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Brüderle no Brasil

29 de abril de 2010

Rainer Brüderle disse que Alemanha pode contribuir nas áreas em que é líder: segurança, infraestrutura e energia renovável – já que investimentos bilionários estão programados em solo brasileiro até Jogos de 2016.

Rainer Brüderle (d) em Brasília, ao lado do ministro brasileiro do Desenvolvimento, Miguel JorgeFoto: AP

Se acordos vantajosos para o lado alemão irão surgir depois de visita ao Brasil, Rainer Brüderle ainda não sabe dizer. "Não é o objetivo desta viagem. Os acordos são feitos entre empresas. A minha função é deixar as portas abertas", afirmou à Deutsche Welle o ministro alemão de Economia e Tecnologia nesta quarta-feira (28/04).

A passagem de Brüderle por São Paulo foi rápida, com uma agenda apertada e muitos encontros empresariais – de olho em negócios lucrativos atrelados à Copa do Mundo de 2014 e às Olimpíadas de 2016.

Em palestra a empresários de ambos os países, Brüderle se referiu ao Brasil como "a terra das oportunidades", e se disse impressionado com o que viu nos três primeiros dias de visita: "Um país dinâmico, que superou a superinflação, que vai crescer até 6% em 2010". O ministro ainda visitou o Rio de Janeiro antes de retornar á Alemanha nesta quinta-feira.

Negócios na prática

O ministro brasileiro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Miguel Jorge, prometeu apoiar as indústrias alemãs que queiram investir em projetos de infraestrutura no país e, Brüderle, por sua vez, garantiu contribuir com toda a expertise alemã.

Mas a delegação de 40 gestores que acompanha o ministro espera mesmo ganhar a confiança do governo brasileiro para vender os seus produtos – especialmente os que gerenciam empreendimentos que não estão entre os maiores. "Quem tem mais dificuldade são as pequenas empresas, de achar brechas no mercado e oportunidades interessantes. E nós estamos trabalhando para suprir essa necessidade", disse o diretor da Câmara Brasil-Alemanha (AHK), Weber Porto.

Mas o engajamento da Alemanha em estreitar relações com o Brasil, notada especialmente depois das visitas dos ministros Guido Westerwelle, Annete Schavan e, agora, Rainer Brüderle, não se deve a um interesse econômico súbito: "Nos últimos 15 anos, estivemos um pouco ocupados em nos integrar na Europa, mas agora estamos concentrando mais força no sucesso dessa relação Brasil-Alemanha ", relatou Brüderle.

O presidente da AHK também tenta afastar a ideia de que os megaeventos esportivos sejam o big bang na relação bilateral. "2014 e 2016 são momentos muito fortes, sem sombra de dúvidas, que talvez irão acelerar uma série de outros projetos. Mas se você for pensar no evento em si, que são estádios, eles representam muito pouco no total dos investimentos realizados."

Segundo dados preliminares, cerca de 10% do dinheiro investido será destinado à construção e reforma de estádios. O carro-chefe será o setor de infraestrutura: portos, aeroportos, estradas. Estudos feitos pela AHK apontam que 100 bilhões de dólares serão gastos nos próximos dez anos no Brasil para suprir as deficiências na área. "Seria muito bom se a Alemanha pudesse contribuir com o conhecimento desses setores que lidera, como tecnologias de segurança, transporte, energias sustentáveis e mobilidade", sugeriu Brüderle.

Fora de pauta

Enquanto na Europa a quarta-feira foi de discussão sobre a ajuda à Grécia, Brüderle manteve cautela quando interpelado sobre o assunto: "A Grécia precisa entrar num caminho diferente, aumentar sua competitividade, controlar os gastos. [...]. Uma ação mais concreta de resgate acontecerá quando estiverem em comum acordo o Fundo Monetário Internacional, a Comissão Europeia e o Banco Central Europeu."

Por outro lado, o ministro alemão da Economia não perdeu a oportunidade de destacar a força que seu país exerce na União Europeia. "Fomos criticados por nossos vizinhos, os franceses, porque exportamos demais. [...] Mas a União Europeia também lucra com nossas exportações. A Alemanha é o motor de crescimento da UE", afirmou Brüderle, citando que a economia alemã deve expandir 1,5% em 2010, enquanto que a do bloco está estimada em 0,7%.

Falando em exportação, na balança comercial entre Brasil e Alemanha, o lado brasileiro sofre déficit histórico: no primeiro trimestre ele foi de 1 bilhão de dólares.

Segundo dados do Ministério de Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, a importação de produtos alemães cresceu 35% nos primeiros três meses de 2010 – e as exportações brasileiras para a Alemanha aumentaram 31%.

A Alemanha é o quinto mercado para os produtos brasileiros: minério de ferro, café, carros e aviões estão no topo da lista das mercadorias exportadas. Entre os fornecedores para o Brasil, a Alemanha ocupa a quarta colocação, ficando atrás dos Estados Unidos, China e Argentina.

Autora: Nádia Pontes
Revisão: Augusto Valente

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