Nicolas Hulot anuncia decisão durante entrevista, alegando "acúmulo de decepções" em relação ao combate às mudanças climáticas. "A França está fazendo mais do que outros países, mas não está fazendo o suficiente", diz.
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O ministro francês do Meio Ambiente, Nicolas Hulot, anunciou sua renúncia do cargo nesta terça-feira (28/08), sem ter antes comunicado o presidente da França, Emmanuel Macron, ou o primeiro-ministro, Édouard Philippe.
"Eu tomei a decisão de deixar o governo", disse Hulot durante uma entrevista à rádio France Inter, após confidenciar que se sentia "sozinho" no Executivo francês diante de um "acúmulo de decepções" em relação a medidas de combate às mudanças climáticas.
"É a decisão mais difícil da minha vida. Não quero mais mentir para mim mesmo, não quero dar a ilusão de que a minha presença no governo significa que estamos fazendo o suficiente para lidar com esse desafio [climático]", acrescentou.
"A França está fazendo mais do que muitos outros países, mas não está fazendo o suficiente. A Europa não está fazendo o suficiente. O mundo não está fazendo o suficiente", disse. "Eu tenho um pouco de influência, mas não tenho poder nem meios."
O anúncio representa um grande golpe para o governo de Macron, que se comprometeu a fazer da França um líder global em soluções climáticas após o Acordo de Paris de 2015.
Durante sua campanha presidencial, Macron prometeu implementar políticas ambientais ambiciosas. Mas Hulot sugeriu que o governo tem falado mais do que executado medidas ambientais.
As diferenças entre Hulot e o governo ficaram claras nos últimos meses. Ele ficou desapontado quando o governo retrocedeu em relação à meta de reduzir a dependência da energia nuclear em 50% até 2025, por exemplo.
Hulot, que foi apresentador de TV e era um dos ministros mais populares do governo atual, tomou a decisão após uma reunião sobre a caça presidida por Macron. Ele contou que estava presente "um lobista que não foi convidado" – em referência a Thierry Coste, que trabalha para a Federação Nacional de Caçadores.
"A presença de grupos de pressão nos círculos de poder é significativa", afirmou o ministro. Ele insistiu, no entanto, que não quer que sua renúncia sirva para atacar o governo, pois tem "uma profunda admiração por Macron e Philippe".
Nem Macron nem Philippe foram avisados da renúncia. "Eu sei que não é muito formal", admitiu e explicou que receava que o tentassem dissuadir de renunciar ao cargo "mais uma vez".
O porta-voz do governo francês, Benjamin Griveaux, lamentou a saída do ministro e elogiou o trabalho realizado por Hulot, mas não deixou de sublinhar a falta de cortesia para com Macron.
"Faz-se uma revolução ambiental em um ano? A resposta é não!", disse Griveaux. "Prefiro pequenos passos a não fazer nada."
Três quartos dos gases estufa são produzidos pela combustão de carvão, petróleo e gás natural; o resto, pela agricultura e desmatamento. Como se podem evitar gases poluentes? Veja dez dicas que qualquer um pode seguir.
Foto: picture-alliance/dpa
Usar menos carvão, petróleo e gás
A maioria dos gases estufa provém das usinas de energia, indústria e transportes. O aquecimento de edifícios é responsável por 6% das emissões globais de gases poluentes. Quem utiliza a energia de forma eficiente e economiza carvão, petróleo e gás também protege o clima.
Foto: picture-alliance/dpa
Produzir a própria energia limpa
Hoje, energia não só vem de usinas termelétricas a carvão, óleo combustível e gás natural. Há alternativas, que atualmente são até mesmo mais econômicas. É possível produzir a própria energia e, muitas vezes, mais do que se consome. Os telhados oferecem bastante espaço para painéis solares, uma tecnologia que já está estabelecida.
Foto: Mobisol
Apoiar boas ideias
Cada vez mais municípios, empresas e cooperativas investem em fontes energéticas renováveis e vendem energia limpa. Este parque solar está situado em Saerbeck, município alemão de 7,2 mil habitantes que produz mais energia do que consome. Na foto, a visita de uma delegação americana à cidade.
Foto: Gemeinde Saerbeck/Ulrich Gunka
Não apoiar empresas poluentes
Um número cada vez maior de cidadãos, companhias de seguro, universidades e cidades evita aplicar seu dinheiro em companhias de combustíveis fósseis. Na Alemanha, Münster é a primeira cidade a aderir ao chamado movimento de desinvestimento. Em nível mundial, essa iniciativa abrange dezenas de cidades. Esse movimento global é dinâmico – todos podem participar.
Foto: 350.org/Linda Choritz
Andar de bicicleta, ônibus e trem
Bicicletas, ônibus e trem economizam bastante CO2. Em comparação com o carro, um ônibus é cinco vezes mais ecológico, e um trem elétrico, até 15 vezes mais. Em Amsterdã, a maior parte da população usa a bicicleta. Por meio de largas ciclovias, a prefeitura da cidade garante o bom funcionamento desse sistema.
Foto: DW/G. Rueter
Melhor não voar
Viajar de avião é extremamente prejudicial ao clima. Os fatos demonstram o dilema: para atender às metas climáticas, cada habitante do planeta deveria produzir, em média, no máximo 5,9 toneladas de CO2 anualmente. No entanto, uma viagem de ida e volta entre Berlim e Nova York ocasiona, por passageiro, já 6,5 toneladas de CO2.
Foto: Getty Images/AFP/P. Huguen
Comer menos carne
Para o clima, também a agricultura é um problema. No plantio do arroz ou nos estômagos de bois, vacas, cabras e ovelhas é produzido o gás metano, que é muito prejudicial ao clima. A criação de gado e o aumento mundial de consumo de carne são críticos também devido à crescente demanda de soja para ração animal. Esse cultivo ocasiona o desmatamento de florestas tropicais.
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Comprar alimentos orgânicos
O óxido nitroso é particularmente prejudicial ao clima. Sua contribuição para o efeito estufa global gira em torno de 6%. Ele é produzido em usinas de energia e motores, mas principalmente também através do uso de fertilizantes artificiais no agronegócio. Esse tipo de fertilizante é proibido na agricultura ecológica e, por isso, emite-se menos óxido nitroso, o que ajuda a proteger o clima.
Foto: imago/R. Lueger
Sustentabilidade na construção e no consumo
Na produção de aço e cimento emite-se muito CO2, em contrapartida, ele é retirado da atmosfera no processo de crescimento das plantas. A escolha consciente de materiais de construção ajuda o clima. O mesmo vale para o consumo em geral. Para uma massagem, não se precisa de combustível fóssil, mas para copos plásticos, que todo dia acabam no lixo, necessita-se uma grande quantidade dele.
Foto: Oliver Ristau
Assumir responsabilidades
Como evitar gases estufa, para que, em todo mundo, as crianças e os filhos que elas virão a ter possam viver bem sem uma catástrofe do clima? Esses estudantes estão fascinados com a energia mais limpa e veem uma chance para o seu futuro. Todos podem ajudar para que isso possa acontecer.