Missão da OEA descarta irregularidades nas urnas eletrônicas
9 de outubro de 2018
Especialistas da Organização dos Estados Americanos, que monitoraram a eleição no Brasil, ressaltam confiabilidade do sistema eleitoral e apontam notícias falsas como principal desafio no segundo turno.
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A missão de observação eleitoral da Organização dos Estados Americanos (OEA) descartou nesta segunda-feira (08/10) indícios de irregularidades nas urnas eletrônicas e afirmou que o sistema eleitoral no país é confiável. O grupo visitou mais de 390 seções eleitorais e acompanhou o processo em 12 estados e no Distrito Federal.
"Não encontramos nas mesas que observamos, e foi uma amostra ampla, e, nas reuniões que tivemos com atores-chave, nenhum dado verificável que possa supor erros numa escala que possa ter alterado o resultado eleitoral", avaliou a chefe da missão, Laura Chinchilla, ex-presidente da Costa Rica.
Entre os problemas apontados pelo grupo num relatório preliminar estavam filas em 55% das seções e atrasos causados pelo sistema de biometria. Chinchilla afirmou que tomou conhecimento de denúncias sobre irregularidades, mas os eventuais problemas não interfeririam na legitimidade da votação.
A confiabilidade das urnas eletrônicas foi questionada pelo candidato Jair Bolsonaro (PSL), que obteve 46% dos votos e vai disputar o segundo turno com Fernando Haddad (PT), e por seus apoiadores.
Segundo o diretor de Cooperação e Observação Eleitoral da OEA, Gerardo de Icaza, especialistas em análise de sistemas de informática de votações, que acompanham o tema das urnas eletrônicas desde o início do ano, não registraram nenhum problema.
Os observadores expressaram ainda preocupação com a divulgação de notícias falsas. Chinchilla afirmou que essa propagação é um dos maiores desafios nas eleições e destacou que as fake news são uma tentativa de "desacreditar instituições e questionar resultados".
"É por Whatsapp por onde está saindo a maior quantidade de informações, e é aí também onde estão chegando os temas de fake news", acrescentou a chefe da missão.
O grupo pediu ainda aos candidatos do segundo turno moderação e responsabilidade para reduzir a polarização. "Visando o segundo turno presidencial, a missão faz um chamado aos adversários para que centrem suas campanhas em fazer propostas à sociedade ao invés de desqualificar ou estigmatizar opositores", aponta o relatório.
Essa foi a primeira vez que uma missão da OEA acompanhou as eleições no Brasil. O grupo é composto por 41 observadores que permanecerão no país até o segundo turno, que será realizado em 28 de outubro.
CN/efe/abr/ots
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1989: a primeira eleição direta da redemocratização
Os brasileiros voltaram a escolher diretamente um presidente depois de 27 anos. Um total de 22 candidatos se apresentou – até hoje um recorde. O pleito foi marcado por debates na TV e acusações de manipulação jornalística. Fernando Collor, filiado a um partido nanico, largou na frente ao se apresentar como “caçador de marajás”. No final, Collor derrotou o líder sindical Lula (PT) no 2° turno.
Foto: Radiobras/Roosewelt Pinheiro
1994: o início da era tucana
No início de 94, o pleito tinha um favorito: Lula. No entanto, alguns meses antes da eleição foi lançado o Plano Real, bem-sucedido em conter a inflação. A popularidade de Fernando Henrique Cardoso (PSDB), um dos autores do plano, disparou. Lula, que havia criticado o real, afundou nas pesquisas. FHC acabou vencendo a eleição ainda no 1° turno. Era o início de oito anos de hegemonia do PSDB.
Foto: Acervo FHC
1998: a reeleição entra em cena
Em 1997, foi aprovada a emenda da reeleição– com denúncias de compra de votos –, abrindo caminho para FHC disputar mais um mandato. Mais uma vez seu adversário foi Lula, que indicou Leonel Brizola, seu antigo rival na esquerda, como vice. Durante a campanha, o governo omitiu que o real estava sobrevalorizado. FHC foi eleito no 1° turno. Depois da posse, o real sofreu uma desvalorização recorde.
Foto: Acervo FHC/Secretaria de Imprensa
2002: o início da hegemonia petista
Lula chegou à eleição com uma nova imagem: se comprometeu a apoiar o plano real, nomeou um empresário como vice e recorreu a marqueteiros. A estratégia para acalmar o mercado deu certo. Ciro Gomes chegou a despontar em segundo lugar, mas afundou após uma série de declarações que repercutiram mal. No final, Lula derrotou o candidato do governo FHC, José Serra, no segundo turno, com 61% dos votos.
Foto: Agência Brasil/M. Casal Jr.
2006: escândalos não impedem reeleição de Lula
Lula se candidatou novamente após a eclosão do escândalo do Mensalão. Parecia destinado a vencer no 1° turno, mas a prisão de assessores do PT na reta final abalou sua campanha. No 2° turno, os petistas contra-atacaram. Rotularam o tucano Geraldo Alckmin de privatista e de ser contra o Bolsa Família. Alckmin acabou recebendo menos votos no 2° turno do que na primeira rodada, e Lula foi reeleito.
Foto: Instituto Lula/R. Stuckert
2010: a primeira presidente mulher
Com alto índice de popularidade, Lula apresentou Dilma Rousseff como candidata à sucessão. Os tucanos voltaram a lançar José Serra, e a ex-ministra Marina Silva disputou pela primeira vez. A campanha de Serra tentou encurralar Dilma ao acusá-la de ser favorável ao aborto. No final, pesou a popularidade de Lula, e a petista ganhou no 2° turno, se tornando a primeira mulher a chegar à Presidência.
Foto: Agência Brasil/W. Dias
2014: a campanha mais cara e acirrada
Nova polarização entre PSDB e PT: Dilma disputou um novo mandato com Aécio Neves. Após a morte de Eduardo Campos (PSB), Marina Silva entrou na corrida, mas desabou nas pesquisas após ataques do PT. Dilma foi reeleita com apenas 3,28 pontos percentuais a mais que Aécio no 2° turno. A petista e o tucano gastaram R$ 570 milhões - com muitas doações de empresas acusadas de corrupção na Lava Jato.
Foto: Reuters/R. Moraes
2018: polarização entre PT e Bolsonaro
Após uma campanha que acirrou ânimos e dividiu o país, Jair Bolsonaro (PSL) foi eleito com 55,13% dos votos, contra 44,87% de Fernando Haddad (PT). A vitória do ex-capitão defensor do regime militar marcou a volta da extrema direita brasileira ao poder e representou um fracasso para o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que nesse pleito estava preso por corrupção e impedido de se candidatar.
Foto: Reuters/P. Whitaker/N. Doce
2022: inédita disputa entre presidente e ex-presidente
Os candidatos mais bem posicionados nas pesquisas são o presidente Jair Bolsonaro (PL), que disputa reeleição, e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que recuperou os direitos políticos. Bolsonaro ampliou benefícios sociais às vésperas da campanha e vem questionando o sistema eleitoral. Já Lula busca aliança ampla contra extrema direita e capitalizar sua experiência anterior no governo.