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Líbia enfraquecida

31 de março de 2011

O ditador líbio Muammar Kadafi perde mais um importante aliado. Em Londres, o ministro líbio do Exterior, Mussa Kussa, teria anunciado sua renúncia, afirmou o governo britânico.

Ministro das Relações Exteriores da LíbiaFoto: AP

O Ministério britânico do Exterior anunciou na noite de quarta-feira (30/03) a renúncia do ministro líbio do Exterior, Mussa Kussa, de 59 anos. O ministério divulgou ainda que Kussa teria viajado a Londres "por livre e espontânea vontade" e que pretende renunciar.

O porta-voz do governo da Líbia, Mussa Ibrahim, contestou a informação de que Kussa teria fugido. "Ele está em Londres para tratar de assuntos diplomáticos." Já no início dos conflitos políticos na Líbia, os ministros líbios do Interior e da Justiça renunciaram para se aliar aos rebeldes.

Mussa Kussa foi mão direita de KadafiFoto: dapd

Enquanto isso, foi anunciado que a Líbia será representada na ONU por um ex-ministro do Exterior da Nicarágua. O governo da Nicarágua publicou um comunicado a respeito, no qual informa que o próprio Mussa Kussa informou o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, sobre o futuro papel de Miguel D'Escoto Brockmann como representante do governo líbio nas Nações Unidas.

Viagem pela Tunísia

O avião que transportou Kussa ao Reino Unido decolou de Djerba, na Tunísia. Segundo informações da agência de notícia AP, Kussa teria se encontrado com uma delegação internacional num hotel em Djerba.

Logo depois surgiram os primeiros boatos de que o ministro líbio do Exterior estaria fugindo. O governo líbio desmentiu a informação. A agência de notícias estatal tunisiana TAP informou que Kussa entrou na Tunísia declarando tratar-se de uma viagem particular.

O Ministério do Exterior do Reino Unido incentivou também outros seguidores de Kadafi a abandonarem o líder líbio. Em Londres, a mídia noticiou que Kussa foi interrogado pelo serviço secreto, para apurar informações sobre a situação na Líbia.

Responsável pelos serviços secretos

Se a notícia sobre a renúncia de Kussa se confirmar, será um forte golpe para o ditador Muammar Kadafi, disse Guma el Gamati, representante da oposição líbia no Reino Unido.

Se Kussa afirmou que vai renunciar, ele cumprirá o que disse, salientou Gamati, segundo o qual Kussa foi a mão direita de Kadafi durante vários anos. Ele foi o responsável pelos serviços secretos e pelas negociações sobre os autores do atentado líbio de Lockerbie, motivo pelo qual Kussa não é bem-vindo no movimento opositor ao governo líbio, disse Gamati. Kussa teria sido por tempo demais parte do regime de Kadafi.

Caso a renúncia de Kussa seja confirmada, esta seria a primeira saída de um alto representante do governo de Kadafi desde o início dos ataques aéreos da coligação internacional neste país africano.

Armas aos rebeldes

Enquanto prossegue a discórdia interna da Otan sobre um possível fornecimento de armas aos rebeldes líbios, Washington informou que os EUA e o Reino Unido já estariam apoiando os rebeldes, com agentes secretos e tropas de comando.

Rebeldes líbios estariam obtendo apoio da CIAFoto: dapd

A Casa Branca, porém, nega-se a falar sobre as missões secretas. "Este governo, assim como os anteriores, não costuma se pronunciar sobre questões do serviço secreto", explicou o porta-voz do presidente dos EUA, Jay Carney. Ele enfatizou que ainda não foram tomadas decisões sobre apoiar ou não os rebeldes por meio do fornecimento de armas.

Segundo uma reportagem do The New York Times publicada nesta quarta-feira, os rebeldes estariam recebendo ajuda de diversas formas. O serviço secreto norte-americano, CIA, estaria apoiando os rebeldes líbios há semanas em operações secretas. Os espiões estariam, por exemplo, tentando localizar alvos para ataques aéreos.

Funcionários do governo britânico informaram que dezenas de agentes do Departamento de Inteligência do serviço secreto britânico M16 e membros de comandos especiais estariam agindo na Líbia, prestando informações aos militares britânicos sobre movimentações das tropas de Kadafi.

Detonações em Trípoli

Novas explosões foram registradas na capital líbia Trípoli nesta quarta-feira à noite. Testemunhas oculares relataram que aviões de combate sobrevoaram a capital e atacaram uma base militar.

A agência estatal de notícias da Líbia, Jana, reportou porém que o alvo teria sido civil. O "preço" pelas bombas atiradas nesta "cruzada" deveria ser pago pelos governos do Qatar e dos Emirados Árabes – publicou a agência. Tanto o Qatar quanto os Emirados Árabes pertencem à coligação internacional.

As tropas de Kadafi continuam avançando em direção ao leste do país, para conter os rebeldes em Ras Lanuf, rica em petróleo. Um representante dos rebeldes disse que as coligações rebeldes estariam se recolhendo à cidade de Ajdabiya para montar uma nova linha de frente.

Nesta quinta-feira (31/03), os rebeldes líbios retornaram à cidade litorânea de Brega, da qual haviam sido expulsos um dia antes pelas tropas de Kadafi, conforme informou a emissora de televisão Al Arabiya.

Oposicionistas declararam que em Kufra, no sul da Líbia, foram mortos alguns oficiais da brigada de elite das Forças Armadas líbias, chamada Khamis em referência ao filho de Kadafi que tem este nome. Khamis teria sido assassinado há alguns dias, mas o governo líbio desmente a informação.

BR/dapd/dpa/afp/rtr
Revisão: Roselaine Wandscheer

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