Secretário de Estado Mike Pompeo viaja a Pyongyang para acertar detalhes da cúpula entre os líderes dos dois países. Na agenda estaria também a libertação de três prisioneiros americanos.
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O secretário de Estado americano, Mike Pompeo, se reuniu nesta quarta-feira (09/05) com autoridades norte-coreanas em Pyongyang para tratar do encontro do presidente Donald Trump com o ditador Kim Jong-un. Na agenda estaria também a libertação de três prisioneiros americanos na Coreia do Norte.
Esta é a segunda viagem não anunciada de Pompeo à Coreia do Norte em poucas semanas, mas a primeira dele após a nomeação como o chefe da diplomacia americana. Ele afirmou que espera confirmar junto às autoridades norte-coreanas a data e o local do encontro entre os dois líderes, apesar de Trump ter dito que isso já havia sido decidido.
Pompeo foi recebido pelo chefe de relações internacionais da Coreia do Norte, Kim Yong-chol, a quem chamou de excelente parceiro nos trabalhos para fazer com que o encontro entre Kim e Trump ocorra com sucesso.
O americano disse ao seu colega em Pyongyang que os EUA querem trabalhar para resolver as diferenças entre os dois países, mas lembrou que ainda restam muitos desafios pela frente.
"Durante décadas, fomos adversários. Agora temos a esperança de que podemos trabalhar juntos para resolver esse conflito", disse Pompeo. Kim Yong-chol, por sua vez, ressaltou a melhora nas relações de seu país com a Coreia do Sul e a política norte-coreana de "concentrar todos os esforços no progresso econômico" do país.
"Isso não é resultado das sanções impostas de fora", disse o norte-coreano, afirmando se tratar apenas da vontade do povo. Trump havia atribuído o retorno do país asiático à mesa de negociações à estratégia americana de pressionar Pyongyang.
Coreias adotam primeiras medidas de reconciliação
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O otimismo em torno do encontro histórico dos líderes das duas nações antagônicas esfriou após a decisão da Casa Branca de retirar os EUA do acordo nuclear com o Irã. A medida poderá aumentar a desconfiança norte-coreana em relação a possíveis promessas americanas de remover sanções em troca da desnuclearização do país.
Os demais signatários do acordo com o Irã – Reino Unido, França, China, Rússia e Alemanha – e a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) afirmam que Teerã vinha cumprindo com suas obrigações previstas no pacto. Os detalhes sobre um tratado semelhante com a Coreia do Norte ainda estão sendo discutidos.
"Achamos que relações estão sendo construídas com a Coreia do Norte", disse Trump. "Veremos como isso funcionará. Talvez não funcione. Mas poderá ser algo excelente para a Coreia do Norte, Coreia do Sul e para todo o mundo."
A visita de Pompeo a Pyongyang ocorre em meio a rumores de que os três americanos presos na Coreia do Norte possam vir a ser libertados, após o gabinete do presidente sul-coreano, Moon Jae-in, afirmar ter esperanças de que isso possa ocorrer.
Na semana passada, Trump sugeriu que terá em breve novidades sobre os prisioneiros, após algumas fontes afirmarem que os três teriam sido realocados pelas autoridades norte-coreanas.
Antes do encontro com Trump, Kim Jong-un iniciou uma reaproximação histórica com a Coreia do Sul ao se reunir com o presidente Moon Jae-in na fronteira, abrindo o caminho para uma série de acordos bilaterais. Nas últimas semanas, Kim esteve duas vezes na China para se encontrar com o presidente Xi Jinping e reforçar os laços com um de seus principais aliados.
RC/afp/ap
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Coreia do Norte nas lentes de um instagrammer
Apesar do destaque no noticiário internacional, nação asiática continua sendo uma das mais isoladas do mundo. Em várias visitas ao país, o instagrammer Pierre Depont tentou capturar a vida cotidiana dos norte-coreanos.
Foto: DW/P.Depont
Traços de normalidade
Apesar da imagem de reclusa, a Coreia do Norte convida estrangeiros a descobrirem suas atrações. Mas viajar como turista não significa passear livremente pelo país, pois guias especiais devem acompanhar cada passo do visitante. As restrições não desencorajaram o instagrammer britânico Pierre Depont, que visitou o país sete vezes, capturando traços de normalidade no cotidiano dos norte-coreanos.
Foto: DW/P. Depont
Capitalismo rastejante
Depont visitou a Coreia do Norte pela primeira vez em 2013 e, desde então, ele estuda as transformações no país autoritário. Nos últimos dois ou três anos, ele observou que “em Pyongyang, tornou-se aceitável exibir a própria riqueza”. Com uma classe média cada vez maior e um boom das construções, a capital norte-coreana parece estar desafiando sanções econômicas internacionais.
Foto: Pierre Depont
Estilo em Pyongyang
Estabelecer contato com pessoas comuns não é fácil na Coreia do Norte, segundo Depont. "Tive algumas conversas aleatórias com estranhos, sempre ouvidas por um dos guias.” De acordo com as experiências do instagrammer, a maioria dos norte-coreanos não gosta de ser fotografado. “As mulheres norte-coreanas estão definitivamente ficando mais estilosas. Mas só é possível notar isso nas cidades.”
Foto: DW/P. Depont
Urbano X rural
Esta estação de metrô em Pyongyang deslumbra passageiros com o que parecem ser paredes de mármore e candelabros. Para Depont, a Coreia do Norte é um lugar ideal para a fotografia. “Você não encontra nenhuma publicidade, nenhuma distração”, diz. Mas enquanto a capital, onde vive a elite, parece estar prosperando, outras partes do país permanecem assoladas pela pobreza.
Foto: Pierre Depont
Dificuldades ocultas
A Coreia do Norte continua sendo uma sociedade altamente militarizada e predominantemente agrícola. Turistas, no entanto, não conseguem ver muito das condições de vida da população rural. “Cada pedacinho de terra é cultivado, cada metro quadrado é usado”, conta Depont.
Foto: Pierre Depont
Abundância encenada?
Turistas interessados na vida fora das cidades norte-coreanas são levados em visitas guiadas a cooperativas agrícolas. Quando Depont visitou uma fazenda do tipo, próxima a Hamhung, segunda maior cidade do país, ela exibia uma pequena venda, com uma variedade de mercadorias ordenadamente expostas. Depont disse ter tido a impressão de que se tratava de um comércio de fachada, só para ser mostrado.
Foto: DW/P.Depont
Escolas de elite
Uma parada numa escola modelo é um ponto importante de muitos tours na Coreia do Norte. A colônia de férias internacional Songdowon foi reaberta em 2014 e recebeu a visita do atual líder do país, Kim Jong-un. “Há algo de irreal no lugar”, conta Depont. “As crianças brincam na sala de jogos, usando fliperamas e cerca de 20 computadores modernos.”
Foto: DW/P.Depont
Militarismo onipresente
O setor militar é fundamental para a identidade do país e para o sustento de sua sociedade. Cerca de um quarto da população trabalha como funcionário militar. Pyongyang tem um dos maiores orçamentos militares do mundo em relação à sua economia. Desde pequenos, os norte-coreanos crescem em meio a um imaginário militar. Depont se deparou com esse tanque em miniatura num playground perto de Hamhung.
Foto: Pierre Depont
Adoração ritualizada
Além do militarismo, o alto nível de controle político e o culto à personalidade de Kim Jong-un e seus predecessores são onipresentes. A adoração cotidiana ao líder supremo impressionou Depont. “Você vê a quantidade de dinheiro e esforço dedicados a sustentar a história dos grandes líderes e suas grandes estátuas.”