Ministros ameaçam sair se Johnson assumir governo britânico
21 de julho de 2019
Poucos dias antes de os conservadores definirem a sucessão de Theresa May, chefes das pastas de Economia e Justiça dizem que não participarão de um governo que vise um Brexit sem acordo.
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O ministro da Economia do Reino Unido, Philip Hammond, anunciou neste domingo (21/07) que renunciará ao cargo se o ex-ministro do Exterior britânico Boris Johnson se tornar o novo primeiro-ministro. Como justificativa, ele se disse incapaz de colaborar com um líder que pretende tirar o país da União Europeia (UE) sem um acordo.
O Partido Conservador anuncia nesta terça-feira o ganhador da campanha interna para escolher o novo líder "tory", na qual Johnson é o favorito, numa disputa com o atual ministro do Exterior, Jeremy Hunt.
Hammond, que está há três anos no posto, sempre criticou a possibilidade de o Reino Unido sair da UE sem um acordo – algo defendido por Johnson.
O ministro confirmou ao programa do jornalista Andrew Marr, da emissora de televisão BBC, que deixará o cargo caso o ex-prefeito de Londres se torne chefe do Executivo. "Tenho certeza de que não vou ser tirado (do governo) porque vou renunciar antes de chegar a esse ponto", assegurou Hammond.
"Assumindo que Boris Johnson se torne o próximo primeiro-ministro, entendo que as condições para estar em seu governo incluiriam aceitar uma saída (da UE) sem acordo em 31 de outubro, e isso é algo que eu nunca aceitaria", acrescentou.
"É muito importante que o premiê possa ter um ministro da Economia que seja próximo a ele quanto às ideias políticas, e portanto tenho a intenção de renunciar antes que Theresa May vá ao palácio (de Buckingham) para apresentar sua renúncia (à rainha Elizabeth) na quarta-feira", acrescentou.
Johnson avisou que seus ministros devem aceitar a possibilidade de um Brexit sem acordo ocorrer em 31 de outubro, ressaltando que, embora não seja algo que deseje, as pessoas devem estar preparadas para "tentar aumentar a pressão sobre a UE".
Essa postura pode fazer com que vários outros ministros tentem deixar o governo antes de enfrentar a perspectiva de serem demitidos por Johnson.
O ministro da Justiça, David Gauke, também confirmou ao jornal britânico The Sunday Times que renunciará na próxima quarta-feira se Boris Johnson assumir o poder, igualmente por ser contra um chamado Brexit duro. Alguns parlamentares afirmaram também acreditar que mais conservadores pró-UE deixem seus postos para tomar parte de negociações no Parlamento para buscar um caminho para evitar um Brexit sem acordo.
Com Brexit, vila alemã vira centro da União Europeia
Quando se concretizar a saída do Reino Unido da União Europeia, Gadheim, de 89 habitantes, será o centro geográfico do bloco. A vila é tão pequena, que nem prefeito tem.
Bem-vindo a Gadheim, o futuro centro da UE
As poucas casas de Gadheim estão localizadas nas colinas de uma região vitivinícola da Baviera, agrupadas ao longo de uma estrada que serpenteia campos dominados por turbinas eólicas.
Típica vila bávara
Os habitantes de Gadheim estão orgulhosos de que suas casas, vinhas, campos infinitos e o sinuoso rio Meno estejam no foco das atenções.
Foto: Getty Images/AFP/D. Roland
Gadheim, centro da Europa?
"A maioria aqui ouviu a notícia no rádio", disse Jürgen Götz, prefeito de Veitshöchheim, que fica nas proximidades. A vila de Gadheim é muito pequena e por isso não tem prefeito. "Inicialmente pensamos tratar-se de uma piada", disse Götz. Na foto, Götz com a bandeira da União Europeia e com a agricultora Karin Kessler, que custa a acreditar que sua localidade ficou famosa da noite para o dia.
Foto: picture-alliance/dpa/D. Karmann
Um campo é o centro geográfico da UE
Inicialmente ela pensou que a localização exata atingiria o terreno do vizinho, mas o filho dela enviou-lhe uma mensagem com o mapa e as coordenadas exatas: o novo centro geográfico da UE será no meio de um campo de colza dela. "O fato de que isso só esteja acontecendo por causa desse Brexit eu considero uma vergonha", disse ela.
Foto: picture alliance/dpa/D. Karmann
Outra localidade lamenta
Já Westerngrund, a cerca de 60 quilômetros a noroeste de Gadheim, perderá o título de centro da UE, adquirido em 2013 quando a Croácia ingressou no bloco. Escolares da vila verificaram que cerca de 6 mil pessoas de 93 países assinaram o livro de visitantes guardado no local exato onde é o centro geográfico até o momento.
Foto: picture-alliance/dpa/N. Armer
Turistas não tão entusiasmados
Várias bandeiras alemãs e da União Europeia marcam o local que ainda é o centro da UE. "Nós contávamos com ônibus chineses nos visitando todas as semanas. Na realidade, isso não aconteceu", disse Christoph Biebrich, o padeiro de Westerngrund, que criou pães em forma de anel com um buraco, que representa o umbigo da UE, cercado de estrelas.
Foto: picture-alliance/ dpa/R. Hettler
Até a próxima mudança na União Europeia
Fica o conselho do padeiro Biebrich para o povo de Gadheim: "Não se apeguem ao seu lugar ao sol. Isso logo vai mudar". Tanto os moradores de Westerngrund quanto os de Gadheim esperam que a próxima vez que o centro da UE se mover seja por causa de um novo membro, e não por causa de uma saída.