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Crítica internacional

28 de dezembro de 2011

Enquanto o chefe dos observadores da Liga Árabe na Síria se diz otimista, entidades de defesa dos direitos humanos e governo francês fazem críticas severas à missão. EUA e ex-aliado Rússia exprimem preocupação.

Manifestante queima foto de presidente AssadFoto: dapd

Os analistas na Liga Árabe se mostraram otimistas em relação ao início da missão de seus observadores na Síria, enquanto organizações de defesa de direitos humanos e a França expressaram severas críticas, denunciando tentativas de Damasco de ludibriar os observadores, e ressaltaram que o regime não parou com a violência.

O Ministério francês do Exterior se disse decepcionado com o trabalho da missão de paz . A equipe enviada pela Liga Árabe não conseguiu impedir a repressão sangrenta à oposição, que continua em Homs, reduto das revoltas visitado pelos observadores.

Segundo Paris, na curta passagem dos observadores por Homs, não foi possível ter uma ideia da real situação na cidade, palco de combates há semanas. "Os observadores da Liga Árabe devem retornar à cidade dos mártires sem demora e, em seguida, tomar os contatos necessários com a população", disse o comunicado francês. O Ministério do Exterior em Paris afirmou que a comunidade internacional estará alerta ante as possíveis tentativas de manipulação por parte do regime sírio.

"Nada de assustador"

Integrantes da missão da Liga Árabe visitaram na quarta-feira o distrito de Baba Amr, em Homs. Os moradores do bairro inicialmente se recusaram a encontrar a delegação, devido à presença de um militar de alta patente fiel ao governo. Mas quando os observadores retornaram ao bairro sem o oficial, eles conversaram com a população local, segundo informações da oposição.

O chefe da comitiva de observadores da Liga Árabe na Síria, o general sudanês Mohammed Ahmed Mustafa al Dabi, se disse "otimista" quanto à missão, que tem como objetivo acabar com a violência no país. "Até agora, as autoridades sírias foram cooperativas, mas não daremos detalhes sobre nosso relatório para a imprensa", disse em entrevista ao jornal Al Hayat, publicado em Londres. "Alguns lugares estão um pouco confusos, mas não há nada de assustador”, afirmou em entrevista à agência Reuters o general sudanês, referindo-se à visita a Homs.

Tentativas de ludibriar observadores

Chefe da missão árabe, Mohammed al DabiFoto: picture-alliance/dpa

A organização de defesa dos direitos humanos Human Rights Watch (HRW) acusou o regime sírio de enganar os observadores. "É possível que as autoridades sírias tenham transferido centenas de detidos para prisões militares, a fim de escondê-los dos observadores da Liga Árabe", afirmou a entidade em comunicado.

Um funcionário dos serviços de segurança sírios disseram à HRW que entre 400 e 600 soldados foram transferidos para prisões militares. Aparentemente, depois da entrada dos observadores árabes ao país, o funcionário foi obrigado a fazer uma transferência irregular de "prisioneiros importantes".

A HRW também denunciou que os soldados sírios estão sendo vestidos com uniformes de polícia. "Vestir militares com uniformes de policial é descumprir as demandas da Liga Árabe de que se retirem os militares das ruas", comentou a representante da entidade para o Oriente Médio, Sarah Leha Whitson. A HRW afirma estar em posse de documentos mostrando a transferência de pessoal do Ministério da Defesa para o do Interior.

Apelos de EUA e Rússia

Os EUA e a Rússia, antiga aliada da Síria, também pediram que o regime Assad não dificulte o trabalho dos observadores. O ministro russo do Exterior, Serguei Lavrov, afirmou que a delegação deve se mover livremente. E os Estados Unidos ameaçaram na terça-feira empregar “novos meios”, caso a violência em Homs não cesse.

O governo sírio anunciou a libertação de 755 presos políticos que "não tinham sangue nas mãos", segundo a agência estatal de notícias Sana. O bloqueio à imprensa independente dificulta, entretanto, a comprovação de tais informações.

A iniciativa da Liga Árabe também prevê que jornalistas sejam autorizados a viajar no país sem obstáculos, o quanto antes. Até o final de dezembro, o número de observadores da missão árabe deve também passar dos atuais 50 para 150. Até o final de janeiro, eles devem monitorar a retirada do Exército das cidades e a libertação de prisioneiros políticos. Segundo estimativas da ONU, mais de 5 mil pessoas foram mortas desde março nas revoltas contra o regime Assad.

Ferhad Ahma: político verde foi espancado em BerlimFoto: DW

Em Berlim, o político verde Ferhad Ahma foi atacado em casa na madrugada de domingo para segunda-feira. Alguns homens invadiram seu apartamento e o espancaram a golpes de cassetete. Ahma é membro de um conselho de transição da oposição síria. Os verdes suspeitam que o serviço secreto sírio esteja por trás do ataque. Por causa do incidente, o embaixador do país foi convocado pelo Ministério alemão do Exterior a prestar esclarecimentos.

MD/dpa/rtr
Revisão: Augusto Valente

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