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PolíticaIrlanda

Ministro irlandês renuncia após ir a jantar durante pandemia

22 de agosto de 2020

Evento promovido por sociedade de golfe recebeu 80 convidados, entre eles um comissário da UE, e gerou polêmica no país europeu. Polícia investiga se reunião violou regras nacionais para conter a crise da covid-19.

O ex-ministro da Agricultura da Irlanda Dara Calleary
"Prejudiquei o esforço nacional para tentar enfrentar a covid-19", declarou o ministro da Agricultura após renunciarFoto: picture-alliance/dpa/PA Wire/B. Lawless

O ministro da Agricultura da Irlanda, Dara Calleary, pediu demissão nesta sexta-feira (21/08), após sua participação em um jantar em meio à pandemia de covid-19 ter gerado polêmica no país. O encontro teria violado medidas reintroduzidas pelo governo para conter o avanço do vírus.

Calleary esteve entre os mais de 80 convidados de um jantar em um hotel no Condado de Galway, na quarta-feira, oferecido pela sociedade de golfe do Parlamento irlandês.

O encontro ocorreu exatamente um dia depois de ele e seus colegas de gabinete terem endurecido significativamente as medidas restritivas em todo o país, na tentativa de frear um aumento nas infecções. Entre as regras atualmente em vigor, está a proibição de reuniões entre mais de seis pessoas em lugares fechados, com algumas exceções.

"Quero pedir desculpas a todos. Prejudiquei o esforço nacional para tentar enfrentar a covid-19", declarou o ministro a uma emissora de rádio local. "Eu decepcionei, irritei e estressei muitas pessoas que tiveram que fazer apelos muito difíceis nos últimos seis meses."

O primeiro-ministro irlandês, Micheál Martin, aceitou a renúncia de Calleary, afirmando que o político tomou a decisão certa pelo país ao entregar o cargo e descrevendo a participação dele no jantar como "um erro de julgamento".

"Cidadãos de todo o país têm feito sacrifícios muito difíceis e pessoais na família e no trabalho para seguir os regulamentos do coronavírus. Esse evento não deveria ter ocorrido da maneira como ocorreu, dada a decisão do governo na última terça-feira", disse o premiê em comunicado.

Também nesta sexta-feira, a polícia irlandesa informou que está investigando o evento da sociedade de golfe sobre possíveis violações das leis nacionais de saúde.

Outros políticos estiveram presentes no controverso jantar de quarta-feira, entre eles o vice-presidente da câmara alta do Parlamento irlandês (equivalente ao Senado), Jerry Buttimer, que também renunciou ao cargo nesta sexta-feira.

O comissário de Comércio da União Europeia (UE), o irlandês Phil Hogan, foi outro que compareceu ao evento e está agora sob pressão para deixar o cargo. Nesta sexta-feira, um porta-voz afirmou que "o comissário pede desculpas pelo distúrbio causado por sua participação".

No Twitter, Hogan, que é ex-ministro do governo irlandês e ex-comissário de Agricultura da UE afirmou que foi ao jantar "com a ideia clara de que os organizadores e o hotel tinham assegurado que os preparativos estavam em conformidade com as orientações do governo".

O comissário acrescentou que antes do evento "cumpriu integralmente os requisitos de quarentena do governo irlandês", permanecendo em isolamento preventivo desde o final de julho.

Na última terça-feira, o primeiro-ministro Martin anunciou que o governo decidiu reintroduzir algumas medidas implantadas durante o lockdown de março a maio no país europeu, após um recente aumento no número de novas infecções diárias.

Segundo as novas regras, as reuniões em espaços fechados só podem juntar um máximo de seis pessoas (até terça-feira eram 50) e em espaços abertos um máximo de 15 (eram 200), com exceção de alguns eventos, como serviços religiosos e casamentos, que podem reunir até 50 pessoas.

O hotel que sediou o jantar do qual Calleary e Hogan participaram afirmou que os convidados foram separados em dois grupos com menos de 50 pessoas cada. Contudo, a imprensa local informou que a divisão entre as duas salas foi removida durante os discursos.

No sábado passado, a presidente da agência responsável pela promoção do turismo na Irlanda, Catherine Martin, já havia pedido demissão após ser revelado que ela viajou de férias para a Itália, apesar dos apelos do governo para que as viagens sejam feitas apenas dentro do país.

A Irlanda, um país de pouco menos de 5 milhões de habitantes, registrou até agora 27 mil casos confirmados de coronavírus e 1.776 mortes ligadas à doença.

O número de infecções diárias atingiu seu pico em abril, com centenas de casos registrados diariamente, antes de cair para cerca de 20 por dia ao longo de junho e julho, permitindo a flexibilização das restrições em junho.

A reintrodução de medidas de contenção nacionais foi anunciada na terça-feira após a cifra de novos casos diários ultrapassar 100 por quatro vezes em agosto. Apesar do salto, apenas 17 pessoas estão hospitalizadas por covid-19 atualmente no país, segundo dados do governo.

EK/rtr/dpa/afp/efe/lusa

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