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Ministro da Justiça promete trocas na PF se houver vazamento

19 de março de 2016

Recém-empossado no cargo, Eugênio Aragão garante que não pretende influenciar na Lava Jato, mas classifica de "extorsão" o método com que as delações premiadas são negociadas na operação.

O novo ministro da Justiça, Eugênio Aragão, com Lula durante a posse do ex-presidente em BrasíliaFoto: picture-alliance/dpa/E. Peres

O novo ministro da Justiça, Eugênio Aragão, afirmou que vai trocar equipes de investigação da Polícia Federal se "cheirar" vazamento de informações, mas negou que pretenda influenciar na operação Lava Jato. As declarações foram dadas ao jornal Folha de S.Paulo, em entrevista publicada neste sábado (19/03).

"Cheirou vazamento de investigação por um agente nosso, a equipe será trocada, toda. Não preciso ter prova. A Polícia Federal está sob nossa supervisão", afirmou ao jornal.

A divulgação dos áudios interceptados pela PF – aliada à nomeação de Lula como ministro – acirrou o já tenso clima político no país, e levou milhares de pessoas às ruas de várias cidades do país e a deputados de oposição bradarem pela renúncia da presidente no plenário da Câmara dos Deputados.

Em uma das gravações, Dilma afirma ao ex-presidente que estava enviando um emissário para lhe entregar o termo de posse de ministro para ser usado "em caso de necessidade". O diálogo levou à interpretação de que Dilma estaria entregando o documento a Lula para que ele se protegesse de uma eventual ação da Lava Jato, já que sua entrada no ministério lhe dá foro privilegiado junto ao STF.

Para o presidente da Associação Nacional dos Delegados de Polícia Federal, Carlos Miguel Sobral, a fala revela que há uma intenção em acabar com a Operação Lava Jato, segundo a Folha. A ADPF avalia ingressar com medidas judiciais para garantir a atuação dos delegados. Segundo Sobral, não há indícios até agora de nenhuma ilegalidade cometida durante as investigações do esquema de corrupção na Petrobras.

Questionado sobre a possibilidade de influenciar na operação Lava Jato, que investiga corrupção envolvendo empresas estatais, órgãos públicos, empreiteiras e políticos, ou atuar para barrar a investigação, Aragão respondeu: "Não, de jeito nenhum. Não tenho essa prerrogativa, essa competência."

Eugênio de Aragão, ex-subprocurador-geral da República, foi nomeado ministro da Justiça na última segunda-feira, em substituição a Wellington César Lima e Silva, que ficou poucos dias no cargo e deixa a pasta após o Supremo Tribunal Federal determinar que vale o previsto na Constituição de 1988, que proíbe membros do Ministério Público, caso do agora ex-ministro, de ocupar outros cargos públicos que não o de professor.

Na entrevista, o ministro classificou de "extorsão" o método com que as delações premiadas são negociadas na Lava Jato, e minimizou as declarações do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em uma das escutas telefônicas divulgadas, afirmando que ele deveria ter "pulso firme" no ministério.

"Não, isso é uma conversa privada dele. As pessoas entre quatro paredes falam o que querem. Fico até me perguntando qual o interesse público numa fofoca dessa. Isso para mim se chama fofoca. Não me afeta", disse Aragão.

RPR/rtr/abr/ots

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