Ministro se desculpa por criticar "covardes" da pandemia
25 de julho de 2021
Em tuíte, titular da Saúde disse que se recuperou rápido da doença graças à vacinação e pediu aos britânicos que não "se acovardem" do vírus. Após críticas, Sajid Javid reconhece "escolha errada de palavras".
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O ministro da Saúde do Reino Unido, Sajid Javid, pediu desculpas neste domingo (25/07) por uma declaração publicada no Twitter em que ele dizia para os britânicos não "se acovardarem" diante do coronavírus.
Alvo de uma enxurrada de críticas, ele se retratou em nova postagem na rede social, dizendo que fez "uma escolha errada de palavras" e que o tuíte foi apagado.
"Apaguei um tuíte no qual usei o termo 'acovardar-se'. Eu estava expressando minha gratidão pelo fato de as vacinas terem permitido nos recuperar como sociedade, mas fiz a escolha errada das palavras e peço sinceras desculpas. Como muitos, eu perdi entes queridos para este vírus horrível e nunca minimizaria seu impacto", escreveu o ministro no Twitter.
A postagem original foi feita no sábado para anunciar que ele havia se recuperado da covid-19 uma semana após ter recebido o diagnóstico. O político tomou as duas doses da vacina contra o vírus.
"Recuperação completa da covid uma semana após testar positivo. Sintomas foram muito leves, graças às incríveis vacinas. Por favor – se você ainda não o fez – tome sua dose, enquanto nós aprendemos a viver com esse vírus, em vez de se acovardar dele", escreveu Javid.
O ministro foi criticado e acusado de insensibilidade por usar o termo "acovardar-se" (cower, em inglês) enquanto dezenas de milhares de pessoas morreram no Reino Unido em decorrência da covid-19, e muitos ainda tentam se proteger de infecções.
Políticos, associações de afetados pela covid-19 e a imprensa se voltaram contra as palavras de Javid, que tomou posse há apenas um mês. Ele assumiu o cargo após a renúncia de Matt Hancock, que violou as restrições sociais contra a pandemia com a amante.
Angela Rayner, vice-líder do Partido Trabalhista, foi uma das parlamentares do partido da oposição que criticaram a escolha de palavras de Javid.
"127 mil pessoas morreram com este vírus, dos quais dezenas de milhares ainda estariam aqui se não fosse pelas falhas catastróficas do seu governo", escreveu ela no Twitter. "Então como você ousa criticar as pessoas por tentarem manter a si mesmas e suas famílias seguras?"
O Reino Unido enfrenta agora uma nova onda de covid-19, em meio à chegada da variante delta, altamente contagiosa. Mortes e hospitalizações estão em alta, embora em taxas muito mais baixas do que as ondas anteriores, principalmente devido a uma campanha de vacinação bem-sucedida.
O país é um dos mais afetados pela pandemia no mundo. Ao todo, soma mais de 5,7 milhões de casos de infecção e 129 mil mortes ligadas ao vírus, segundo dados da Universidade Johns Hopkins deste domingo. Quase 70% da população adulta no país já recebeu duas doses da vacina.
ek (AFP, DPA, Efe, Reuters)
Vírus verbal: frases de Bolsonaro sobre a pandemia
"E daí?", "gripezinha", "não sou coveiro", "país de maricas": desde que o coronavírus chegou ao Brasil, presidente tratou publicamente com desdenho a crise. Enquanto a epidemia avança, suas falas causam ultraje.
Foto: Andre Borges/dpa/picture-alliance
"Superdimensionado"
Em 9 de março, em evento durante visita aos EUA, Bolsonaro disse que o "poder destruidor" do coronavírus estava sendo "superdimensionado". Até então, a epidemia havia matado mais de 3 mil pessoas no mundo. Após o retorno ao Brasil, mais de 20 membros de sua comitiva testaram positivo para covid-19.
Foto: Reuters/T. Brenner
"Europa vai ser mais atingida que nós"
A declaração foi dada em 15 de março. Precisamente, ele afirmou: "A população da Europa é mais velha do que a nossa. Então mais gente vai ser atingida pelo vírus do que nós." Segundo a OMS, grupos de risco, como idosos, têm a mesma chance de contrair a doença que jovens. A diferença está na gravidade dos sintomas. O Brasil é hoje o segundo país mais atingido pela pandemia.
