Ministro do Exterior culpa Merkel por ascensão da AfD
14 de setembro de 2017
Social-democrata diz que chanceler federal é parcialmente responsável pelo fortalecimento dos populistas de direita por ter negligenciado necessidades de cidadãos alemães menos favorecidos durante crise de refugiados.
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O ministro alemão do Exterior, Sigmar Gabriel, atribuiu à chanceler federal Angela Merkel parte da responsabilidade pelo fortalecimento do partido populista de direita Alternativa pela Alemanha (AfD). O social-democrata acusou a chefe de governo de ter negligenciado problemas dos cidadãos alemães durante a crise dos refugiados. A declaração foi dada em entrevista publicada nesta quinta-feira (14/09) pela revista Der Spiegel.
Gabriel afirmou que, na época da crise, foi difícil convencer Merkel e seus correligionários de que "também precisamos cuidar daqueles que, do contrário, se sentem como se nós os tivéssemos esquecido".
O ministro citou como exemplo uma proposta, que teria feito na época, para triplicar a construção de imóveis subvencionados para a população menos favorecida e criar uma aposentadoria mínima. As ideias, segundo ele, seriam uma demonstração "de que nós também estamos preocupados com os problemas sociais da população do país".
De acordo com o social-democrata, as propostas foram rejeitadas pelo ministro das Finanças, o democrata-cristão Wolfgang Schäuble. "Agora, os radicais de direita exploram essa negligência de forma despudorada", lamentou.
Gabriel se disse preocupado com a possibilidade de a AfD conseguir os votos necessários para entrar no Bundestag, o Parlamento alemão, o que deverá acontecer, segundo pesquisas de intenção de voto. "Se isso acontecer, nazistas vão discursar no Reichstag pela primeira vez em mais de 70 anos", afirmou, referindo-se à denominação do prédio que abriga o Bundestag.
MD/afp/ots
Cartazes eleitorais na Alemanha
Personalizados, coloridos ou controversos: os rostos dos candidatos à eleição para chefe do governo já estão nas ruas. Veja aqui como os principais partidos do país apresentam seus protagonistas.
Foto: picture alliance/dpa/B.Pedersen
Patriotismo puro
Duas séries de motivos, 22 mil cartazes e orçamento de 20 milhões de euros: é assim a campanha publicitária da CDU, partido de Merkel. "Por uma Alemanha em que vivamos bem e com gosto" - a legenda se mostra patriótica com as cores nacionais da Alemanha em sua propaganda de rua. Os temas eleitorais da União Democrata Cristã são segurança, família e emprego.
Foto: picture alliance/dpa/B.Pedersen
Cidadãos em foco
"O futuro precisa de novas ideias. E de alguém que as implemente" - em seus cartazes, o Partido Social-Democrata (SPD) enfoca temas como educação, aposentadoria, investimento e igualdade salarial. Somente num segundo momento, o foco deverá recair sobre o candidato Martin Schulz, grande rival de Merkel. O SPD promete surpresas no final de sua campanha, que deverá custar 24 milhões de euros.
A campanha é ele
"Impaciência também é uma virtude" – o Partido Liberal Democrático (FDP) vai gastar mais de 5 milhões de euros em publicidade com foco sobretudo numa só pessoa: Christian Lindner. O líder partidário é retratado sorrindo, com look casual ou barba de três dias. "Denken wir neu", "vamos repensar", é o slogan com que pretendem concorrer às eleições. Longos textos acompanham Lindner nos cartazes.
Por isso, verde
"O meio ambiente não é tudo. Mas sem meio ambiente tudo é nada". Desta vez, os verdes apostam em texto em letras garrafais diante de um motivo simbólico. O partido continua fiel a seus temas. O foco recai sobre tópicos clássicos como meio ambiente ou integração. "Darum grün" ("Por isso, verde") é o lema de campanha. Em todos os cartazes, pode-se ver o girassol amarelo como motivo principal.
Populismo
"Burcas? Nós gostamos de biquínis" - os cartazes do partido populista de direita Alternativa para Alemanha (AfD) provocaram discussões. Seu lema: "Trau Dich, Deutschland!" (Confie em você, Alemanha!"). E, confiantes, eles provocam, pois os textos nos cartazes visam ao isolamento, sobretudo em relação ao islã.
Sem rosto
"Imposto sobre milionários, mais dinheiro para creches e escolas". Letras brancas junto ao vermelho simbólico do partido: o partido A Esquerda continua fiel a seu estilo, dispensando, desta vez, mostrar rostos em seus cartazes. Sob o lema "Sem vontade para mesmice", a legenda enfoca três temas principais: aluguéis acessíveis, aposentadorias mais justas e fim da exportação de armas.
Nem tão sério
Ajustar os salários de executivos ao tamanho do sutiã e conter a elevação do preço da cerveja. Tais reivindicações estão no programa do "Die Partei" ("O Partido"). Os seus cartazes são acima de tudo irônicos (na foto, "Não faça merda com sua cruz"), bem ao estilo de seus fundadores, redatores da revista satírica "Titanic". Seu candidato à Chancelaria Federal é o comediante Serdar Somuncu.