Thomas de Maizière reclama de transtornos causados pelos imigrantes nos centros de acolhimento. Ministério do Interior quer criar "áreas de trânsito" nas fronteiras, para processamento rápido de pedidos de asilo.
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O ministro do Interior da Alemanha, Thomas de Maizière, afirmou que o grande número de refugiados não registrados é um problema grave no país. Em entrevista à emissora ZDF na noite desta quinta-feira (1º/10), ele também criticou o comportamento de alguns refugiados.
"Até o verão europeu, os refugiados eram gratos por poderem estar entre nós. Eles perguntavam 'onde fica a polícia?', 'onde fica o departamento?', 'aonde devemos nos dirigir?". Segundo o ministro, isso mudou.
"Agora já há muitos refugiados que pensam determinar eles mesmos onde vão ficar. Eles deixam os abrigos, eles chamam um táxi – e surpreendentemente têm o dinheiro para viajar centenas de quilômetros pela Alemanha. Eles protestam porque não gostam das acomodações, criam caso porque não apreciam a comida, eles brigam nos abrigos de refugiados", continuou o ministro.
Apesar de ressalvar que esses problemas são causados por uma minoria, De Maizière afirmou que aqueles que chegam ao país devem ir para os locais para os quais forem enviados e respeitar as leis alemãs.
O sindicato dos policiais alemães alertou para um aumento da violência nos centros de acolhimento de refugiados. O presidente da entidade, Rainer Wendt, afirmou ao jornal alemão Bild que a situação pode ficar fora de controle não apenas nas fronteiras, mas também nos abrigos. Ele afirma que quase diariamente há relatos de atritos por causa de diferenças étnicas ou religiosas.
Área de trânsito nas fronteiras
De Maizière também defendeu que haja um processo rápido para os requerentes de asilo nas fronteiras alemãs, a exemplo do que já acontece nos aeroportos. Nesta sexta-feira, um porta-voz do Ministério do Interior confirmou que um projeto de lei nesse sentido está em fase de elaboração.
O projeto prevê a criação, nas fronteiras, de "áreas de trânsito", a exemplo das que existem nos aeroportos. Um requerente de asilo ficaria nessa área até ter o seu caso analisado. A medida visa principalmente os requerentes dos países dos Bálcãs, que têm poucas chances de conseguir asilo na Alemanha e cujos casos podem, assim, ser analisados rapidamente.
A iniciativa do ministro foi alvo de críticas, inclusive de membros do Partido Social Democrata (SPD), que compõe a coalizão governista juntamente com a União Democrata Cristã (CDU), da chanceler federal Angela Merkel. O líder da bancada social-democrata, Ralf Stegner, declarou ao jornal Tagesspiegel que tais propostas "não ajudam e apenas geram incertezas", e disse que o SPD rejeitará restrições ao direito fundamental de asilo.
Autoridades do estado da Baviera afirmaram que, só em setembro, entre 210 mil e 220 mil pessoas entraram na Alemanha em busca de asilo. O país espera receber no mínimo 800 mill refugiados até o final do ano. Alguns estimam que esse número poderá chegar a um milhão.
RC/apf/epd/dpa/ots
Como a Alemanha abriga os refugiados
A Alemanha receberá, só neste ano, até 450 mil refugiados. Mas quem espera por um visto precisar viver em locais bem distintos. Veja na galeria de fotos.
Foto: Picture-Alliance/dpa/P. Kneffel
Alojamento preliminar
Quando os refugiados chegam à Alemanha, vão para um alojamento preliminar. Este, em Trier, no estado da Renânia-Palatinado, tem capacidade para receber 850 pessoas que estejam à espera de um visto. Os refugiados precisam ficar por três meses até serem transferidos para outra cidade ou distrito – dependendo do local, as moradias são bem distintas.
Foto: picture-alliance/dpa/H. Tittel
Acampamento improvisado
Como muitos dos alojamentos preliminares estão lotados, outras instalações têm sido utilizadas para abrigar os refugiados. Em Hamm, no estado da Renânia do Norte-Vestfália, 500 pessoas vivem no salão para eventos da prefeitura. Com 2,7 mil m², o local foi divido em "quartos", cada um com 14 leitos.
Foto: picture-alliance/dpa/I. Fassbender
Pernoite na sala de aula
O enorme fluxo de refugiados leva muitas cidades ao limite de capacidade. Aachen, por exemplo, teve, em meados de julho, que abrigar 300 pessoas de uma hora pra outra. Logo, a única maneira de acomodá-los foi colocando camas numa escola da cidade.
Foto: Picture-Alliance/dpa/R. Roeger
Acampamentos provisórios
Nos últimos tempos, o número de campos para refugiados na Alemanha tem crescido vertiginosamente. Com a construção de um acampamento provisório, o alojamento central para refugiados em Halberstadt, na Alta Saxônia, aumentou consideravelmente a capacidade. Agora, no verão, essas tendas temporárias podem ser utilizadas. Até que o inverno comece, outros alojamentos devem ser colocados à disposição.
Foto: Picture-Alliance/dpa/J. Wolf
Vivendo com dificuldades
Atualmente, a cidade de Dresden tem um dos maiores acampamentos para refugiados. Contudo, viver por lá exige paciência dos moradores. Há filas gigantes para os banheiros e nos refeitórios. No total, o local abriga atualmente mil pessoas, de 15 nacionalidades. Nos próximos dias, outros refugiados deverão chegar – até que se chegue à capacidade total de 1.100 pessoas.
Foto: Picture-Alliance/dpa/A. Burgi
Morando em containers
Para que a capacidade de receber os refugiados seja maior, muitas cidades alemãs têm construído containers que servem de moradia. Em Trier, por exemplo, a solução vem sendo utilizada desde 2014. Atualmente, são mais de mil pessoas nessas instalações.
Foto: Picture-Alliance/dpa/H. Tittel
Atentados
A foto mostra o corpo de bombeiros apagando o incêndio causado por um atentado nas instalações de Remchingen, no estado de Baden-Württemberg. Muitas vezes, a oposição de muitos moradores à chegada dos refugiados acaba se transformando em violência. No momento, há ataques quase diários aos alojamentos – principalmente no leste e no sul da Alemanha.
Foto: Picture-Alliance/dpa/SDMG/Dettenmeyer
O envolvimento político
O vice-chanceler alemão, Sigmar Gabriel, conversa com crianças de um campo de refugiados na cidade de Wolgast, no estado de Mecklemburgo-Pomerânia Ocidental, onde vivem cerca de 300 pessoas. O político exigiu que o governo alemão preste auxílios financeiros aos munícipios atingidos. Porém, Gabriel salientou que receber refugiados não é uma questão de dinheiro, mas, sim, "de decência".
Foto: picture-alliance/dpa/B. Wüstneck
Novas instalações
Para que os refugiados possam ser devidamente abrigados, vários municípios estão construindo novos alojamentos – como em Eckental, perto de Nurembergue, na Baviera. A foto mostra o novo complexo, que terá capacidade para 60 pessoas. Os primeiros moradores devem chegar em janeiro de 2016.
Foto: Picture-Alliance/dpa/D. Karmann
Novos acampamentos provisórios
Até que os novos alojamentos fiquem prontos, serão erguidos vários outras instalações de emergência. Como este, no parque industrial de Munique. Aqui, cerca de 170 membros de organizações humanitárias e do corpo de bombeiros constroem, de madrugada, um acampamento com duas dúzias de barracas e 300 leitos.