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Ministro israelense sob pressão por defender "cura gay"

15 de julho de 2019

Titular da Educação vira alvo de protestos após dizer que acredita na eficácia de terapias de conversão de homossexuais. Primeiro-ministro Netanyahu condena declaração, mas não dá sinais de que pretende demitir ministro.

Israel é visto como país acolhedor aos LGBT. Parada gay de Tel Aviv atrai mais 200 mil pessoas todos os anos
Israel é visto como um país acolhedor aos LGBTs. Parada gay de Tel Aviv atrai mais de 200 mil pessoas por anoFoto: Getty Images/A. Levy

Protestos em Israel neste domingo (14/07) aumentam a pressão para que o ministro da Educação, Rafi Peretz, seja demitido após manifestar sua crença em terapias de conversão de homossexuais.

Em entrevista a uma emissora de televisão no sábado, Peretz foi perguntado se acreditava que a controversa terapia poderia de fato transformar gays em heterossexuais. "Acho que pode, sim", respondeu o ministro. "Posso lhe dizer que tenho um profundo conhecimento sobre educação e já a apliquei também."

Peretz, que lidera a pequena União dos Partidos de Direita, de plataforma religiosa e nacionalista, contou que certa vez um estudante se aproximou dele dizendo ser gay. O ministro afirmou que abraçou o menino, o tratou de maneira gentil e prometeu "ajudá-lo a entender a si mesmo para então poder decidir por conta própria".

Os comentários levaram centenas de pessoas às ruas de Tev Aviv para protestar e pedir sua demissão. A declaração foi criticada também por diversos setores da política israelense, inclusive pelo próprio primeiro-ministro do país, Benjamin Netanyahu, e outros membros do governo.

Netanyahu, que incluiu o partido de Peretz na coalizão de governo após as eleições de 9 de abril, condenou a declaração. "Os comentários do ministro da Educação sobre a comunidade gay não são aceitáveis e não refletem a posição do governo", afirmou em nota.

O premiê disse ainda ter conversado com Peretz, que, segundo Netanyahu, "esclareceu suas declarações e assegurou que o sistema de educação de Israel continuará a aceitar todos os filhos de Israel da forma como são, sem se importar com sua orientação sexual".

Ministro israelense da Educação, Rafi Peretz, disse acreditar na eficácia das terapias de conversão Foto: picture-alliance/AP/M. Kahana

Apesar dos protestos e das críticas ao membro de seu governo, o primeiro-ministro não deu sinais de que pretende demitir Peretz.

Na mesma entrevista no sábado, o ministro minimizou um comentário do jornalista de que Israel poderá realizar um "apartheid" se anexar a Cisjordânia ocupada sem dar aos palestinos o direito de votar nas eleições gerais de Israel. "Eles certamente não poderão votar", afirmou.

Esse comentário, somado à declaração em favor da terapia de conversão de gays, levou os manifestantes a tachá-lo de "racista homofóbico".

Essa foi a segunda controvérsia criada por Peretz em apenas um mês. Na semana passada, ele foi criticado, principalmente no exterior, por qualificar o casamento entre judeus e não judeus de um segundo Holocausto.

Nos últimos anos, Israel se tornou um destino turístico de grande atração para a comunidade LGBT. A parada gay de Tel Aviv atrai mais de 200 mil pessoas todos os anos. Homossexuais podem ingressar abertamente nas Forças Armadas e na política. Muitos artistas populares são assumidamente gays.

As terapias de conversão de homossexuais são amplamente consideradas como sem embasamento científico e potencialmente prejudiciais aos jovens, inclusive pelo Ministério da Saúde israelense.

Mas a reputação de Israel como um país liberal e acolhedor aos LGBTs é vista por muitos como um disfarce para abafar repetidas violações dos direitos dos palestinos.

RC/afp/ap

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