Ministros do Exterior europeus visitam novo líder da Síria
3 de janeiro de 2025
A UE apoia uma transição pacífica e inclusiva na Síria, afirmaram chefes da diplomacia de Alemanha e França em visita a Damasco, onde se reuniram com o novo governante do país, Ahmed al-Sharaa.
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A União Europeia apoia uma transição pacífica e inclusiva na Síria, afirmaram os ministros do Exterior da Alemanha e da França nesta sexta-feira (03/01), em uma visita a Damasco para se reunir com o novo líder do país, Ahmed al-Sharaa, cujo nome de guerra é Abu Mohammed al-Jolani.
A ministra das Relações Exteriores da Alemanha, Annalena Baerbock, e seu colega francês, Jean-Noel Barrot, foram à capital síria para conversações em nome da UE, na visita de mais alto nível das principais potências ocidentais desde a queda de Bashar al-Assad.
Imagens da AFPTV mostraram os dois ministros sentados com Sharaa para conversas no palácio presidencial.
Visita a "matadouro" de Assad
Mais cedo, os dois visitaram a notória prisão de Sednaya, não muito longe da capital. O lugar foi apelidado de "matadouro humano" pela Anistia Internacional.
Barrot e Baerbock foram acompanhados por socorristas dos Capacetes Brancos enquanto visitavam as celas e masmorras subterrâneas de Sednaya, o epítome das atrocidades cometidas durante o governo de Assad.
Voluntários fundaram os Capacetes Brancos em 2013, após o início da guerra civil. Eles ajudaram a resgatar vítimas após ataques aéreos, mas também foram mobilizados após os devastadores terremotos na Síria e na Turquia em 2023.
A prisão era local de execuções extrajudiciais, torturas e desaparecimentos forçados. Uma ONG disse que mais de 4 mil pessoas foram libertadas das instalações quando as forças rebeldes tomaram Damasco em 8 de dezembro.
"Você simplesmente não consegue imaginar o horror de alguns lugares", disse Baerbock. "Mas as pessoas passaram por um inferno aqui perto da capital síria, Damasco. Elas foram mortas usando métodos que são inimagináveis em um mundo civilizado."
Sharaa, chefe do grupo islamista Organização para a Libertação do Levante (Hayat Tahrir al-Sham, ou HTS), liderou a ofensiva que derrubou Assad e o obrigou a fugir para Moscou.
As autoridades interinas, dominadas pelo HTS, agora enfrentam a difícil tarefa de reconstruir as instituições do Estado, com crescentes apelos para assegurar uma transição inclusiva e garantir os direitos das minorias.
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Síria "soberana, estável e pacífica"
Barrot, em Damasco, expressou a esperança de uma Síria "soberana, estável e pacífica". Ele disse que também há uma "esperança de que as aspirações de todos os sírios possam ser realizadas", acrescentando: "Mas é uma esperança frágil".
Baerbock disse que a Alemanha quer ajudar a Síria a se tornar um "lar seguro" para todo o seu povo e um "Estado funcional, com controle total sobre seu território".
Ela afirmou que a visita é um "sinal claro" para Damasco da possibilidade de um novo relacionamento entre a Síria e a Alemanha, e a Europa de forma mais ampla.
Apesar do "ceticismo" em relação ao HTS – que tem suas raízes no ramo sírio da Al Qaeda e é considerado uma organização terrorista por vários governos – Baerbock disse que "não podemos perder a oportunidade de apoiar o povo sírio nessa importante encruzilhada".
Berlim, segundo ela, está pronta para apoiar "uma transferência de poder inclusiva e pacífica", assim como a "reconciliação" social, disse Baerbock.
Ela também pediu ao novo regime que evite "atos de vingança contra grupos da população", assim como longos atrasos antes das eleições e quaisquer tentativas de "islamização" dos sistemas judiciário e educacional.
md (AFP, DPA)
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