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Ministro do Exterior alemão visita o Brasil

29 de abril de 2019

Em meio a período de frieza das relações bilaterais, Maas será primeiro membro do governo Merkel a se encontrar com Bolsonaro. Agenda no país começa com reunião com ativistas pelos direitos das mulheres em Salvador.

Ministro do Exterior alemão, Heiko Maas, ao lado de um avião
Ministro do Exterior alemão, Heiko Maas, inicia no Brasil turnê por três países da América LatinaFoto: picture-alliance/dpa/K. Nietfeld

O ministro do Exterior da Alemanha, Heiko Maas, inicia nesta segunda-feira (29/04) uma viagem por três países da América Latina, começando pelo Brasil. O social-democrata será recebido primeiramente em Salvador, onde fundará uma rede para fortalecimento dos direitos das mulheres, antes de seguir na terça-feira para Brasília, onde se tornará o primeiro membro do governo alemão a se encontrar com o presidente Jair Bolsonaro.

Segundo observadores, a ordem dos eventos da agenda – primeiro um encontro com ativistas que atuam pelos direitos das mulheres e, depois, uma reunião com o presidente brasileiro – não é um bom presságio para as já enfraquecidas relações entre os dois países.

Com a viagem, cujas próximas paradas são a Colômbia, na quarta-feira, e, o México, na quinta-feira, Maas quer promover uma conferência de ministros do Exterior latino-americanos, a ser realizada em 28 de maio em Berlim. O objetivo é fortalecer a sociedade civil, a democracia e os direitos humanos na América Latina e direcionar o interesse para uma ordem mundial multilateral.

A iniciativa diplomática de Maas, que atualmente é presidente do Conselho de Segurança das Nações Unidas, visa fortalecer as relações econômicas, culturais e políticas com a América Latina. Também visa criar um contrapeso em relação a países como os EUA e a Rússia, que se afastam cada vez mais de um mundo multilateral. Além disso, a aproximação com os latino-americanos serve como uma reação à crescente influência da China na região.

Em Brasília, Maas será recebido pelo ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, e por Bolsonaro. O presidente admira seu homólogo americano, Donald Trump, e sua doutrina America First, enquanto Araujo propôs até mesmo uma "aliança cristã" com Putin e Trump.

Parte da comunidade internacional teme que Bolsonaro possa, ao lado de Trump, enfraquecer tratados e instituições internacionais, assim como os direitos humanos. O presidente brasileiro ainda mantém em aberto se sairá do Acordo do Clima de Paris.

O Brasil é o maior e mais populoso país da América Latina e integra o G20, grupo formado pela 19 maiores economias do mundo mais a União Europeia. A visita de Maas ao país ocorre num momento delicado para as relações entre Brasília e Berlim, que há décadas são unidos por uma estreita cooperação econômica. Empresas alemãs, como a Volkswagen e a Mercedes, fazem parte da espinha dorsal da indústria brasileira.

Desde 2008, o Brasil também é o único país da América Latina com o qual a Alemanha mantém uma parceria estratégica. A chanceler federal alemã, Angela Merkel, viajou em 2015 com metade de seu gabinete para negociações em Brasília. Na época, foram lançadas as chamadas consultações intergovernamentais entre Brasil e Alemanha. No entanto, elas deixaram de ocorrer em 2017 por causa da crise política interna no Brasil e, desde então, estão suspensas.

Em sua visita a Brasília, Maas deve tratar, entre outras coisas, da possibilidade de uma retomada das consultações bilaterais. Além dessa parceria estratégica, agora suspensa, ambos os países compõem, juntamente com Japão e Índia, o G4, grupo que reivindica um assento permanente no Conselho de Segurança da ONU.

Desde a eleição de Bolsonaro, classificado por críticos de racista e misógino, as relações Brasil-Alemanha esfriaram ainda mais. O governo alemão comunicou que pretende avaliar Bolsonaro com base em seus atos. Em março, a bancada parlamentar do partido A Esquerda exigiu que o governo alemão encerre a parceria estratégica com o Brasil.

MD/afp/kna/dpa/dw

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