Foto: picture-alliance/ZUMA Wire/GDA/O Globo
"Gripezinha" e "histórico de atleta"
Ao menos duas vezes, Bolsonaro se referiu à covid-19 como "gripezinha". Na primeira, em 24 de março, em pronunciamento em rede nacional, ele afirmou, que, por ter "histórico de atleta", "nada sentiria" se contraísse o novo coronavírus ou teria no máximo uma “gripezinha ou resfriadinho”. Dias depois, disse: "Para 90% da população, é gripezinha ou nada."
Foto: Youtube/TV BrasilGov
"Todos nós vamos morrer um dia"
Após visitar o comércio em Brasília, contrariando recomendações deu seu próprio Ministério da Saúde e da OMS, Bolsonaro disse, em 29 de março, que era necessário enfrentar o vírus "como homem". "O emprego é essencial, essa é a realidade. Vamos enfrentar o vírus com a realidade. É a vida. Todos nós vamos morrer um dia."
Foto: Reuters/A. Machado
"A hidroxicloroquina tá dando certo"
Repetidamente, Bolsonaro defendeu a cloroquina para o tratamento de covid-19. Em 26 de março, quando disse que o medicamento para malária "está dando certo", já não havia qualquer embasamento científico para defender a substância. Em junho, a OMS interrompeu testes com a hidroxicloroquina, após evidências apontarem que o fármaco não reduz a mortalidade em pacientes internados com a doença.
Foto: picture-alliance/NurPhoto/F. Taxeira
"Vírus está indo embora"
Em 10 de abril, o Brasil ultrapassou a marca de mil mortos por coronavírus. No mundo, já eram 100 mil óbitos. Dois dias depois, Bolsonaro afirmou que "parece que está começando a ir embora essa questão do vírus". O Brasil se tornaria, meses depois, um epicentro global da pandemia, com dezenas de milhares de mortos.
Foto: Reuters/A. Machado
"Eu não sou coveiro"
Assim o presidente reagiu, em frente ao Planalto, quando um jornalista formulava uma pergunta sobre os números da covid-19 no Brasil, que já registrava mais de 2 mil mortes e 40 mil casos. “Ô, ô, ô, cara. Quem fala de... eu não sou coveiro, tá?”, afirmou Bolsonaro em 20 de abril.
Foto: picture-alliance/AP Images/A. Borges
"E daí?"
Foi uma das declarações do presidente que mais causaram ultraje. Com mais de 5 mil mortes, o Brasil havia acabado de passar a China em número de óbitos. Era 28 de abril, e o presidente estava sendo novamente indagado sobre os números do vírus. “E daí? Lamento. Quer que eu faça o quê? Eu sou Messias, mas não faço milagre...”
Foto: Getty Images/A. Anholete
"Vou fazer um churrasco"
Em 7 de maio, o Brasil já contava mais de 140 mil infectados e 9 mil mortes. Metrópoles como Rio e São Paulo estavam em quarentena. O presidente, então, anunciou que faria uma festinha. "Estou cometendo um crime. Vou fazer um churrasco no sábado aqui em casa. Vamos bater um papo, quem sabe uma peladinha...". Dias depois, voltou atrás, dizendo que a notícia era "fake".
Foto: Reuters/A. Machado
"Tem medo do quê? Enfrenta!"
Em julho, o presidente anunciou que estava com covid-19. Disse que estava "curado" 19 dias depois. Fora do isolamento, passou a viajar. Ao longo da pandemia, ele já havia visitado o comércio e participado de atos pró-governo. Em Bagé (RS), em 31 de julho, sugeriu que a disseminação do vírus é inevitável. "Infelizmente, acho que quase todos vocês vão pegar um dia. Tem medo do quê? Enfrenta!”
Foto: Reuters/A. Machado
"País de maricas"
Em 10 de novembro, ao celebrar como vitória política a suspensão dos estudos, pelo Instituto Butantan, da vacina do laboratório chinês Sinovac após a morte de um voluntário da vacina, Bolsonaro afirmou que o Brasil deveria "deixar de ser um país de maricas" por causa da pandemia. "Mais uma que Bolsonaro ganha", comentou.
Foto: Andre Borges/NurPhoto/picture alliance
"Chega de frescura, de mimimi"
Em 4 de março de 2021, após o país registrar um novo recorde na contagem diária de mortes diárias por covid-19, Bolsonaro afirmou que era preciso parar de "frescura" e "mimimi" em meio à pandemia, e perguntou até quando as pessoas "vão ficar chorando". Ele ainda chamou de "idiotas" as pessoas que vêm pedindo que o governo seja mais ágil na compra de vacinas.