Ministro alemão do Interior desmente renúncia ao cargo
12 de novembro de 2018
Seehofer diz que não deixará governo Merkel, mas confirma saída da liderança de seu partido em 2019. Com posição contrária à política migratória da chanceler federal, ministro já colocou coalizão de governo em risco.
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O ministro do Interior da Alemanha, Horst Seehofer, disse nesta segunda-feira (12/11) que não pretende renunciar a seu cargo no governo de Angela Merkel, apesar de sua decisão de sair da liderança de seu partido, a União Social Cristã (CSU) – legenda-irmã da União Democrata Cristã (CDU), da chanceler federal alemã.
"Sou o ministro do Interior e seguirei ocupando este cargo", frisou Seehofer, falando a jornalistas em Bautzen, onde participou da inauguração de um centro de cooperação das polícias federal e do estado da Saxônia. O desmentido ocorreu após a imprensa ter noticiado na noite anterior que ele iria deixar tanto a liderança da CSU como o ministério.
O líder conservador confirmou sua decisão de renunciar à presidência da CSU em 2019 e afirmou que a data exata ainda será anunciada nesta semana. Entretanto, ressaltou que a medida não vai influenciar sua função como responsável pela pasta do Interior.
Seehofer disse que a decisão de sair da presidência do partido – cargo que ocupa desde 2008 – deixa livre o caminho para renovação da legenda.
Segundo informações da agência de notícias DPA, o político de 69 anos havia informado à direção da CSU na noite de domingo sua intenção de renunciar a seus dois cargos no próximo ano, deixando claro que não continuaria como ministro, já que não teria mais a presidência do seu partido.
Desde o início da atual legislatura – iniciada em março após longas negociações de coalizão entre conservadores e social-democratas –, Seehofer se transformou numa pedra no sapato de Merkel.
Sua posição firme contrária à política migratória da chanceler federal alemã desencadeou seguidas crises internas, que ameaçaram o fim da coalizão de governo.
Em julho passado, Seehofer havia anunciado sua intenção de "colocar à disposição" seus cargos como presidente da CSU e ministro do Interior, durante uma disputa com Merkel, voltando atrás logo depois.
Já Merkel anunciou em 29 de outubro que em dezembro não concorrerá à reeleição como líder da CDU, que preside desde 2000, e que também não concorrerá à reeleição ao cargo de chanceler federal após o fim de seu mandato, em 2021.
Merkel fez seu anúncio um dia depois das eleições no estado de Hessen, onde seu partido se manteve como principal força política, mas perdeu mais de dez pontos percentuais.
O novo chefe da CSU deverá ser escolhido em uma convenção extraordinária do partido no início do próximo ano.
O candidato com melhores perspectivas para liderar o partido é o atual governador da Baviera, Markus Söder. Se eleito, será a segunda vez que o político, de 51 anos, sucede a Seehofer, depois de assumir em março a chefia do governo bávaro, substituindo o atual ministro do Interior.
A decisão de Seehofer de deixar a liderança de seu partido foi anunciada após o duro revés sofrido pela CSU nas eleições regionais da Baviera em outubro, onde permaneceu o partido mais votado, mas perdeu sua maioria absoluta na assembleia local, sofrendo uma queda de cerca de dez pontos percentuais.
MD/dpa/efe
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Ao longo de sua carreira, chanceler alemã deixou para trás diversos oponentes, inclusive seu mentor político, Helmut Kohl. Mas ele não foi o único homem no caminho de Merkel.
Foto: AP
Helmut Kohl, antigo mentor
O que dizem esses olhos? Gratidão? Afeição? Ou um sentimento de: "Eu nunca vou te perdoar!" Em meio ao caso de caixa 2 da União Democrata Cristã (CDU), em 1999, a então secretária-geral Merkel instou o partido a "entrar na luta mesmo sem seu antigo cavalo de batalha". Isso selou fim político do então presidente honorário da CDU e mentor político de Merkel, Helmut Kohl, aqui em reunião de 2012.
Foto: Reuters
Seu chefe no Leste: Lothar de Maizière
Dizer que Angela Merkel passou para trás o último premiê da antiga Alemanha Oriental seria exagero. Mas Lothar de Maizière teve que assistir ao desmoronamento de seu antigo país enquanto sua jovem vice-porta-voz Angela Merkel acompanhava as conversações para o Tratado de Reunificação, apostando assim na carta certa.
Foto: cc-by-sa/Bundesarchiv
Roland Koch, mais à direita
Alguns nostálgicos sonhadores na coligação CDU/CSU associam o devaneio a um sério senhor de Hessen: o ex-governador Roland Koch era visto como uma figura de orientação conservadora na CDU. Acredita-se que ele tenha pertencido ao círculo chamado "Pacto Andino" (combinado num voo para o Chile), que se tornou uma panelinha dentro da União CDU/CSU. Merkel escapou ilesa.
