Ministro alemão prevê triste auge da pandemia no Natal
3 de dezembro de 2021
Autoridades de saúde admitem atraso na adoção de medidas anticovid mais severas e expressam preocupação em relação às festas de fim de ano. "Se todos os adultos estivessem vacinados, não estaríamos nesta situação."
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A quarta onda de coronavírus na Alemanha deve atingir seu auge desolador por volta do Natal, segundo previsão conjunta do ministro da Saúde do país, Jens Spahn, e do chefe do Instituto Robert Koch (RKI), Lothar Wieler.
Em coletiva de imprensa realizada nesta sexta-feira (03/12), Spahn e Wieler afirmaram que as perspectivas são ruins e admitiram que as medidas restritivas foram determinadas com atraso, mas que agora seria importante implementá-las consequentemente e monitorá-las para controlar a quarta onda de covid-19.
Spahn expressou preocupação em relação às festividades de fim de ano. Mesmo que as mais recentes medidas anticovid tenham um efeito imediato e o número de infecções possa ser gradualmente reduzido, a situação nas unidades de terapia intensiva dos hospitais vai "atingir seu triste clímax por volta do Natal".
Na coletiva, Spahn e Wieler voltaram a pedir aos cidadãos que se vacinem contra a covid-19. O ministro comunicou que cerca de 925.800 pessoas – pouco mais de 1% da população alemã – são consideradas ativamente infectadas com o coronavírus. Atualmente, cerca de 4.800 pacientes com covid-19 estão em unidades de terapia intensiva.
Spahn apontou que o percentual de cidadãos não vacinados infectados e gravemente doentes é muito maior do que a mesma parcela na população geral – uma desproporcionalidade que serve de indicativo para a eficácia das vacinas em evitar desenvolvimentos mais graves da doença.
"A incidência entre não vacinados é maior em todas as faixas etárias em comparação com os vacinados", disse Spahn na entrevista coletiva. "Se todos os adultos alemães estivessem vacinados, não estaríamos nesta situação difícil." O ministro garantiu que há na Alemanha doses suficientes para 30 milhões de aplicações até o final do ano.
Quando e como a pandemia pode acabar?
08:06
A dupla – que rotineiramente informa a imprensa sobre a situação pandêmica da Alemanha nas sextas-feiras – conversou com os jornalistas no dia seguinte ao anúncio da implementação de novas restrições anticovid.
Medidas mais severas foram acordadas pelos governo estaduais e federal e visam especialmente as pessoas não vacinadas – as novas regras impedem-nas de entrar em lojas, restaurantes e em eventos esportivos e culturais.
Vacinação obrigatória
Spahn reiterou sua posição contrária à vacinação obrigatória – um tema que tem ganhado força nas últimas semanas na Alemanha. Ele deverá deixar o cargo de ministro da Saúde na próxima semana, quando o novo governo de centro-esquerda tomar posse.
A nova coalizão de governo, por outro lado, planeja apresentar um projeto de lei que mira a vacinação compulsória contra covid-19 no país. Os legisladores devem debater e votar sobre a questão até o início de janeiro. Spahn, que também é membro do Parlamento alemão desde 2002, deixou claro que votaria contra a medida.
O chefe do RKI, agência federal de prevenção e controle de doenças do país, também defendeu uma abordagem cautelosa em relação à vacinação obrigatória. Segundo Wieler, o tema deve ser "comunicado e considerado com muito, muito cuidado".
Há uma série de dúvidas sobre a partir de qual idade a vacinação obrigatória pode ser aplicada e como se lidará com o fato de que as vacinas não oferecem proteção completa a longo prazo e, eventualmente, necessitam de doses adicionais.
"Isso realmente não é tão trivial", disse Wieler, acrescentando ser necessária uma discussão "bem fundamentada" e, posteriormente, "uma decisão realmente bem informada no Parlamento alemão".
Cerca de 68,8% dos cidadãos da Alemanha estão totalmente imunizados – abaixo da meta mínima de 75% estabelecida pelo governo alemão. Na quarta-feira, no entanto, pela primeira vez desde metade do ano mais de um milhão de doses foram administradas num único dia.
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Pandemia em alta na Alemanha
A Alemanha registrou 74.352 novos casos de infecção e 390 mortes relacionadas à covid-19 nas últimas 24 horas, segundo dados divulgados pelo RKI. Nas últimas semanas, o país chegou a bater recordes de casos diários em toda a pandemia.
O chefe do RKI classificou a situação atual como dramática. Embora alguns índices tenham estagnado ou até recuado nos últimos dias, Wieler afirmou que ainda é muito cedo para falar de uma tendência de reversão da situação.
Em algumas regiões, medidas mais severas realmente tiveram impacto. Em outras, no entanto, a queda nos números se deve ao esgotamento das capacidades de registro dos casos – laboratórios e autoridades sanitárias não conseguem acompanhar o volume de testes e relatórios, segundo Wieler.
pv/ek (AP, ots)
As variantes do novo coronavírus
Para evitar a estigmatização e a discriminação dos países onde as variantes do Sars-Cov-2 foram detectadas pela primeira vez, a OMS padronizou seus nomes conforme letras do alfabeto grego.
