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Ministro britânico acusa Putin de ordenar envenenamento

17 de março de 2018

Segundo Boris Johnson, Londres vê como altamente provável que ataque a ex-espião russo na Inglaterra tenha sido decisão do presidente da Rússia. Kremlin diz que acusação do ministro do Exterior é chocante e imperdoável.

Großbritannien Außenminister Boris Johnson
Chefe da diplomacia britânica deu tais declarações em visita a um museu militar em Londres nesta sexta-feiraFoto: Getty Images/T. Akmen-WPA

O ministro do Exterior do Reino Unido, Boris Johnson, elevou as tensões entre Londres e Moscou nesta sexta-feira (16/03) ao acusar o presidente da Rússia, Vladimir Putin, de ter ordenado o ataque contra o ex-espião russo Sergei Skripal, envenenado no início deste mês na Inglaterra.

O governo britânico já havia denunciado Moscou por envolvimento no incidente, mas Johnson deu um passo adiante nas acusações ao associar diretamente o presidente russo ao crime.

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"Nosso conflito é com o Kremlin de Putin e com sua decisão – nós pensamos ser imensamente provável que tenha sido decisão dele direcionar o uso de um agente nervoso nas ruas do Reino Unido, e nas ruas da Europa, pela primeira vez desde a Segunda Guerra Mundial", disse o chefe da diplomacia britânica, em visita a um museu militar em Londres.

O porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, respondeu afirmando que as acusações de Johnson violam todas as regras do protocolo diplomático. Vincular Putin ao ataque "não passa de um comportamento chocante e imperdoável do ponto de vista da diplomacia", disse o porta-voz, voltando a negar que a Rússia tenha qualquer envolvimento no caso.

Em artigo publicado nesta sexta-feira no jornal francês Le Parisien, o ministro britânico já havia classificado o envenenamento do ex-espião russo de "mais uma manifestação do comportamento perigoso do presidente Vladimir Putin".

Segundo escreve Johnson no texto, "há uma ligação direta entre a indulgência manifestada por Putin em relação às atrocidades perpetradas por [Bashar al-] Assad na Síria e o fato de o Estado russo não ter hesitado em usar uma arma química em território britânico".

Skripal, de 66 anos, e sua filha Yulia, de 33, permanecem internados em estado crítico, mas estável, desde que foram encontrados inconscientes, em 4 de março passado, num banco próximo a um parque na cidade de Salisbury, 120 quilômetros a oeste da capital britânica.

Tensões entre Londres e Moscou

A primeira-ministra do Reino Unido, Theresa May, associou o crime ao governo russo pela primeira vez na segunda-feira, ao revelar que o agente nervoso que envenenou pai e filha era de um tipo desenvolvido pela Rússia no fim da Guerra Fria, conhecido como Novichok.

Na ocasião, May deu um prazo de um dia para que Moscou esclarecesse como uma substância que foi criada na Rússia foi parar na Inglaterra e envenenou um cidadão russo. A embaixada russa em Londres, no entanto, afirmou que não responderia ao "ultimato" até ter acesso a amostras do agente nervoso que envenenou Skripal.

Em meio ao impasse, a premiê britânica anunciou na quarta-feira a mais dura retaliação diplomática contra Moscou desde a Guerra Fria, que inclui a expulsão de 23 diplomatas russos do país. Nesta sexta-feira, o ministro do Exterior russo, Sergei Lavrov, afirmou que seu país também pretende expulsar diplomatas britânicos em resposta à decisão de Londres.

A teoria de que a Rússia está por trás do ataque a Skripal foi respaldada pelos principais aliados do Reino Unido. Em um raro texto conjunto emitido na quinta-feira, os líderes da Alemanha, dos Estados Unidos e da França afirmaram "não haver outra explicação plausível" para o crime, que se tratou de um "ataque à soberania do Reino Unido".

"O fracasso da Rússia ao lidar com o pedido legítimo do Reino Unido [de colaboração nas investigações sobre o incidente] evidencia ainda mais a sua responsabilidade", diz o texto, que ainda pede à Rússia que forneça à Organização para a Proibição de Armas Químicas "transparência total e completa sobre o programa Novichok".

EK/afp/ap/efe/lusa

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