Foto: picture-alliance/dpa
Friedrich Merz, futuro interrompido
Sim, o Sr. Merz. Ele tinha uma carreira brilhante pela frente: como ministro das Finanças, com certeza, talvez até mesmo como chanceler federal. Um homem de sagacidade afiada, ternos bem ajustados e boas conexões na União CDU/CSU. Merkel, porém, afastou o político da Vestfália, em 2001, da liderança da bancada parlamentar da aliança de partidos conservadores.
Foto: picture-alliance/dpa/B. von Jutrczenka
Norbert Röttgen: demitido
Na foto, o ex-presidente alemão Joachim Gauck (dir.) caminha ao lado de Angela Merkel na residência presidencial em Berlim, Palácio Bellevue. Por trás deles, vê-se o demissionário ministro do Meio Ambiente, Norbert Röttgen. Depois de perder a eleição para governador na Renânia do Norte-Vestfália como candidato da CDU e ter posto a culpa também em sua chefe, Röttgen caiu em desgraça e foi demitido.
Foto: dapd
Gerhard Schröder subestimou Merkel
Quando Schröder perdeu a eleição para Merkel em 2005, ele esperou, inicialmente, que seu Partido Social-Democrata (SPD) recusasse negociações com vista a uma grande coalizão de governo. "Que bom que vocês ainda me chamem de chanceler", bradava Schröder ainda na noite eleitoral, enquanto sua adversária já fazia as contas da aritmética do poder. Dois meses depois, Merkel era eleita chanceler.
Foto: picture-alliance/AP Photo/J. Finck
Arranjo de Poder: Wolfgang Schäuble
Wolfgang Schäuble poderia ter sido alguém perigoso para Merkel. Mas Kohl não transferiu o poder para seu "príncipe-herdeiro". Um atentado que o deixou paraplégico e seu envolvimento no escândalo de doações da CDU em 2000 marcaram o fim de sua carreira como líder partidário e de bancada. Merkel o nomeou ministro das Finanças, mas frustrou suas aspirações ao cargo de chanceler federal.
Foto: picture alliance/AP Photo/M. Meissner
Edmund Stoiber, uma conta em aberto
Atualmente, Edmund Stoiber, ex-governador da Baviera pela União Social Cristã (CSU), pode ser visto em "talk shows" falando veementemente contra a política de refugiados de Merkel. A atual chanceler federal desistiu de sua candidatura nas eleições parlamentares de 2002 em prol de Stoiber, que parece ainda não ter se recuperado da derrota para Schröder. Ele nunca quis ser ministro sob Merkel.
Foto: picture-alliance/U. Baumgarten
Horst Seehofer, o rebelde
Na disputa pelo poder na Baviera, Horst Seehofer abriu o caminho para Markus Söder e aceitou o cargo de ministro do Interior em Berlim, ao lado de sua chefe, Angela Merkel, que ele humilhou publicamente num congresso da CSU em 2015. Quem precisa de inimigos quando se tem tal ministro? O que Seehofer quer? Menos refugiados ou menos Merkel?
Foto: Reuters/H. Hanschke
Era uma vez Martin Schulz
Martin Schulz, ex-presidente do Parlamento Europeu (dir.), perdeu as eleições parlamentares de 2017 como candidato do SPD. A princípio, recusou-se a formar um governo com Merkel; depois, negou-se a formar um governo sem Merkel e, no final, saiu de mãos abanando. Como deputado em Berlim, nada mais lhe resta que assistir à chanceler governar – se Seehofer (c.) deixar.
Foto: Getty Images/C. Koall
Donald Tusk, amizade desbotada
Na foto, Merkel conversa com o presidente do Conselho Europeu, o polonês Donald Tusk (dir.). Ele foi durante muito tempo um importante aliado dos alemães, que também o ajudaram na sua ascensão tardia em Bruxelas. Recentemente, Tusk parece ter procurado distância, frustrando até mesmo tentativas de Merkel com vista a uma solução europeia para crise migratória, de acordo com correspondentes.
Foto: picture-alliance/AP Photo/J. Macdougal
Jens Spahn veio para ficar
Jens Georg Spahn é: político da CDU, deputado federal, ministro alemão da Saúde, conservador – e, segundo escreveu a agência de notícias DPA em 2016, um "oponente da chanceler". Para surpresa de alguns analistas, Merkel decidiu trazer Spahn para seu gabinete. Se a intenção de Merkel foi "controlá-lo", funcionou melhor do que com o ministro do Interior, Horst Seehofer.
Foto: picture-alliance/dpa/M. Kappeler
Alexander Gauland, antigo "correligionário"
O líder da bancada parlamentar da legenda populista de direita AfD, Alexander Gauland, foi um influente membro da CDU até 2013. Há poucas fotos comuns de Gauland e Merkel: não é o tipo de entorno que desperta o interesse da chanceler . Mas quando ele fala no Bundestag, ela às vezes escuta. E ela certamente ouve as vozes advertindo que o caos na União CDU/CSU beneficiou acima de tudo a AfD.