Foto: Sascha Steinach/ZB/picture alliance
Várias denominações para uma cepa
A Organização Mundial da Saúde (OMS) definiu que as novas variantes do coronavírus passam a ser chamadas por letras do alfabeto grego e não devem mais ser identificadas pelo local onde foram detectadas pela primeira vez. Cientistas criticavam ainda que estavam sendo usados vários nomes para a cepa descoberta na África do Sul, como B.1.351, 501Y.V2 e 20H/501Y.V2.
Foto: Christian Ohde/CHROMORANGE/picture alliance
Nomes científicos continuam válidos
A OMS pediu que os países e a imprensa passem a adotar a nova nomenclatura das variantes e evitem associar novas cepas aos locais de origem. A organização acrescentou, porém, que as novas denominações não substituem os nomes científicos, que devem continuar sendo usados em trabalhos acadêmicos.
Foto: Reuters/D. Balibouse
Variante alfa
A variante B.1.1.7 foi detectada em setembro de 2020 no Reino Unido e se espalhou pelo mundo. Segundo um estudo publicado em março na "Nature", há evidências de que a variante alfa seja 61% mais mortal do que o vírus original. Entre homens com mais de 85 anos, o risco de morte aumenta de 17% para 25%. Para mulheres da mesma faixa etária, de 13% para 19%, nos 28 dias posteriores à infecção.
Foto: Christian Ohde/imago images
Variante beta
Pesquisadores identificaram a variante B.1.351 em dezembro de 2020 na África do Sul. A cepa atinge pacientes mais jovens e é associada a casos mais graves da doença. Os cientistas sequenciaram centenas de amostras de todo o país desde o início da pandemia e observaram uma mudança no panorama epidemiológico, "principalmente com pacientes mais jovens, que desenvolvem formas graves da doença".
Foto: Christian Ohde/imago images
Variante gama
A variante P.1 foi detectada pela primeira vez em 10 de janeiro de 2021 pelo Japão em passageiros vindos de Manaus. Originária do Amazonas, ela se espalhou pelo Brasil e outros países vizinhos. A cepa possui 17 mutações, três das quais estão na proteína spike. São provavelmente essas últimas que fazem com que o vírus possa penetrar mais facilmente nas células para então se multiplicar.
Foto: Christian Ohde/imago images
Variante delta
A variante B.1.617, detectada em outubro de 2020 na Índia, causa sintomas diferentes dos provocados por outras cepas, é significativamente mais contagiosa e aparentemente aumenta o risco de hospitalização, segundo sugeriram estudos. "O vírus se adapta de forma inteligente. Muitos doentes recebem resultados negativos nos testes, mas desenvolvem sintomas graves", explicou um médico de Nova Déli.
Foto: Christian Ohde/imago images
Variante ômicron
A nova variante B.1.1.529, batizada de ômicron pela Organização Mundial da Saúde, foi descoberta em 11 de novembro de 2021 em Botsuana, que faz fronteira com a África do Sul, onde a cepa também foi encontrada. A ômicron contém 32 mutações na chamada proteína "spike" (S), número considerado extremamente alto. Cientistas avaliam que essa variante se dissemina mais rapidamente do que as anteriores.
Foto: Andre M. Chang/Zuma/picture alliance
A busca pela padronização
O novo padrão foi escolhido após "uma ampla consulta e revisão de muitos sistemas de nomenclatura", afirma a OMS. O processo durou meses e entre as sugestões de padronização estavam nomes de deuses gregos, de religiões, de plantas ou simplesmente VOC1, VOC2, e assim por diante.
Foto: Ohde/Bildagentur-online/picture alliance
Nomes e apelidos polêmicos
Desde o início da pandemia, os nomes utilizados para descrever o Sars-Cov-2 têm provocado polêmica. O ex-presidente americano Donald Trump costumava chamar o novo coronavírus de "vírus da China", como forma de tentar culpar o país asiático pela pandemia. O vírus foi detectado pela primeira vez na cidade chinesa de Wuhan.
Foto: picture-alliance/AA/A. Hosbas
Novas cepas podem ser mais perigosas
Mutações em vírus são comuns, mas a maioria delas não afeta a capacidade de transmissão ou de causar manifestações graves de doenças. No entanto, algumas mutações, como as presentes nas variantes do coronavírus originárias do Reino Unido, da África do Sul e do Brasil, podem torná-lo mais contagioso.
Foto: DesignIt/Zoonar/picture alliance
Associação ao local de origem
Historicamente, vírus novos costumam ganhar nomes associados ao local de descoberta, como o ebola, que leva o nome de um rio congolês. No entanto, esse padrão pode ser impreciso, como é o caso da gripe espanhola de 1918. As origens desse vírus são desconhecidas, mas acredita-se que os primeiros casos tenham surgido no estado do Kansas, nos Estados Unidos.
Foto: picture-alliance/National Museum of Health and Medicine