlo também se recusou a viver na antiga residência presidencial, já transformada em um centro cultural aberto ao público, e segue na mesma casa em que vivia antes da eleição.

No sábado, o presidente disse que aceitou a renúncia da ministra do Meio Ambiente porque tal comportamento é incompatível com seu desejo de transformar o México.

"Não podemos falhar em nada. Quando cometemos um erro assim, temos que assumi-lo e renunciar", afirmou o líder mexicano. "Embora possa parecer uma medida drástica, enérgica, não temos o direito de errar em nada."

EK/ap/efe/rtr

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